O testemunho de Carolina Maria de Jesus em Quarto de Despejo (1960)
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Data
2023Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Graduação
Assunto
Resumo
O presente trabalho analisa as nuances singulares do testemunho de Carolina Maria de Jesus e as marcas sociais de subalternização que testemunha no livro Quarto de Despejo (1960). Nossas análises partem dos questionamentos: O que testemunha Carolina Maria de Jesus no livro Quarto de Despejo (1960)? Como a realidade da autora, sua vivência no Canindé, e seu desejo de se tornar uma literata influenciam as escolhas formais e de conteúdo que faz na elaboração do livro? Qual o teor testemunhal de su ...
O presente trabalho analisa as nuances singulares do testemunho de Carolina Maria de Jesus e as marcas sociais de subalternização que testemunha no livro Quarto de Despejo (1960). Nossas análises partem dos questionamentos: O que testemunha Carolina Maria de Jesus no livro Quarto de Despejo (1960)? Como a realidade da autora, sua vivência no Canindé, e seu desejo de se tornar uma literata influenciam as escolhas formais e de conteúdo que faz na elaboração do livro? Qual o teor testemunhal de sua escrita? Para isso, realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre a autora e seu contexto e um estudo teórico dos conceitos de subalternidade de Spivak (2010, 2019), escritas de si de Arfuch (2010), Faedrich (2022) e Klinger (2012) e testemunho e teor testemunhal de Seligmann-silva (2006, 2010) e Penteado (2018). Durante o percurso da presente pesquisa esses conceitos que utilizamos como base teórica tornaram-se indissociáveis, pois os elaboramos de tal forma que lemos o testemunho do livro como uma fala subalterna que se constitui como uma escrita de si, que se constitui como um testemunho e que materializa uma fala subalterna em um diário. Então, escolhemos o conceito de testemunho como o conceito aglutinador para as análises que dividimos em três blocos: testemunho da cidade, testemunho de si e testemunho negro. Justificamos a escolha da temática da pesquisa pela contemporaneidade das questões sistêmicas que Carolina comunica em O Quarto… no Brasil de hoje: o silenciamento, a segregação urbana, a fome e o racismo que violentam, dia a dia, através de nuances sociais perversas e de desigualdades arquitetadas pelo poder público, indivíduos subalternizados e pelo nosso ímpeto de ressaltar o pensamento político de Carolina que precursoramente manifestou essas injustiças e ensejou por revoluções contra um sistema macropolítico cujo esforço foi o de não reconhecer e silenciar sua voz. Como resultado desta pesquisa constatamos que o Quarto… é um testemunho pelo qual Carolina, ao dizer de si, se autoconstrói enquanto autora e comunica um capítulo da história brasileira a partir de uma ótica singular. O teor testemunhal do livro resulta do diálogo que a autora faz entre sua inventividade e a realidade, entre seu ímpeto de poesia e denuncia, que resulta desses rastro coloniais que resistem e se perpetuam em violências diárias nas favelas. ...
Abstract
This research analyzes the unique nuances of the testimony of Carolina Maria de Jesus and the social marks of subalternization that she witnesses in the book Quarto de Despejo (1960). Our analysis is guided by the following questions: What does Carolina Maria de Jesus testify to in the book Child of the Dark (1960)? How do the author’s reality, her experience in Canindé, and her desire to become a literary figure influence the formal and content choices she makes in the creation of the book? Wh ...
This research analyzes the unique nuances of the testimony of Carolina Maria de Jesus and the social marks of subalternization that she witnesses in the book Quarto de Despejo (1960). Our analysis is guided by the following questions: What does Carolina Maria de Jesus testify to in the book Child of the Dark (1960)? How do the author’s reality, her experience in Canindé, and her desire to become a literary figure influence the formal and content choices she makes in the creation of the book? What is the testimonial nature of her writing? To answer these questions, we conducted a bibliographical study on the author and her context, followed by an analysis of the work, reading Child of the Dark through the theoretical lenses of Spivak's (2010, 2019) concepts of subalternity, Arfuch's (2010), Faedrich's (2022), and Klinger's (2012) writings on self, and Seligmann-Silva's (2006, 2010) and Penteado's (2018) theories on testimony and testimonial nature. Throughout the course of this research, these concepts, which serve as our theoretical foundation, became inseparable as we read the testimony in the book as a subaltern voice that constitutes a self-writing, which in turn constitutes a testimony and materializes a subaltern speech in a diary. Therefore, we chose the concept of testimony as the unifying concept for the analyses, which we divided into three blocks: testimony of the city, testimony of the self, and black testimony. The choice of research theme is justified by the contemporaneity of the systemic issues that Carolina communicates in Child of the Dark in today's Brazil: the silencing, urban segregation, hunger, and racism that daily violate, through perverse social nuances and inequalities orchestrated by public power, subalternized individuals, and our urge to highlight Carolina’s political thought, which pioneeringly manifested these injustices and called for revolutions against a macropolitical system that sought to not recognize and silence her voice. As a result of this research, we found that Child of the Dark is a testimony through which Carolina, by speaking of herself, constructs herself as an author and communicates a chapter of Brazilian history from a unique perspective. The testimonial nature of the book results from the dialogue the author creates between her inventiveness and reality, between her impulse for poetry and denunciation, which stems from those colonial traces that resist and perpetuate in daily violence in the favelas. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Curso de Comunicação Social: Habilitação em Relações Públicas.
Coleções
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TCC Comunicação Social (1879)
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