(Des) caminhos para pensar avaliação e inclusão escolar no projeto de enfrentamento à distorção idade série trajetórias criativas : o espaço do et cetera

Abstract

Ao tomar como referência o projeto de enfrentamento à distorção idade-série nos Anos Finais do Ensino Fundamental Trajetórias Criativas, a presente dissertação se propõe a analisar os significados atribuídos por professores do referido Projeto, em uma Escola Estadual de Ensino Fun damental de Porto Alegre/RS, à avaliação escolar, buscando compreender como esses sujeitos narram as práticas avaliatívas que são colocadas em ação e como tais práticas se articulam à lógica da inclusão escolar. O corpus desta investigação foi formado a partir de dois procedimentos metodológicos: entrevistas e grupo focal. Desse modo, foram desenvolvidas entrevistas individuais com cada um dos professores que compõem o Projeto na referida escola - mais precisamente, cinco professores - e encontros de grupo focal com essa mesma equipe. Num movimento de pesquisar com a escola, o processo desta pesquisa se inscreve como um ato de não estar acima ou fora do objeto de pesquisa, mas sempre num caminhar cúmplice entre os participantes do estudo. A partir de um olhar histórico sobre os ditos em relação à avaliação escolar, constatou-se um deslocamento nos modos de pensar a avaliação nas últimas décadas, cuja centralidade, em tempos da inclusão como um imperativo, volta-se à manutenção do fluxo de escolarização. Utilizando os conceitos de poder , norma, bíopolítíca e in/exclusão, foi possível perceber que, no Trajetórias Criativas, são colocadas em ação práticas avalíativas que buscam desnaturalizar o fracasso escolar e posicionar o aluno como aprendente. Alinhand o-as, então, à ação biopolítica que prevê a diminuição do risco a partir da lógica discursiva da inclusão. Para que isso ocorra, constatou-se qu e os professores colocam em funcionamento a flexibilização da avaliação escolar a partir de técnicas de individualização e de diferenciação dos processos de aprendizagem dos alunos. Mais do que isso, percebeu-se também o esmaecimento disciplinar na avaliação como outra estratégia para manutenção do fluxo escolar. Tal processo ocorre por três vias complementares: 1) a flexibilização da seleção de conteúdos a partir do interesse e necessidade dos alunos; 2) a necessidade de assegurar "saberes básicos" de leitura, da escrita e da matemática e 3) a ascensão de questões comportamentais à avaliação escolar. Em síntese, as práticas avaliativas em questão, a partir da lógica discursiva da inclusão, operacionalizam táticas que convergem a um fim estratégico: a aproximação do aluno da curva de normalidade e a consequente manutenção deste no fluxo de escolarização.

When taking as reference lhe project of coping with lhe distortion age-series in lhe Final Years of Elementary Education Creative Path s, lhe present dissertati on proposes to analyze the meanings attributed by teachers of said Project i n a State Sch ool of Primary Education in Porto Alegre, RS, to the school evaluation, trying to understand how these subjects narrate lhe evaluative practices that are pu t into action and as such practices are articulated to the logic of school inclusion. The corpus of this research was formed from two methodologica l procedures: interviews and focus group. In this way, individual interviews were developed with each of lhe teachers that make up lhe Project in that school • speci fical ly, five teachers • and focus group meetings with lhe same team. In a research movement wi th lhe school, the process of this research is inscribed as an act of not being above or outside lhe object of research, but al ways in an accomplice walk among study partici pants. From a historical view on the sayings regarding lhe school evaluation, it was observed a shi ft in lhe modes of thinking lhe eval uation in lhe last decades, whose centrali ty, in times of inclusion as an imperative, returns to lhe mai ntenance of lhe sch ooling flow. Using the concepts of power, norm, biopolitics and ið€‚” I exclusion, it was possible to perceive that in lhe Creative Paths, eval uative practices are put into action that seek to denaturalize the sch ool failure and to position lhe student as a leamer. Aligning them, then, to lhe biopoli tical action that predicts lhe reduction of risk from the discursive logic of inclusion. =or thi s to occur, it was found that teachers put into operation lhe flexibi li ty of school evaluation through tech niques o f individualizati on and differentia tion of lhe learning processes of students. More than that, i t was also perceived lhe d isciplinary fading in the evaluation as another strategy to maintain the flo w of lhe school. This process takes place through three complementary paths: 1) the fle xib ili ty of lhe selection of contents based on lhe interest and need of the students; 2) lhe need to ensure "basic knowledge" of reading, writing and mathematic s; and 3) lhe ri se of behavioral issues to school evaluation. In summary, lhe evaluative practices in questi on, based on lhe discursive logic of inclusion, operati onalize tactics that converge to a strategic goal: the student's approximation of the normali ty curve and lhe consequent maintenance of this in lhe flow of schooling.