Onà, qual é o meu caminho? : infâncias pretas e instituições, Corpas- existências e territórios (des)conhecidos
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Data
2024Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Com Onà - e outras infâncias -, personagem ficcional que nos envolve em sua Corpa- memória-história, afluiremos. Ela que nos convoca até a nascente do rio e nos convida a caminhar seu curso, e ao longo da sua trajetória levanta questionamentos sobre si, sobre sua existência e sobre existências outras. Muitos de seus questionamentos não são respondidos nesta Corpa escrita, ao invés disso, dela emergem mais perguntas, e, a princípio, são elas que nos movem, e essa Corpa escrita também é a própria ...
Com Onà - e outras infâncias -, personagem ficcional que nos envolve em sua Corpa- memória-história, afluiremos. Ela que nos convoca até a nascente do rio e nos convida a caminhar seu curso, e ao longo da sua trajetória levanta questionamentos sobre si, sobre sua existência e sobre existências outras. Muitos de seus questionamentos não são respondidos nesta Corpa escrita, ao invés disso, dela emergem mais perguntas, e, a princípio, são elas que nos movem, e essa Corpa escrita também é a própria Corpa de Onà. Caminharemos juntas com Onà e seus questionamentos, a fim de compreendermos como as instituições Colonialismo, Estado (e as instituições que derivam desse) e Família compõem as Corpas- existências de infâncias pretas, cujas crianças foram adotadas por famílias brancas, analisando os efeitos produzidos sobre suas vidas e identificando os movimentos de deslocalização, localização e relocalização dessas infâncias no mundo. Ao longo da corrente dessas águas, discutiremos o corpo negro inventado pelo Colonialismo, transformado em corpo-imagem de controle, desterritorializado, deslocalizado, um corpo que compulsoriamente tem o território existência do outro, Branco, enquanto localidade, assujeitado ao Colonialismo, que no ímpeto de impedir e dizimar existências, tentou c eifar corpo a corpo. Contudo, essas Corpas-territórios-existências, imensas, conflitam diretamente com o ocidentocentrismo. Escravização, dispersão, objetificação, desumanização, zoomorfização, demonização, aniquilação, batismo, cristianismo, a luta por dominação daquilo que não se sabia, outorgar alma àquelas que se supõe desalmadas. O ocidentocentrismo, berço da instituição Colonialismo, sucessora à instituição Família, mas que forçadamente estabeleceu outros rumos a seus modos de existir, foi também antecessor a outras instituições, aqui problematizadas. De que maneira as instituições que se estabeleceram com base no ocidentocentrismo e Colonialismo compõem e se atravessam nas existências das infâncias e adolescências pretas adotadas por famílias brancas? Como é possível a existência das crianças e adolescentes pretas? Como é possível existirem suas Corpas localizadas no mundo, vivendo nesses territórios-instituições? São perguntas que represam essas águas. Quais são os lugares que há desaguar, escoar, que racham essas estruturas? Enquanto caminho metodológico para refletir, problematizar e, talvez, responder alguns desses questionamentos, partimos de nosso próprio lugar de enunciação, o que contribui com nossa relocalização e reterritorialização; partimos do local epistemológico no qual existimos para problematizar corpos determinados em lugares determinados, no sentido de não apenas ir na contracorrente de epistemologias cuja localização é eurocêntrica, mas, sobretudo, de evidenciar as localizações onde nossas Corpas existem, e produzir novos questionamentos que rasguem, que sangrem, que provoquem emersão. Nessa perspectiva, enquanto aposta em um caminho teórico-metodológico, lançamos mão de dois gestos- conceitos: “corpo-memória” e “Corpa-percepção”. O “corpo-memória”, de Beatriz Nascimento, nos localiza enquanto a própria identidade e memória viva como elemento sustentador da existencialidade; e a Corpa-percepção convoca-nos à expansão não apenas da compreensão da existência corporal de si e das outras pessoas, mas da imagem simbólica que nosso corpo invoca, provoca e convoca a si e a outra, assim como dos sentidos que evocam os corpos às suas histórias, conectados a elementos que se sabem, que não se sabem e que traçam caminhos a descobrirem-se, à sua própria localização. A potencialidade da pesquisa está na possibilidade de percorrermos Corpas-memórias-histórias, assim como as localizações das infâncias pretas a partir de suas próprias narrativas, tendo como base a fabulação crítica. Interessa-nos as vozes das infâncias, fazer coro às suas Corpas, descobrir o que contam suas histórias, compreendendo os atores que estão em cena, muitas vezes ocultos, com passos sutis, fala baixa e muito barulho. Descortinar e nomear fenômenos do não saber, daquilo que age por trás das cortinas e que também está sob os holofotes - o que transita nos territórios (des)conhecidos? ...
