O interesse nacional nas relações Brasil-África : oscilações da política externa brasileira, do nacional-desenvolvimentismo ao neoliberalismo
Visualizar/abrir
Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
As relações entre o Brasil e os Estados africanos formam uma complexa trajetória histórica desde o século XVI até o presente momento, moldada por transformações internas no Brasil e na África, bem como por mudanças sistêmicas na arena internacional. Ao longo desse período, tais relações oscilaram entre momentos de engajamento e afastamento das interações entre as duas partes. A partir do processo de descolonização da África nos anos 1960 e da conjuntura internacional favorável à intensificação ...
As relações entre o Brasil e os Estados africanos formam uma complexa trajetória histórica desde o século XVI até o presente momento, moldada por transformações internas no Brasil e na África, bem como por mudanças sistêmicas na arena internacional. Ao longo desse período, tais relações oscilaram entre momentos de engajamento e afastamento das interações entre as duas partes. A partir do processo de descolonização da África nos anos 1960 e da conjuntura internacional favorável à intensificação das relações entre países da periferia sistêmica, o Brasil, sob o projeto Nacional-desenvolvimentista, optou por se aproximar dos novos Estados africanos por meio de sua política externa pautada na Cooperação Sul-Sul, especialmente na década de 1970, almejando com isso atingir seus objetivos de desenvolvimento econômico, industrialização e autonomia política internacional. Entretanto, a política externa brasileira para a África, desde os anos 1990, já sob um paradigma neoliberal, enfatiza a falta de uma continuidade estratégica que seja capaz de alinhar os interesses de longo prazo do Brasil com os interesses, as oportunidades e os desafios apresentados pelo continente africano. Desse modo, mesmo em períodos de fortalecimento da política africana do Brasil, esta representa muito mais uma situação de oportunismo do que uma política contínua e estratégica. Pois, atualmente, a política externa do Brasil reflete a ausência de um projeto nacional coeso. Ao mesmo tempo que, no atual cenário geopolítico, o Atlântico Sul emerge como um espaço crucial para a cooperação e a concertação política entre as nações da região, visto que se observa um aprofundamento da crise da ordem internacional estadunidense, a qual produz uma situação de competição entre os antigos e os novos pólos de poder, fazendo do Atlântico Sul uma zona de interesse estratégico para as potências extrarregionais devido a sua abundância de recursos energéticos e ao potencial para o estabelecimento de influência nos países da região. ...
Abstract
The relations between Brazil and African states form a complex historical trajectory from the 16th century to the present, shaped by internal transformations in both Brazil and Africa, as well as by systemic changes in the international arena. Throughout this period, these relations have oscillated between moments of engagement and withdrawal from interactions between the two parties. Following the process of decolonization in Africa in the 1960s and a favorable international context for the in ...
The relations between Brazil and African states form a complex historical trajectory from the 16th century to the present, shaped by internal transformations in both Brazil and Africa, as well as by systemic changes in the international arena. Throughout this period, these relations have oscillated between moments of engagement and withdrawal from interactions between the two parties. Following the process of decolonization in Africa in the 1960s and a favorable international context for the intensification of relations among countries in the systemic periphery, Brazil, under its national-developmentalist project, chose to engage with the new African states through its foreign policy based on South-South Cooperation, particularly in the 1970s, aiming to achieve its goals of economic development, industrialization, and international political autonomy. However, since the 1990s, Brazil’s foreign policy towards Africa, now under a neoliberal paradigm, highlights the lack of a strategic continuity capable of aligning Brazil's long-term interests with the opportunities and challenges presented by the African continent. Thus, even during periods of strengthening of Brazil’s African policy, it represents much more a situation of opportunism than a continuous and strategic policy. Currently, Brazil’s foreign policy reflects the absence of a cohesive national project. At the same time, in the current geopolitical landscape, the South Atlantic emerges as a crucial space for cooperation and political concert among its nations, as there is a deepening crisis in the U.S. international order, which creates a competitive situation between old and new poles of power, making the South Atlantic a zone of strategic interest for extraregional powers due to its abundance of energy resources and potential for establishing influence in the countries of the region. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política.
Coleções
-
Ciências Humanas (7581)Ciência Política (536)
Este item está licenciado na Creative Commons License