Do gênero ao trauma : ponderações acerca da violência contra a mulher
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Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
A minha experiência como psicóloga no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, atuando na escuta de mulheres, é ponto de partida para essa pesquisa. A violência contra a mulher é definida, segundo a Lei Maria da Penha, por qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. É uma forma de violência de gênero, pois ocorre em razão da pessoa alvo da violência pertencer ao gênero feminino e t ...
A minha experiência como psicóloga no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, atuando na escuta de mulheres, é ponto de partida para essa pesquisa. A violência contra a mulher é definida, segundo a Lei Maria da Penha, por qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. É uma forma de violência de gênero, pois ocorre em razão da pessoa alvo da violência pertencer ao gênero feminino e tem como base a manutenção de papéis sociais impostos a mulheres e homens. Tal fenômeno pode relacionar-se ao trauma, descrito por Ferenczi (1934) como o estado de choque ou paralisia causado por um aniquilamento subjetivo no qual o indivíduo experimenta a destruição de seu sentimento de self. Partindo de tais considerações, esta dissertação tem por objetivo identificar, na narrativa de uma mulher em situação de violência, elementos que permitam explorar as experiências do trauma e do desmentido, a partir das contribuições psicanalíticas de Ferenczi articuladas a uma perspectiva de gênero. A metodologia está amparada em 3 tempos: no primeiro tempo, de acolhida e recebimento das mulheres no Juizado de violência, colocou-se o princípio da hospitalidade, inserido em uma ética do cuidado (Kupperman, 2017); em um segundo tempo, foram produzidos diários clínicos nos quais a analista colocou suas percepções, sentimentos acerca dos atendimentos das mulheres, ou ainda, “isso que me passa” (Larrosa, 2011) com narrativas importantes acerca das percepções do “sentir com” (Ferenczi, 1932); por fim, deu-se a escrita dessa dissertação, a partir de eixos interpretativos. O primeiro eixo versa sobre o lugar de fala, de escuta e a hospitalidade no início de um processo de escuta de mulheres em situação de violência doméstica. O segundo eixo trata da ética do cuidado e o sentir com. O terceiro eixo apresenta as diversas dimensões do trauma. Por fim, discuto os papéis de gênero inscritos nas diversas formas de violência. A partir da disso, entendo que as questões relacionadas à violência contra mulher são consequências do pacto patriarcal no qual vivemos, sendo o trauma uma das principais consequências psíquicas, expresso tanto nos conteúdos oníricos quanto no corpo. Através de uma escuta, permeada pela hospitalidade, pela ética do cuidado, pelo sentir com é possível simbolizar e dar um novo sentido às marcas deixadas pelo trauma. ...
Abstract
My experience as a psychologist in the Court of Domestic and Family Violence against Women, listening to women, is the starting point for this research. Violence against women is defined according to the Maria da Penha Law, by any act or omission based on gender that causes you death, injury, physical, sexual or psychological suffering and moral or property damage. It is a form of gender violence, as it occurs due to the fact that the person target of violence belongs to the female gender and i ...
My experience as a psychologist in the Court of Domestic and Family Violence against Women, listening to women, is the starting point for this research. Violence against women is defined according to the Maria da Penha Law, by any act or omission based on gender that causes you death, injury, physical, sexual or psychological suffering and moral or property damage. It is a form of gender violence, as it occurs due to the fact that the person target of violence belongs to the female gender and is based on the persistence of social roles imposed on women and men. This phenomenon can be related to trauma, described by Ferenczi (1934) as the state of shock or paralysis caused by a subjective annihilation in which the individual experiences the destruction of his sense of self. Based on these considerations, this study aims to identify, in the narrative of a woman in a situation of violence, elements that allow exploring the experiences of trauma and denial, based on Ferenczi's psychoanalytic contributions related to a gender perspective. The methodology is substantiated by 3 moments: the first one consists of welcoming the women in the Violence Court, and establishing the principle of hospitality, inserted in care ethics (Kupperman, 2017). In a second moment, the preparation of clinical diaries in which the analyst lays out her perceptions, her feelings in regard to the care given to women, or even, “that's what happens to me(isso que me passa)” (Larrosa, 2011) with important narratives about the perceptions of “feel with” (Ferenczi, 1932). Finally, this study was written based on interpretative pillars. The first pillar deals with the locus of speech, listening and hospitality at the beginning of a process of listening to women in situations of domestic violence. The second pillar seeks to discuss the care ethics and the “feel with”. The third pillar discusses the different dimensions of trauma. Based on the study, I understand that issues related to violence against women are consequences of the patriarchal pact in which we live, trauma being one of the main psychic consequences, expressed both in dream contents and in the body. Through listening, nourished by hospitality, care ethics, feel with, it is possible to give a new meaning to the marks left by the trauma. ...
