Impacto da instituição do tratamento de líquen escleroso vulvar com corticosteroide tópico ou com radiofrequência não ablativa na sexualidade e na histologia : um ensaio clínico randomizado

Abstract

Introdução: O líquen escleroso vulvar (LEV) é uma doença de pele crônica, com etiologia mista. Tem como principal sintoma o prurido, além de queimação e dor vulvar. Apresenta-se clinicamente por placas esbranquiçadas, fissuras, atrofia, apagamento dos sulcos anatômicos, hipocromia e espessamento da camada córnea. Tem repercussões negativas na qualidade de vida e na função sexual das mulheres acometidas. O tratamento padrão, com corticoterapia tópica, visa o alívio dos sintomas através da redução do processo inflamatório, prevenir deformidades da anatomia da vulva e evitar a evolução para o carcinoma escamoso da vulva. Entretanto, diversas opções terapêuticas vêm sendo estudadas e testadas ao longo dos anos, buscando especialmente o conforto da mulher, a adesão ao tratamento e a minimização dos efeitos colaterais de atrofia e afinamento da pele vulvar. Objetivo: avaliar o impacto, na histologia e na função sexual, da instituição de um tratamento inovador, a radiofrequência não ablativa (RFNA), em comparação ao tratamento padrão com pomada de corticosteroide ultrapotente. Método: ensaio clínico randomizado, na proporção de 1:1, em que mulheres com diagnóstico histopatológico recente de LEV ou refratárias a outros tratamentos serão monitoradas através de biópsia de vulva e questionários pré e pós tratamento. Resultados: A instituição do tratamento melhora os índices de disfunção sexual nas mulheres com LEV. A RFNA se mostrou tão eficaz quanto o corticosteroide tópico na melhora do escore do Female Sexual Function Index (FSFI). Não houve diferença estatística significativa entre as duas opções de tratamento, à exceção do domínio satisfação sexual no grupo tratado com corticosteroide. A melhora histológica na epiderme foi semelhante em ambos os grupos após o tratamento, nas variáveis consideradas. No grupo RFNA se observou aumento das características inflamatórias na derme após tratamento, e neovascularização. Conclusões: a instituição do tratamento repercutiu em melhora nos índices de função sexual. A maioria dos achados histológicos clássicos apresentou melhora, mas o período de remodelação do processo inflamatório ainda não estava consolidado ao término do seguimento.

Introduction: Vulvar lichen sclerosus (VLS) is a chronic skin disease with mixed etiology. Its main symptom is pruritus, as well as burning and vulvar pain. It presents clinically with whitish plaques, fissures, atrophy, erasure of anatomical grooves, hypochromia and thickening of the stratum corneum. It has negative repercussions on the quality of life and sexual function of affected women. Standard treatment, with topical corticosteroid therapy, aims to relieve symptoms by reducing the inflammatory process, preventing deformities of the vulvar anatomy and avoiding progression to squamous cell carcinoma of the vulva. However, several therapeutic options have been studied and tested over the years, especially seeking women's comfort, treatment adherence and minimizing the side effects of atrophy and thinning of the vulvar skin. Objective: To evaluate the impact on histology and sexual function of the implementation of an innovative treatment, non-ablative radiofrequency (NARF), compared to the standard treatment with ultra-potent corticosteroid ointment. Method: A randomized clinical trial, in a 1:1 ratio, in which women with a histopathological diagnosis of VLS and refractory to other treatments will be monitored through vulvar biopsy and pre- and post-treatment questionnaires. Results: The implementation of treatment improves the rates of sexual dysfunction in women with VLS. NARF was as effective as topical corticosteroid in improving the Female Sexual Function Index (FSFI) score. There was no statistically significant difference between the two treatment options, except for the sexual satisfaction domain in the corticosteroid group. The histological improvement in the epidermis was similar in both groups after treatment, in the variables considered. In the NARF group, an increase in inflammatory characteristics in the dermis after treatment, and neovascularization, were observed. Conclusions: The implementation of treatment resulted in an improvement in the rates of sexual function. Most of the classic histological findings showed improvement, but the remodeling period of the inflammatory process was not yet consolidated at the end of the follow-up.