“Esse trabalho é bonito porque vai fazendo um trabalho na gente também” : grupalidade, ética feminista e interseccionalidade
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Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Os casos de violência contra as mulheres tiveram aumento significativo no contexto da Pandemia de Covid-19. No Brasil, esta realidade foi especialmente agravada devido à crise política e econômica dos anos de governos ultraconservadores no país com desinvestimento em políticas sociais e decorrente enfraquecimento das redes de apoio. Frente a isto, torna-se essencial analisar e propor respostas ao grave problema social e de saúde pública que as violências de gênero representam. Essa pesquisa tom ...
Os casos de violência contra as mulheres tiveram aumento significativo no contexto da Pandemia de Covid-19. No Brasil, esta realidade foi especialmente agravada devido à crise política e econômica dos anos de governos ultraconservadores no país com desinvestimento em políticas sociais e decorrente enfraquecimento das redes de apoio. Frente a isto, torna-se essencial analisar e propor respostas ao grave problema social e de saúde pública que as violências de gênero representam. Essa pesquisa toma como campo o Programa de Extensão Clínica Feminista na perspectiva da Interseccionalidade (CliFI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que tem o intuito de promover o cuidado em saúde mental para mulheres em situação de violência, a partir de um olhar que inclua marcadores de gênero, raça e classe. Debruça-se, para tanto, sobre um dos dispositivos clínicos utilizados pela equipe - os grupos de escuta de mulheres. A investigação se propõe a analisar as possibilidades de uma intervenção grupal, pautada na ética feminista, interferir nos processos de individualização do sofrimento de mulheres em situação de violência, assim como de contribuir com a produção de novos modos de subjetivação que resistam aos imperativos racistas e patriarcais da sociedade brasileira. Para tal, foram convidadas a participar da pesquisa, num primeiro momento, 13 integrantes da CliFI com experiência como escutadora de grupos e, por fim, toda equipe para ampliação e restituição das análises produzidas nos coletivos de mulheres. A orientação metodológica consistiu em uma pesquisa cartográfica, que se utilizou das ferramentas de diário de campo, Técnica do Incidente Crítico e encontros de discussão para produção de dados que foram lidos a partir do referencial da Análise Institucional. Ainda, em virtude do trabalho da CliFI ocorrer majoritariamente remoto, a pesquisa utilizou as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), como Whatsapp para contato com as participantes, Google Forms para questionários e plataformas de videoconferência para encontros ampliados. A discussão apresentou associação intrínseca entre a concepção de clínica e de ética feminista, mostrando que ambas se atualizam à medida que novos movimentos e tensionamentos da CliFI vão ocorrendo. Ao final, a pesquisa indicou a potência da interseccionalidade como ferramenta analítica quando esta se configura na prática clínica da equipe, uma vez que as escutadoras afirmam conseguir operar melhor aquilo que experimentaram coletivamente. ...
Abstract
Cases of violence against women have increased significantly in the context of the Covid-19 pandemic. In Brazil, this reality was especially aggravated due to the political and economic crisis of the years of ultraconservative governments in the country with disinvestment in social policies and the resulting weakening of support networks. Faced with this, it becomes essential to analyze and propose responses to the serious social and public health problem that gender violence represents. This r ...
Cases of violence against women have increased significantly in the context of the Covid-19 pandemic. In Brazil, this reality was especially aggravated due to the political and economic crisis of the years of ultraconservative governments in the country with disinvestment in social policies and the resulting weakening of support networks. Faced with this, it becomes essential to analyze and propose responses to the serious social and public health problem that gender violence represents. This research takes as a field the Feminist Clinical Extension Program from the perspective of Intersectionality (CliFI) of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), which aims to promote mental health care for women in situations of violence, based on a gaze that includes markers of gender, race, and class. Therefore, it focuses on one of the clinical devices used by the team - the women's listening groups. The investigation proposes to analyze the possibilities of a group intervention, based on feminist ethics, to interfere in the processes of individualization of the suffering of women in situations of violence. It also intends to contribute to the production of new modes of subjectivation that resist to racist and patriarchal imperatives of Brazilian society. To this end, at a first moment, 13 members of CliFI with experience as a group listeners were invited to participate in the research. In a second moment, the entire team was invited to participate to expand and restitute the analyzes produced in the women's collectives. The methodological orientation consisted on cartographic research, which used the field diary tools, the Critical Incident Technique and discussion meetings to produce data that were read from the Institutional Analysis framework. Also, due to the fact that CliFI's work is mostly remote, the research used Information and Communication Technologies (ICTs), such as Whatsapp to contact the participants, Google Forms for questionnaires and videoconferencing platforms for extended meetings. The discussion presented an intrinsic association between the conception of the clinic and feminist ethics, showing that both are updated while new CliFI movements take place. In the end, the research indicated the power of intersectionality as an analytical tool when it is configured in the clinical practice of the team, since the listeners claim to be able to better operate what they experienced collectively. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional.
Coleções
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Ciências Humanas (7466)
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