Entre chafarizes e cuias : representações e imposições da arte pública em Porto Alegre/RS

Abstract

Este trabalho aborda as representações e ideologias impressas nas obras de Escultura Pública da cidade de Porto Alegre. A cidade, tal qual um Museu repleto de coleções para fruição e deleite, análise e crítica de seus cidadãos, expõe um conjunto escultórico, fruto de uma construção coletiva onde cada grupo que administrou a cidade imprimiu suas representações políticas e sociais de forma permanente, criando um discurso de interpretação complexa. As exposições são muito mais do que simples exercício estético, pois proporcionam um contato com as questões a elas associadas. Através deste recorte percebem-se as intencionalidades do poder público e seus prepostos ao construir uma identidade e uma memória a partir dos monumentos urbanos, bem como, os processos de transformação pelos quais passam as sociedades contemporâneas. As obras de Arte Pública constituem e intervêm no contexto histórico, cultural e artístico, não de forma ingênua como se poderia pensar, mas compondo um sistema de intencionalidades nem sempre explícitas. Sendo esta uma prática corrente desde o Império, a Escultura Pública passou por transformações tanto quanto a sociedade e o sistema em que vivemos, chegando à contemporaneidade, quando o poder público é substituído por instituições privadas na promoção de obras para a transformação do espaço urbano em prol de seus próprios interesses. Como recurso de pesquisa sobre a apropriação das obras contemporâneas por parte do público foi utilizado o artigo A cidade das monstruosidades, de Voltaire Schilling, bem como, as consequentes manifestações de repúdio ou aprovação à manifestação do autor.

This work broaches the representations and ideologies printed on the Public Sculptures in the city of Porto Alegre. The city, like a museum full of collections for the enjoyment, pleasure, analysis and critics of the citizens, lays out a sculptural ensemble, result of a collective construction wherein each group which administrates the city have printed their political and social representations in a permanent way, creating a speech of complex interpretation. The exhibits are more than just simple aesthetic exercise, because they provide contact with the questions to which they are associated. Through this view, we realize the intentionality and the agents of the government to build an identity and memory using the urban monuments as well as the transformation process the contemporary societies pass through. The works of public arts compose and interfere the historical, cultural and artistic context, not in an ingenuous way, as we may think, but composing a system of intentionalities which are not always clear. As a common practice since the Empire, the Public Sculpture went through transformations as much as the society and the system we live in, and up to contemporaneity, when the government is replaced by private institutions to promoting the works in a transformation of the public spaces in favor of their own benefit. As a research resource about the appropriation of contemporary worked by the public, the article A cidade das Monstruosidades, by Voltaire Schilling, was use, as well the manifestations of disclaiming or approval to the author’s ideas.