A percepção da imagem corporal, as práticas alimentares e a atividade física como preditores de comportamento de risco para controle de peso em adolescentes

Abstract

Introdução: A adolescência é definida como a fase da vida entre a infância e a idade adulta, durante esse período os jovens buscam autonomia e adotam novos hábitos e comportamentos, o que aumenta sua exposição a riscos que podem afetar sua saúde. Esses hábitos podem perdurar por toda a vida, tornando a adolescência um momento propício para a promoção da saúde. Objetivos: Verificar se a percepção da imagem corporal, as práticas alimentares e a atividade física são preditores de comportamento de risco para controle de peso em adolescentes do ensino médio, bem como avaliar a associação da imagem corporal com as práticas alimentares saudáveis, a atividade física regular, ambiente familiar e escolar entre adolescentes. Métodos: Estudo com delineamento transversal e as informações foram coletadas por meio do autopreenchimento dos formulários via sistema de coleta de dados eletrônicos. As variáveis avaliadas foram comportamento de risco para controle de peso, satisfação corporal, consumo alimentar, atividade física, ambiente familiar e escolar. A análise para verificar as associações entre os fatores em estudo e o desfecho foi realizada por meio de Regressão de Poisson, com resultados expressados como Razão de Prevalência (RP), com 95% de intervalos de confiança (IC95%). Resultados: o estudo foi realizado com 802 alunos adolescentes do ensino médio na faixa etária de 14 a 20 anos. A prevalência de comportamento de risco para controle de peso na amostra estudada foi de 4,8%, sendo que 3,1% dos adolescentes relataram vômito ou uso de laxantes para controle do peso e 2,4% de uso de remédio e fórmulas para perder peso. A prática de vômito, o uso de laxantes, remédios ou fórmulas para perder peso foi 3,53 (1,65 – 7,53) vezes mais prevalente nos adolescentes insatisfeitos com o seu corpo quando comparado com os satisfeitos. Entre os adolescentes, 48,4% estavam satisfeitos com a imagem corporal, sendo maior no sexo masculino (58,8%). Não houve correlação entre satisfação corporal e consumo alimentar, mas o hábito regular de tomar café da manhã foi observado em 53,8% dos adolescentes (RP = 1,35; IC95%: 1,05-1,74). Não houve correlação com satisfação corporal em relação ao tempo dedicado à atividade física e ao uso de telas. O hábito de fazer refeições com pai ou mãe foi observado em 57,9% (RP = 1,43; IC95%: 1,07-1,92). Adolescentes do sexo feminino apresentaram uma prevalência 1,9 vezes maior de estarem satisfeitas com o corpo quando se sentiam compreendidas pelos seus pais. Sentimentos de tristeza, irritação ou nervosismo também estavam associados à satisfação corporal. Não houve associação estatisticamente significativa com as variáveis relativas à quantidade de amigos e bullying. Conclusões: Os resultados sugerem que a insatisfação com a imagem corporal nos adolescentes encontra-se associada com comportamento de risco para controle do peso. Os achados ressaltam a importância de um bom convívio familiar na percepção da imagem corporal dos adolescentes. Ressalta-se a importância de supervisão e da garantia de acesso desses jovens aos serviços de saúde para receber uma assistência qualificada, bem como a implantação de políticas públicas para promover hábitos saudáveis nessa faixa etária.

Introduction: Adolescence is defined as the phase of life between childhood and adulthood. During this period, young people seek autonomy and adopt new habits and behaviors, which increase their exposure to risks that can affect their health. These habits can last a lifetime, making adolescence a favorable time for health promotion. Objectives: The objective of this study is to verify whether body image perception, food consumption, and physical activity are predictors of risk behavior for weight control in high school adolescents. Additionally, it aims to evaluate the association of body image with healthy food consumption, regular physical activity, and the family and school environment among school adolescents. Methods: This is a cross-sectional study involving 802 high school adolescent students aged 14 to 20 years. Information was collected through self-completion of forms via an electronic data collection system. The variables evaluated were risk behavior for weight control, body satisfaction, food consumption, physical activity, and family and school environment. The analysis to verify the associations between the factors under study and the outcome was performed using Poisson Regression, with results expressed as Prevalence Ratios (PR) and 95% confidence intervals (95% CI). Results: The prevalence of risk behavior for weight control in the sample studied was 4.8%, with 3.1% of adolescents reporting vomiting or the use of laxatives for weight control and 2.4% using medicine and formulas to lose weight. The prevalence of vomiting, use of laxatives, and medicine or formulas to lose weight was 3.53 (1.65 - 7.53) times higher in adolescents dissatisfied with their bodies compared to those who were satisfied. Among adolescents, 48.4% were satisfied with their body image, with a higher percentage in males (58.8%). There was no correlation between body satisfaction and food consumption, but the regular habit of having breakfast was observed in 53.8% of adolescents (PR = 1.35; 95% CI: 1.05-1.74). There was no correlation between body satisfaction and the time dedicated to physical activity and screen time. The habit of having meals with the father or mother was observed in 57.9% of adolescents (PR = 1.43; 95% CI: 1.07-1.92). Female adolescents had a 1.9 times higher prevalence of being satisfied with their bodies when they felt understood by their parents. Feelings of sadness, irritation, or nervousness were also associated with body satisfaction. There was no statistically significant association with the variables related to the number of friends and bullying. Conclusion: The results suggest that dissatisfaction with body image in adolescents is associated with risky behavior for weight control. The findings highlight the importance of a good family relationship in adolescents' perception of their body image. The importance of supervision and ensuring that these young people have access to health services to receive qualified assistance is emphasized, as well as the implementation of public policies to promote healthy habits in this age group.