Resumen
Mi experiencia como psicóloga en el Juzgado de Violencia Doméstica y Familiar contra la Mujer, escuchando a las mujeres, es el punto de partida de esta investigación. La violencia contra la mujer es definida, según la Ley Maria da Penha, como toda acción o omisión basada en el género que resulte en muerte, lesión, sufrimiento físico, sexual o psíquico y daño moral o patrimonial. Es una forma de violencia de género, una vez que se produce porque la persona objeto de la violencia pertenece al gén ...
Mi experiencia como psicóloga en el Juzgado de Violencia Doméstica y Familiar contra la Mujer, escuchando a las mujeres, es el punto de partida de esta investigación. La violencia contra la mujer es definida, según la Ley Maria da Penha, como toda acción o omisión basada en el género que resulte en muerte, lesión, sufrimiento físico, sexual o psíquico y daño moral o patrimonial. Es una forma de violencia de género, una vez que se produce porque la persona objeto de la violencia pertenece al género femenino y se basa en el mantenimiento de roles sociales impuestos a mujeres y hombres. Este fenómeno puede estar relacionado con el trauma, descrito por Ferenczi (1934) como el estado de shock o parálisis provocado por un aniquilamiento subjetivo en el que el individuo experimenta la destrucción de su sentido de sí mismo. A partir de estas consideraciones, esta disertación tiene como objetivo identificar, en la narrativa de una mujer en situación de violencia, elementos que permitan explorar las experiencias de trauma y negación, a partir de los aportes psicoanalíticos de Ferenczi articulados a una perspectiva de género. La metodología se sustenta en 3 etapas: en la primera etapa, de acoger y recibir a las mujeres en el tribunal de violencia, se colocó el principio de hospitalidad, inserto en una ética del cuidado (Kupperman, 2017). En un segundo tiempo, se produjeron diarios clínicos en los que la analista colocó sus percepciones, sentimientos sobre el cuidado de las mujeres, o incluso, “esto es lo que me pasa a mí” (Larrosa, 2011) con narrativas importantes sobre las percepciones de “sentir con” (Ferenczi, 1932). Finalmente, se redactó esta disertación, a partir de ejes interpretativos. El primer eje trata sobre el derecho de expresión, la escucha y la hospitalidad en el inicio de un proceso de escucha de las mujeres en situación de violencia doméstica. El segundo eje busca discutir la ética del cuidado y el sentir con. El tercer eje discute las diferentes dimensiones del trauma. Por fin, analizo los roles de género inscritos en las diversas formas de violencia. Desde la discusión, entiendo que las cuestiones relacionadas con la violencia contra la mujer son consecuencias del pacto patriarcal en el que vivimos, siendo el trauma una de las principales consecuencias psíquicas, expresadas tanto en los sueños como en el cuerpo. A través de la escucha, permeada por la hospitalidad, por la ética del cuidado, por el sentir con, es posible simbolizar y resignificar las marcas dejadas por el trauma. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicanálise: Clínica e Cultura.
Coleções
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Ciências Humanas (7489)
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