Ambiente alimentar comunitário do Rio Grande do Sul : tendência temporal e associação com características sociodemográficas
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Data
2025Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Nas últimas décadas ocorreram mudanças no ambiente alimentar, na oferta de alimentos e, por consequência, no consumo alimentar, marcado por um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados. Estudar as mudanças no ambiente alimentar comunitário ao longo dos anos se faz importante para monitorar a disponibilidade de alimentos saudáveis e de alimentos ultraprocessados. Assim como as disparidades na disponibilidade de alimentos em diferentes estratos socioeconômicos e seus possíveis desfechos em ...
Nas últimas décadas ocorreram mudanças no ambiente alimentar, na oferta de alimentos e, por consequência, no consumo alimentar, marcado por um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados. Estudar as mudanças no ambiente alimentar comunitário ao longo dos anos se faz importante para monitorar a disponibilidade de alimentos saudáveis e de alimentos ultraprocessados. Assim como as disparidades na disponibilidade de alimentos em diferentes estratos socioeconômicos e seus possíveis desfechos em saúde. O presente trabalho visa caracterizar o ambiente alimentar comunitário ao longo dos anos de 2010 e 2022 no Rio Grande do Sul (RS) e avaliar a associação com características demográficas e socioeconômicas dos municípios. Trata-se de um estudo ecológico, com dados secundários públicos, cujas unidades de análise foram os municípios do RS (n=496 em 2010; n=497 em 2022). Dados do varejo de alimentos foram extraídos da base de dados da RAIS, a partir dos estabelecimentos alimentares classificados pelo CNAE. Os estabelecimentos foram classificados de acordo com a metodologia Locais-Nova, a partir da venda predominante, baseada no grau de processamento dos alimentos. As variáveis demográficas e socioeconômicas analisadas foram obtidas dos Censos Demográficos de 2010 e 2022 e os dados do IDHM em 2010, obtidos pela PNUD. Os dados foram analisados utilizando o software Stata versão 14.0. As variáveis contínuas foram descritas por mediana, mínimo e máximo, média e desvio-padrão, enquanto as variáveis categóricas foram descritas em frequências absolutas e relativas. Foram empregados os testes de Wilcoxon, Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis para comparar o número e densidade dos estabelecimentos de venda de alimentos entre os anos e em relação às características demográficas e socioeconômicas. A regressão de Prais-Wisten foi utilizada para avaliar a tendência temporal no varejo de alimentos do RS de 2010 a 2022, com estratificação para as variáveis sociodemográficas e a regressão linear simples para avaliar a mudança no varejo de alimentos do estado antes e após a pandemia de COVID19. Para todas análises foi considerado nível de significância de 5%. Os mapas foram elaborados com software Qgis versão 34.9. Observou-se uma redução significativa na densidade de estabelecimentos em todo varejo de alimentos (Coef.: -2,97; IC95%: -3,34; -2,61; p<0,001). A maior redução ocorreu nos estabelecimentos fonte de alimentos ultraprocessados (Coef.: -3,34; IC95%: -3,65; -3,02; p<0,001), que, apesar da queda, seguiu sendo o mais presente (representando 59% do total de estabelecimentos), além disso, foi o único grupo com estabelecimentos que não apresentaram redução (comércio de alimentos preparados para consumo, lojas de conveniencia e padarias). Em 2022, sua densidade (mediana: 24,5; min/máx: 4,4-124,8) era o dobro da densidade de estabelecimentos fonte de alimentos in natura/minimamente processados e ingredientes culinários (mediana: 13,1; min/máx: 0,0-95,8). Municípios com 100mil habitantes ou mais (Coef.: -2,97; IC95%: -3,34; -2,61; p<0,001)), IDHM alto/muito alto (Coef.: -3,78; IC95%: -4,23; -3,33; p<0,001), menor taxa de analfabetismo (Coef.: -3,77; IC95%: -4,21; -3,32; p<0,001) e maior percentual de minorias étnico-raciais (Coef.: -3,89; IC95%: -4,24; -3,54; p<0,001) apresentaram menores reduções na densidade total de estabelecimentos em comparação às outras categorias. O que mostra que a a retração do varejo alimentar afetou de maneira desproporcional os municípios mais vulneráveis, impactando negativamente na disponibilidade aos alimentos. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam maior equidade no ambiente alimentar. ...
