O ensino da independência do Brasil na perspectiva de grupos subalternizados: uma experiência com jovens de classe média

Abstract

O presente trabalho se propõe a refletir sobre a prática do Ensino de História, utilizando a obra de Ana Zavala como inspiração e principal referencial teórico, em que o professor atua como sujeito teorizador da sua prática.Assim, ao observar e analisar seu planejamento e sua atuação em sala de aula, o docente torna-se capaz de teorizar sobre os saberes que produz, dando-os novos significados. O percurso investigativo foi desenvolvido com estudantes do segundo ano do Ensino Médio de uma escola particular de Porto Alegre, e busca responder a seguinte pergunta: que História ensinar para jovens de classe média? Esta pesquisa tem por objetivos: compreender o conceito de juventude na ótica da diversidade; ampliar a abordagem dos conteúdos da Independência do Brasil (1822); refletir sobre a prática docente analisando planejamento, cenas de aulas de História, expectativas do professor e produções dos estudantes; mapear estudos sobre o campo do Ensino de História e as juventudes. Para isto traz a categoria das juventudes e o conceito de classe média como principais ferramentas de análise das cenas de sala de aula, discutindo como as aulas de História contribuem para problematizar narrativas sobre a Independência do Brasil sob a perspectiva de grupos silenciados na tradição curricular.Conceituou-se juventudes a partir de obras como as de Juarez Dayrell, Paulo Cesar Carrano e José Machado Pais, e classe média a partir das obras Pierre Bourdieu, Jessé de Souza e Maria Alice Nogueira. A proposta de trabalho envolve a construção de um conjunto de aulas e atividades didáticas para estudantes do Ensino Médio enfatizando o protagonismo dos estudantes no processo de elaboração de narrativas. Esta dissertação possui como dimensão propositiva a análise de todo o percurso estabelecido para resolução da pergunta de pesquisa,assim como as análises das cenas de sala de aula e os materiais produzidos pelo professor e pelos estudantes.

The present work proposes to reflect on the practice of the Teaching of History, using Ana Zavala's work as inspiration and main theoretical reference, in which she acts as a theorizing subject of her practice. Thus, by observing and analyzing his planning and his performance in the classroom, the teacher becomes capable of theorizing about the knowledge he produces, giving it new meanings. The investigative path was developed with students in their second year of high school in a private school in Porto Alegre, and seeks to answer the following question: what History to teach to middle-class youngsters? This research has as objectives: to understand the concept of youth from the standpoint of diversity; to broaden the approach to the contents of Brazilian Independence (1822); to reflect on the teaching practice by analyzing planning, scenes of History classes, teacher expectations, and student productions; to map studies on the field of the Teaching of History and youth. To this end, it brings the category of youth and the concept of middle class as main tools for analysis of classroom scenes, discussing how the History classes contribute to problematize narratives about the Independence of Brazil from the perspective of silenced groups in the curricular tradition. The concept of youth was based on works by Juarez Dayrell, Paulo Cesar Carrano, and José Machado Pais, and the concept of middle class was based on works by Pierre Bourdieu, Jessé de Souza, and Maria Alice Nogueira. The work proposal involves the construction of a set of classes and didactic activities for high school students emphasizing the students' protagonism in the process of elaboration of narratives. This dissertation has as its propositional dimension the analysis of the whole path established to solve the research question, as well as the analyses of the classroom scenes and the materials produced by the teacher and by the students.