Abstract
With Onà – and other childhoods –, a fictional character who envelops us in her body-memory- history, we will converge. She summons us to the river's source and invites us to walk its course. Along her journey, she raises questions about herself, her existence, and the existence of others. Many of her questions are not answered in this written body; instead, more questions emerge from it. Initially, it is these questions that propel us, and this written body is also Onà's own body. We will walk ...
With Onà – and other childhoods –, a fictional character who envelops us in her body-memory- history, we will converge. She summons us to the river's source and invites us to walk its course. Along her journey, she raises questions about herself, her existence, and the existence of others. Many of her questions are not answered in this written body; instead, more questions emerge from it. Initially, it is these questions that propel us, and this written body is also Onà's own body. We will walk together with Onà and her inquiries to understand how the institutions of Colonialism, the State (and its derivative institutions), and the Family shape the bodies- existences of Black childhoods, whose children were adopted by white families. We will analyze the effects produced on their lives and identify the movements of dislocation, location, and relocation of these childhoods in the world. Throughout the current of these waters, we will discuss the Black body invented by Colonialism, transformed into a body-image of control, deterritorialized, dislocated, a body that compulsorily has the existence territory of the Other, the White, as its locality, subjected to Colonialism, which, in its impetus to prevent and annihilate existences, tried to cut down body by body. However, these bodies-territories- existences, immense as they are, directly conflict with Western-centrism. Enslavement, dispersion, objectification, dehumanization, zoomorphization, demonization, annihilation, baptism, Christianity, the struggle for domination of what was unknown, bestowing souls to those presumed soulless. Western-centrism, the cradle of the Colonialism institution, successor to the Family institution but forcibly establishing other directions for its modes of existence, was also a predecessor to other institutions problematized here. In what ways do the institutions established based on Western-centrism and Colonialism shape and intersect with the existences of Black childhoods and adolescences adopted by white families? How is the existence of Black children and adolescents possible? How can their bodies exist in the world, living within these territory-institutions? These are questions that dam these waters. What are the places that allow for outflow, discharge, that crack these structures? As a methodological path to reflect on, problematize, and perhaps answer some of these questions, we start from our own place of enunciation, which contributes to our relocation and reterritorialization. We start from the epistemological location in which we exist to problematize bodies determined in specific places, not only to counter eurocentric epistemologies but, above all, to highlight the locations where our bodies exist, and to produce new questions that tear, bleed, and provoke emergence. From this perspective, as a bet on a theoretical- methodological path, we employ two gestures-concepts: "body-memory" and "body- perception." Beatriz Nascimento's "body-memory" situates us as living identity and memory, sustaining existentiality; and "body-perception" calls us to expand not only the understanding of our own bodily existence and that of others but also the symbolic image that our body evokes, provokes, and summons to itself and the Other, as well as the meanings that bodies evoke in their histories, connected to elements known, unknown, and those that trace paths to be discovered, to their own location. The potential of this research lies in the possibility of traversing bodies-memories-histories, as well as the locations of Black childhoods based on their own narratives, grounded in critical fabulation. We are interested in the voices of childhoods, echoing their bodies, discovering what their stories tell, understanding the actors in the scene, often hidden, with subtle steps, low speech, and much noise. Unveiling and naming phenomena of the unknown, of what acts behind the curtains and is also under the spotlight - what traverses (un)known territories? ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia, Serviço Social, Saúde e Comunicação Humana. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional.
Coleções
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Ciências Humanas (7479)
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