Práticas de leitura de livros em famílias com crianças entre 4 e 7 anos

Abstract

O presente trabalho procura responder a seguinte questão: quais são as práticas de leitura de livros em famílias com crianças entre 4 e 7 anos? Assim, o seu objetivo geral é investigar as práticas de leitura de livros das famílias com crianças dessa faixa etária. A pesquisa se constitui metodologicamente como um estudo de abordagem qualitativa que teve, como instrumento para geração de dados, as entrevistas qualitativas com três famílias consideradas de classe média, com crianças frequentadoras de escolas privadas e com pelo menos um dos pais com ensino superior completo. A análise de dados se deu, por sua vez, através da análise de conteúdo dessas entrevistas. São bases teóricas para o desenvolvimento deste trabalho a definição de literatura infantil (Azevedo, 1999; Medeiros, 2022; Ramos, Marangoni e Maciel, 2016), a reflexão sobre a formação de leitores literários (Bunzen, 2017; Colomer, 2017; Paiva, 2016; Reyes, 2012) e o debate sobre o papel da família na formação desses leitores (Belmiro e Galvão, 2016; Luna, Santos e Rosa, 2019; Vale, 2020). A partir da análise de conteúdo das entrevistas realizadas com as famílias, as práticas encontradas, através das entrevistas, foram práticas de leitura em família de cunho religioso e ou não religioso, práticas autônomas das crianças com os livros e algumas práticas singulares, todas essas organizadas nas rotinas das famílias. Destacou-se a forma e intensidade da aproximação autônoma das crianças, assim como a oferta de práticas de leitura pela família, estando intimamente relacionadas ao capital cultural transmitido pela família, ou seja, às apreciações e significações que a família tem sobre os livros e a literatura. Foram identificadas, também, práticas de leitura escolares que envolvem a família, ora com o uso da biblioteca da escola, ora sem o seu uso. Em relação às práticas em parceria com a escola com o uso da biblioteca, foi possível mapear dois casos efetivos do envolvimento da família, em parceria com a escola, na formação das crianças como leitoras. No caso dos projetos literários propostos em participação da família, sem o uso da biblioteca, questionou-se a falta de critérios adotados pela escola ao compor seu acervo a partir de empréstimos da família, sentindo-se também a falta da aproximação e engajamento da família de modo mais efetivo nas propostas literárias da escola, mas, ao mesmo tempo, entendendo ser uma proposta interessante por evocarem o contato com a leitura que as crianças já possuem, que precedem a experiência escolar e que se alojam no ambiente familiar. Em síntese, esta pesquisa contribui para evidenciar a relevância das práticas de leitura de livros no ambiente familiar e ao destacar a necessidade de uma investigação mais aprofundada sobre essas práticas e acervos das famílias.