Abstract
In recent decades, changes in the food environment, food supply, and, consequently, food consumption patterns have been observed, marked by an increase in the intake of ultra-processed foods. Studying changes in the community food environment over time is essential for monitoring the availability of both healthy and ultra-processed foods, as well as for assessing disparities in food availability across different socioeconomic strata and their potential health outcomes. This study aimed to chara ...
In recent decades, changes in the food environment, food supply, and, consequently, food consumption patterns have been observed, marked by an increase in the intake of ultra-processed foods. Studying changes in the community food environment over time is essential for monitoring the availability of both healthy and ultra-processed foods, as well as for assessing disparities in food availability across different socioeconomic strata and their potential health outcomes. This study aimed to characterize the community food environment in Rio Grande do Sul (RS) during 2010 and 2022 and to evaluate its association with the demographic and socioeconomic characteristics of the municipalities. It is an ecological study that utilized publicly available secondary data, with the municipalities of RS serving as the units of analysis (n=496 in 2010; n=497 in 2022). Food retail data were extracted from the RAIS database, based on food establishments classified according to the CNAE. The establishments were categorized using the Locais-Nova methodology, which classifies them based on the predominant sales determined by the degree of food processing. Demographic and socioeconomic variables were obtained from the 2010 and 2022 censuses, and the 2010 municipal Human Development Index data were sourced from the UNDP. Data analysis was performed using Stata version 14.0. Continuous variables were described using medians, minimum and maximum values, means, and standard deviations, while categorical variables were presented in absolute and relative frequencies. The Wilcoxon, Mann-Whitney, or Kruskal-Wallis tests were employed to compare the number and density of food retail establishments across the years and according to demographic and socioeconomic characteristics. The Prais-Winsten regression was used to evaluate temporal trends in RS’s food retail from 2010 to 2022, stratified by sociodemographic variables, and simple linear regression was applied to assess changes in the state’s food retail before and after the COVID-19 pandemic. A significance level of 5% was adopted for all analyses, and maps were generated using QGIS version 34.9. A significant reduction in the density of establishments was observed across all food retail sectors (Coef.: -2.97; 95% CI: -3.34 to -2.61; p<0.001). The greatest reduction occurred in establishments supplying ultra-processed foods (Coef.: -3.34; 95% CI: -3.65 to -3.02; p<0.001), which, despite the decline, remained the most prevalent (representing 59% of all establishments), e ; moreover, it was the only group in which some establishments (those selling prepared foods, convenience stores, and bakeries) did not show a reduction. In 2022, the density of ultra-processed food establishments (median: 24.5; min/max: 4.4–124.8) was double that of establishments supplying fresh or minimally processed foods and culinary ingredients (median: 13.1; min/max: 0.0–95.8). Municipalities with 100,000 inhabitants or more (Coef.: -2.97; 95% CI: -3.34 to -2.61; p<0.001), high/very high HDI (Coef.: -3.78; 95% CI: -4.23 to -3.33; p<0.001), lower illiteracy rates (Coef.: -3.77; 95% CI: -4.21 to -3.32; p<0.001), and a higher percentage of ethnic-racial minorities (Coef.: -3.89; 95% CI: -4.24 to -3.54; p<0.001) exhibited smaller reductions in the total density of establishments compared to other categories. These findings indicate that the contraction of food retail has disproportionately affected the most vulnerable municipalities, negatively impacting the availability of foods. They underscore the need for public policies that promote greater equity in the food environment. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde.
Coleções
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Ciências da Saúde (9362)
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