Tratamento interceptativo na dentição mista para caninos permanentes superiores impactados por palatino : uma meta-análise de rede

Abstract

O presente estudo teve como objetivo revisar sistematicamente a literatura e avaliar criticamente os resultados de ensaios clínicos randomizados para determinar se existe um melhor tratamento interceptativo para caninos permanentes impactados por palatino na fase de dentição mista. Uma ampla busca nas bases de dados PubMed/MEDLINE, CENTRAL, Scopus, EMBASE e literatura cinza foi realizada a fim de identificar estudos relacionados à questão de pesquisa. Dois revisores selecionaram, de forma independente e em duplicata, os estudos de acordo com os critérios de elegibilidade, extraíram os dados, avaliaram o risco de viés e a certeza da evidência. Os critérios de inclusão foram estudos clínicos que investigaram algum tratamento interceptativo na fase de dentição mista para caninos permanentes impactados. Após leitura de texto na íntegra, foram excluídos os estudos que não randomizados, que apresentaram período de acompanhamento menor do que 12 meses, taxa de perda amostral ≥ 30%, cujos participantes não foram avaliados da mesma forma e pelo mesmo período, que incluíram participantes com síndromes craniofaciais e não avaliaram irrupção de caninos permanentes inclusos sem intervenção cirúrgica como desfecho. O risco de viés foi avaliado através da ferramenta RoB 2 e a certeza da evidência pela abordagem GRADE. Meta-análise em rede foi realizada para avaliar o efeito de diferentes tratamentos interceptativos na irrupção de caninos permanentes impactados por palatino. A superfície sob as curvas de classificação cumulativa (SUCRA) foi calculada para o ranqueamento das intervenções, indicando a probabilidade de um tratamento ser uma das melhores opções. Dos 892 estudos elegíveis, 18 foram selecionados para análise de texto completo e 9 foram incluídos na meta-análise, incluindo 506 participantes e 730 caninos permanentes impactados para as comparações de 9 abordagens. A proporção de caninos permanentes impactados irrompidos foi significativamente maior para todos os tratamentos interceptativos em comparação com o controle (sem tratamento). A proporção de caninos permanentes impactados irrompidos foi maior nos pacientes submetidos à expansão rápida da maxila (ERM) do que naqueles que receberam extração de canino e primeiro molar decíduos (RR=2,68 ICr95% 1,12-9,35). Uma maior proporção de caninos permanentes impactados irrompidos foi encontrada para ERM (RR=3,07 ICr95% 1,31-10,67), ERM associada ao uso arco transpalatino (AT) e extração de caninos decíduos (EC) (RR=1,43 ICr95% 1,09-1,95), EC associada ao uso de extra-oral de tração cervical (RR=1,38 ICr95% 1,11-1,79), EC associado ao uso de AT (RR=1,36 ICr95% 1,00-1,9) em comparação com EC. Em geral, a certeza da evidência foi classificada como baixa por causa da imprecisão e das comparações indiretas. Em conclusão, nenhuma intervenção na fase de dentição mista é a pior escolha para manejo de caninos permanentes impactados por palatino.

The present study aimed to systematically review the literature and critically evaluate the results of randomized clinical trials to determine whether there is a better interceptive treatment for palatally impacted permanent canines in the mixed dentition phase. A broad search of the PubMed/MEDLINE, CENTRAL, Scopus, EMBASE and gray literature databases was carried out in order to identify studies related to the research question. Two reviewers independently and in duplicate selected the studies according to the eligibility criteria, extracted the data, assessed the risk of bias and the certainty of the evidence. The inclusion criteria were clinical studies that investigated some interceptive treatment in the mixed dentition phase for impacted permanent canines. After reading the full text, nonrandomized studies, which had a follow-up period lower than 12 months, a drop-out rate ≥ 30%, whose participants were not evaluated in the same way and for the same period, which included participants with craniofacial syndromes and did not evaluate the eruption of impacted permanent canines without surgical intervention as an outcome were excluded. The risk of bias was assessed using the RoB 2 tool and the certainty of the evidence using the GRADE approach. Network meta-analysis was performed to evaluate the effect of different interceptive treatments on the eruption of palatally impacted permanent canines. The surface under the cumulative classification curves (SUCRA) was calculated to rank the interventions, indicating the probability of a treatment being one of the better options. Of the 892 eligible studies, 18 were selected for full-text analysis and 9 were included in the meta-analysis, including 506 participants and 730 impacted permanent canines for the comparisons of 9 approaches. The proportion of impacted permanent canines erupted was significantly higher for all interceptive treatments compared to the control (no treatment). The proportion of erupted impacted permanent canines was higher in patients undergoing rapid maxillary expansion (ERM) than in those who received primary canine and first molar extraction (RR=2.68 95% CIr 1.12-9.35). A higher proportion of erupted impacted permanent canines was found for ERM (RR=3.07 95% CIr 1.31-10.67), ERM associated with the use of transpalatal arch (TA) and extraction primary canines (CE) (RR=1 .43 ICr95% 1.09-1.95), CE associated with the use of extra-oral cervical traction (RR=1.38 ICr95% 1.11-1.79), CE associated with the use of TA (RR= 1.36 95% CIr 1.00-1.9) compared to EC. Overall, the certainty of the evidence was rated low because of imprecision and indirect comparisons. In conclusion, no intervention in the mixed dentition phase is the worst choice for management of palatally impacted permanent canines.