Colonialidade de gênero como uma chave de leitura para entender a violência de gênero perpetuada na América Latina : o caso do Peru (1996-2000)

Abstract

O presente trabalho pretende, enquanto proposta central da pesquisa, compreender como a colonialidade de gênero que é identificada como presente no sistema moderno/colonial e internacional influenciou na consolidação do Regime Internacional Demográfico, o qual dá origem a uma série de políticas públicas de controle populacional e de controle dos corpos femininos, incluindo as políticas promovidas pelo Programa de Salud Reproductiva y Planificación Familiar 1996-2000 (Peru, 1996). O referido programa, implementado no Peru por meio do governo ditatorial de Alberto Fujimori ocorrido entre os anos 1990 a 2000, resultou na esterilização forçada de aproximadamente 300 mil mulheres peruanas (em sua maioria indígenas, campesinas e/ou rurais), que não tinham a devida consciência ou compreensão explícita dos procedimentos aplicados em seus corpos, violando os direitos humanos de mulheres em situação de vulnerabilidade. A hipótese aqui apresentada parte do princípio de que o governo de Fujimori se utilizou da narrativa colonial presente no Regime Internacional Demográfico de que a pobreza e o subdesenvolvimento na região latino-americana são fruto do crescimento populacional desenfreado, a fim de mobilizar e contar com o apoio de instituições internacionais às políticas de controle populacional desenvolvidas em seu governo. Para tanto, a pesquisa também pretende perceber como as instituições internacionais, a partir do Regime Internacional Demográfico, se utilizam de discursos colonialistas que acabam por perpetuar a violência tanto racial, quanto de gênero no sistema internacional. Para dar andamento à presente pesquisa, o trabalho utilizará o estudo de caso como principal técnica de pesquisa, em consonância com a análise documental de dados e de documentos oficiais publicados tanto pelo governo peruano quanto por organismos internacionais, demonstrando que a participação de Fujimori em conferências internacionais corroborou para o financiamento, a implementação e a defesa das políticas de esterilização forçada já mencionadas. Além disso, a análise dos relatos das vítimas de esterilização forçada ficará a cargo do procedimento metodológico de cooperação empática, desenvolvido pela teórica Christine Sylvester (1994) ao propor um método de análise feminista para as Relações Internacionais.

El presente trabajo pretende, como propuesta central de la investigación, comprender cómo la colonialidad de género que se identifica como presente en el sistema moderno/colonial e internacional influyó directamente en la consolidación del Régimen Demográfico Internacional, lo que da lugar a una serie de políticas públicas de control de la población y control del cuerpo femenino, incluidas las políticas impulsadas por el Programa de Salud Reproductiva y Planificación Familiar 1996-2000 (Perú, 1996). Este programa, implementado en Perú a través del gobierno dictatorial de Alberto Fujimori entre los años 1990 y 2000, tuvo como resultado la esterilización forzada de aproximadamente 300 mil mujeres peruanas (en su mayoría indígenas, campesinas y/o rurales), quienes no tenían la debida conciencia o comprensión explícita de los procedimientos aplicados a sus cuerpos, violando los derechos humanos de las mujeres en situación de vulnerabilidad. La hipótesis aquí presentada supone que el gobierno de Fujimori utilizó la narrativa colonial presente en el Régimen Demográfico Internacional de que la pobreza y el subdesarrollo en la región latinoamericana son resultado del crecimiento poblacional desenfrenado, con el fin de movilizarse y contar con el apoyo de las instituciones internacionales para el control poblacional. Para ello, la investigación también pretende comprender cómo las instituciones internacionales, basadas en el Régimen Demográfico Internacional, utilizan discursos colonialistas que terminan perpetuando la violencia tanto racial como de género en el sistema internacional. Para realizar ésta investigación, el trabajo utilizará el estudio de caso como principal técnica de investigación, en línea con el análisis documental de datos y documentos oficiales publicados tanto por el gobierno peruano como por organismos internacionales, demostrando que la participación de Fujimori en conferencias de organismos internacionales contribuyó a el financiamiento, implementación y defensa de las citadas políticas de esterilización forzada. Además, el análisis de los relatos de víctimas de esterilización forzada se realizará utilizando el procedimiento metodológico de cooperación empática, desarrollado por la teórica Christine Sylvester (1994) al proponer un método de análisis feminista para las Relaciones Internacionales.