A qualidade da interação mãe-criança e o uso materno do smartphone

Abstract

O estudo da interação mãe-criança é fundamental, uma vez que constitui as bases para o desenvolvimento infantil. Na atualidade, as mães têm empregado as mídias digitais, como smartphones, durante as interações com os filhos com recorrência, o que pode causar interferência neste momento. Nesse contexto, a qualidade da interação mãe-criança pode sofrer impactos, pela diminuição da sensibilidade materna e afeto positivo infantil, e aumento do afeto negativo infantil. Este estudo teve por objetivo investigar a qualidade da interação mãe-criança durante o uso materno do smartphone. Setenta e uma mães e seus filhos de 3 a 32 meses (43 meninas e 28 meninos) participaram de um modelo quase-experimental entre-sujeitos nas condições: uso materno do smartphone e leitura de revista em papel. Os comportamentos maternos e infantis foram codificados com o Protocolo de Avaliação da Interação Diádica. Não foram encontradas diferenças na sensibilidade materna e no afeto negativo e positivo infantil entre as duas condições. Por outro lado, as crianças na condição de uso materno do smartphone apresentaram mais interação com a mãe, e as mães apresentaram mais afeto positivo e negativo, se comparado às mães na condição revista em papel. Os resultados da regressão logística também demonstraram que as crianças de ambas as condições que exploraram o ambiente eram mais propensas a apresentar afeto positivo e menos afeto negativo. Além disso, elas tinham mais probabilidade de apresentar afeto positivo e menos afeto negativo se suas mães mostrassem sensibilidade durante a interação. Os achados do presente estudo oferecem insights em como o uso do smartphone não parece ser mais adverso para a qualidade da interação mãe criança do que outros recursos ou atividades maternas não dirigidas à criança durante as interações. Por fim, o uso das mídias digitais por cuidadores se configura como um construto complexo e multifacetado, demonstrando estar relacionado tanto a efeitos emocionais positivos quanto negativos nos adultos.

The study of mother-child interaction is essential, since it constitutes the basis for child development. Nowadays, mothers have been using digital media, such as smartphones, during interactions with their children with recurrence, which can cause interference in this moment. In this context, the quality of mother-child interaction may suffer impacts, by decreasing maternal sensitivity and positive child affection, and increasing negative child affection. This study aimed to investigate the quality of mother-child interaction during maternal use of the smartphone. Seventy-one mothers and their children aged 3 to 32 months (43 girls and 28 boys) participated in a quasi-experimental between-subjects model in the conditions: maternal smartphone use and reading a paper magazine. Maternal and infant behaviors were coded with the Dyadic Interaction Assessment Protocol. No differences were found in maternal sensitivity and infant negative and positive affect between the two conditions. On the other hand, children in the maternal smartphone use condition showed more interaction with their mother, and mothers showed more positive and negative affect compared to mothers in the reading a paper magazine condition. The logistic regression results also showed that children in both conditions who explored the environment were more likely to show positive affect and less negative affect. In addition, they were more likely to display positive affect and less negative affect if their mothers showed sensitivity during the interaction. The findings of the present study offer insights into how smartphone use does not appear to be more adverse to mother-child interaction quality than other maternal resources or activities not directed at the child during interactions. Finally, caregivers' use of digital media is configured as a complex and multifaceted construct, shown to be related to both positive and negative emotional effects on adults.