Inovação social transformadora como estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura familiar na Região Oeste de Santa Catarina

Abstract

Frente aos desafios socioambientais que atingem a sociedade com impactos cada vez mais devastadores, iniciativas embasadas em uma visão holística, que consideram aspectos para além dos econômicos, tem conquistado cada vez mais espaço. Nesse sentido, emerge a inovação social como alternativa que busca promover o empoderamento, capacitando indivíduos para atuarem ativamente em transformações sociais em prol do desenvolvimento sustentável. Frente a esse contexto, a presente tese investiga os campos da inovação social e do desenvolvimento sustentável no contexto da agricultura familiar, guiada pela seguinte questão e pesquisa: “Como iniciativas de inovação social, voltadas à agricultura familiar, contribuem para o desenvolvimento sustentável e promovem o (des) empoderamento dos atores envolvidos?”. O objetivo central, consiste em identificar como a inovação social transformadora pode promover o desenvolvimento sustentável e o (des) empoderamento dos atores da agricultura familiar da Região Oeste de Santa Catarina. Para tanto, foi adotada uma abordagem qualitativa, realizadas pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas semiestruturadas. A lente teórica adotada foi a Teoria da Inovação Social Transformadora (IST). Inspirada na metodologia do Observatório de Inovação Social de Florianópolis (OBISF) para mapeamento de Ecossistemas de Inovação Social (EIS), adota uma perspectiva multinível. O estudo, dividido em quatro etapas, contempla: i) a descrição do contexto, ii) identificação dos principais desafios e potencialidades para a agricultura familiar da região, ii) mapeamento dos atores, redes e iniciativas de inovação social que compõe o EIS e, iv) estudo de campo em uma iniciativa de inovação social, voltada à produção orgânica e agroecológica (iv). O estudo, dividido em quatro etapas, contempla: i) a descrição do contexto, ii) identificação dos principais desafios e potencialidades para a agricultura familiar da região, ii) mapeamento dos atores, redes e iniciativas de inovação social que compõe o EIS e, iv) estudo de campo em uma iniciativa de inovação social, voltada à produção orgânica e agroecológica (iv). Os resultados estão de acordo com o pressuposto inicial de que a inovação social, especialmente em sua perspectiva transformadora, pode servir como estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura familiar, contribuindo com o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e para o empoderamento. Os principais desafios apontados incluem questões inerentes à agricultura familiar e sua relação com as entidades representativas, relações com o poder público e relações com o agronegócio. As potencialidades englobam aspectos ligados à produção, mercados, pluriatividade e cooperação. Foram identificados e categorizados 45 atores de apoio, que assumem diferentes papeis e podem fomentar ou restringir as inovações sociais. Além disso, foram mapeadas 31 iniciativas de inovação social ligadas ao turismo rural, saúde, agroflorestas e fortalecimento dos mercados, por meio de circuitos curtos de comercialização. A atuação de redes, associações, cooperativas e movimentos sociais têm contribuído para o empoderamento dos atores, porém observa-se a necessidade de maior engajamento do poder público. Problemas de comunicação, divergências nas narrativas de mudança e a falta de unidade nas demandas foram considerados fatores de (des) empoderamento. Os achados desse estudo apresentam contribuições significativas para o campo científico, destaca-se o avanço na discussão sobre inovação social na perspectiva transformadora e a utilização da Teoria IST, preenchendo uma laguna em estudos nacionais ainda incipientes. Da mesma forma, a inovação social no rural merece atenção, já que as pesquisas têm se concentrado no contexto urbano. As principais contribuições práticas contemplam o mapeamento do EIS, que permite uma visão abrangente acerca do contexto, das dinâmicas e relações existentes, o que podem ser útil para apoiar a formulação de políticas e elaboração de estratégias sustentáveis. Além disso, conhecer os atores e os papéis que assumem pode contribuir para aprimorar as relações existentes e fortalecer a cooperação.

Faced with the socio-environmental challenges that are affecting society with increasingly devastating impacts, initiatives based on a holistic vision that consider aspects beyond the economic have been gaining more ground. In this context, social innovation is emerging as an alternative that seeks to promote empowerment, enabling individuals to actively participate in social transformations for sustainable development. This thesis investigates the fields of social innovation and sustainable development in the context of family farming, guided by the following research question: "How do social innovation initiatives aimed at family farming contribute to sustainable development and promote (dis)empowerment of the actors involved?". The main objective is to identify how transformative social innovation can promote sustainable development and the (dis)empowerment of family farming in the Western Region of Santa Catarina. To this end, a qualitative approach was adopted, with bibliographic and documentary research as semi-structured interviews. The theoretical lens adopted was the Theory of Transformative Social Innovation (TSI). Inspired by the methodology of the Social Innovation Observatory of Florianópolis (OBISF) for mapping Social Innovation Ecosystems (SIEs), it adopts a multi-level perspective. The study, divided into four stages, includes: i) a description of the context, ii) identification of the main challenges and potentials for family farming in the region, iii) mapping of actors, networks, and social innovation initiatives that make up the SIEs, and iv) a field study on a social innovation initiative focused on organic and agroecological production (iv). The results are in agreement with the initial assumption that social innovation, especially in its transformative perspective, can serve as a strategy for sustainable development in family farming, contributing to the achievement of the Sustainable Development Goals (SDGs) and to empowerment. The main challenges identified include issues inherent to family farming and its relationship with representative entities, relations with public authorities, and relations with agribusiness. The potentials encompass aspects related to production, markets, pluriactivity, and cooperation. Forty-five supporting actors were identified and categorized, who assume different roles and can foster or restrict social innovations. Additionally, 31 social innovation initiatives linked to rural tourism, health, agroforestry, and strengthening markets through short commercialization circuits were mapped. The actions of networks, associations, cooperatives, and social movements have contributed to the empowerment of actors, but there is a need for greater engagement by public authorities. Communication problems, divergences in change narratives, and lack of unity in demands were considered factors of (dis)empowerment. The findings of this study provide significant contributions to the cientific field, highlighting the advancement in the discussion on social innovation from a transformative perspective and the use of TSI Theory, filling a gap in still incipient national studies. Similarly, rural social innovation deserves attention, since research has focused on the urban context. The main practical contributions include the mapping of the SIEs, which provides a comprehensive view of the context, dynamics, and existing relationships, which can be useful for supporting the formulation of policies and sustainable strategies. Additionally, knowing the actors and the roles they assume can help improve existing relationships and strengthen cooperation.