Reconstituição da força de trabalho para a reestruturação produtiva : tecnologia, qualificação e conhecimentos tácitos dos trabalhadores
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Data
2002Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Através da presente pesquisa investiguei os cursos supletivos que as empresas têm organizado na última década, individualmente ou em parceria com instituições de ensino, no sentido de adequar a formação de sua força de trabalho às novas necessidades do processo de produção advindas da reestruturação produtiva. A questão que me propus investigar foi a forma como atuam as práticas de ensino supletivo desenvolvidas pelas empresas para reconstituir a formação da força de trabalho para a reestrutura ...
Através da presente pesquisa investiguei os cursos supletivos que as empresas têm organizado na última década, individualmente ou em parceria com instituições de ensino, no sentido de adequar a formação de sua força de trabalho às novas necessidades do processo de produção advindas da reestruturação produtiva. A questão que me propus investigar foi a forma como atuam as práticas de ensino supletivo desenvolvidas pelas empresas para reconstituir a formação da força de trabalho para a reestruturação produtiva. Minha hipótese é que os cursos supletivos estruturados pelas empresas objetivam habilitar os trabalhadores a explicitar e difundir seus conhecimentos na produção, constituindo um compromisso permanente das capacidades intelectuais da classe trabalhadora com a mesma. Esse objetivo é atingido através das interações construídas entre os trabalhadores nas práticas educativas, que visam superar a formação fordista dos mesmos, habilitando-os a realizar trocas entre conhecimentos tácitos e formais. Para realizar a pesquisa, tomei como base 6 projetos desenvolvidos individualmente ou em parceria, sendo que 10 empresas foram investigadas mais diretamente, através de entrevistas com seus principais grupos sociais, observações das aulas e de questionários aplicados com 120 trabalhadores. Os projetos situam-se em diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul. Na parte inicial do trabalho, procuro apresentar as características gerais da produção no paradigma fordista, dando especial atenção ao processo de trabalho executado pela classe trabalhadora e às necessidades de formação daí decorrentes, cujo aspecto central estava ligado às habilidades manuais dos trabalhadores. A seguir, examino a passagem do fordismo para a reestruturação produtiva, novamente dando especial atenção às mudanças no processo de trabalho e à formação exigida à força de trabalho. Nesse ponto, enfoco a implementação das novas tecnologias organizacionais e informatizadas, que fazem com que a produção e a difusão permanente de informações passem a ser o aspecto central do processo produtivo, incidindo na necessidade de reconstituição da força de trabalho, que hoje se expressa na discussão das novas qualificações e das competências. Na análise dos dados, primeiro procedo a uma explanação dos aspectos gerais das práticas investigadas. Depois, exponho a forma como nelas são estruturados os cursos supletivos para realizar a reconstituição da força de trabalho. Posteriomiente, apresento o que entendo ser duas contradições subjacentes à reconstituição da força de trabalho efetivada pelos cursos supletivos, do ponto de vista do capital e dos trabalhadores. Para o capital, a contradição está em que, ao mesmo tempo em que almeja recuperar para a produção as capacidades intelectuais dos trabalhadores, precisa manter o controle sobre as mesmas, para os desígnios da produtividade. No que diz respeito à prática dos trabalhadores, a reconstituição de sua capacidade de trabalho através dos cursos supletivos apresentará, se um lado, possibilidades de maior qualificação, de exercício da criatividade, de oportunidades de relacionamento com os colegas e de maior segurança em relação ao emprego e, de outro, a crescente pressão por produtividade e o aumento da desvalorização de sua força de trabalho. ...
Abstract
Through the present research l investigate the supletive courses that companies have been organizing in the last decade, individually or in partnership with teaching institutions with the purpose of suiting the formation of it's working personnel to the new needs of the production process, which came from productive reestruturation. The question l decided to investigate was the way the supletive teaching developed by companies act to rebuild the formation of working personnel for the productive ...
Through the present research l investigate the supletive courses that companies have been organizing in the last decade, individually or in partnership with teaching institutions with the purpose of suiting the formation of it's working personnel to the new needs of the production process, which came from productive reestruturation. The question l decided to investigate was the way the supletive teaching developed by companies act to rebuild the formation of working personnel for the productive reestruturation. My supposition is that the supletive courses reestrutured by the companies have as a goal to make possible for workers to show and to spread their knowledge in production, constituting a permanent commitment of the intelectual capacities of the working class to itself. Such a goal is achieved through of the interactions built between the workers in educative practics, which intend to overcome the fordist formation of themselves, making possible for them to exchange tacit and formal knowledge. To perform the research, l used as a basis 6 projects developed individually or in partnership, 10 companies were investigated more directly, through interviews with the main social groups within themselves, and through observation of the classes and questionnaires conducted with 120 workers. The projects are located in different areas of Rio Grande do Sul. In the beggining of this project, l intend to present the generical characteristics of the production in the fordist paradigm, reserving special attention to working process executed by the working class and to the needs of formation which happen because of it. Following, l examinate the passage of fordism to the productive reestruturation, again reserving special attention to the changes in the working process and the formation demanded for the working personnel. At this point l focus on the implementation the new informatized organizational technologies, which makes both the production and the permanent difusion of informations become the central aspect of the productive process, resulting on the need to reconstitute the working personnel, which today express itself in the discussion of the new qualifications and competentes. In analyzing data, first l proceed to an explanation of the common aspects of the investigated pratics. After, l expose how the supletive courses are strctured in them in them order to reconstitute the working personnel. Ater, l present what l understand to be two sujascent contradictions to the reconstitution of the working personnel done by the supletive courses, from the point of view of the capital and the workers. To the capital, the contradiction is that, at the same time that it intends restore to the production the intelectual capacities of the workers, have to maintain control over the same, for productivity desings. Conceming the worker's practic, the reconstitution of their working capacity through supletive courses will show, in one side, possibilities of better qualification, of creativity exercise, of relationship oportunities with peers and better safety in relation to their job and, at the other side, the always growing pressure for productivity and the raise of disvalorization of their working personnel. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação.
Coleções
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