Estudo “REALITATEM” - Realidade Mista em Nefrectomia Parcial Robótica : primeira experiência com Brainlab Software e Magic Leap 1

Abstract

Evidências apontam um importante crescimento no uso de modelos tridimensionais (3D) durante o planejamento pré-operatório e navegação intraoperatória, principalmente em nefrectomias parciais assistidas por robô (NPAR). Modelos 3D podem ser acessados através de realidade aumentada (RA), realidade virtual (RV) ou modelos impressos. Basicamente, a RV corresponde a um ambiente visual artificial 3D, enquanto a RA envolve visualização de objetos virtuais sobrepostos ao mundo real. À combinação de RV com RA dá-se o nome de Realidade Mista (REMIST), a qual objetiva melhorar desfechos peri-operatórios, mantendo e potencialmente melhorando os desfechos oncológicos. Margens livres, ausência de complicações cirúrgicas e tempo de isquemia reduzido (<25 minutos) constituem a Trifecta Renal, padrão-ouro no tratamento de tumores renais. Com base nisso, o presente trabalho teve como objetivo analisar a eficácia do uso de REMIST em NPAR com auxílio do software Brainlab Elements e do dispositivo Magic Leap 1. Para tal análise este ensaio clínico randomizado recrutou 45 pacientes com lesões renais e indicação de ressecção cirúrgica pela suspeita de malignidade, alocados nos grupos intervenção (NPAR com uso de REMIST), nomeado pelos autores como grupo Realitatem (GR), e controle (GC, NPAR sem uso de REMIST). Foram realizadas análises descritivas e inferenciais comparando ambos os grupos em relação a variáveis sociodemográficas, pré-operatórias, perioperatórias, funcionais e histopatológicas, por meio dos testes não paramétricos Mann-Whitney, Qui-quadrado (Chi2) e Teste Exato de Fisher. Análises apontaram diferenças estatisticamente significativas no tempo de isquemia (p = .045) e na decisão por clampeamento seletivo (p = .013). Este é o primeiro ensaio clínico que comparou pacientes submetidos a NPAR com e sem o uso de REMIST, não apenas com o uso de RV, e de maneira randomizada. Assim, nossos resultados colaboram para estabelecer os benefícios que o uso de REMIST agrega à preservação da função renal, sem agregar maior morbidade aos pacientes submetidos à nefrectomia parcial.

Evidence points to a significant increase in the use of three-dimensional (3D) models during preoperative planning and intraoperative navigation, especially in robot-assisted partial nephrectomies (RAPN). 3D models can be accessed through augmented reality (AR), virtual reality (VR) or printed models. Basically, VR corresponds to an artificial 3D visual environment, while AR involves viewing virtual objects superimposed on the real world. The combination of VR and AR is called Mixed Reality (REMIST), which aims to improve perioperative outcomes, maintaining and potentially improving oncological outcomes. Free margins, absence of surgical complications and reduced ischemia time (<25 minutes) constitute the Renal Trifecta, the gold standard in the treatment of renal tumors. Based on this, the present study aimed to analyze the efficacy of using REMIST in NPAR with the aid of Brainlab Elements software and the Magic Leap 1 device. For this efficacy analysis, 45 patients with renal lesions and indication for surgical resection due to suspected malignancy were recruited and randomly allocated to the intervention group (NPAR with use of REMIST), named by the authors as Realitatem group (RG), and to the control group (CG, NPAR without use of REMIST). Descriptive and inferential analyses were performed comparing both groups in relation to sociodemographic, preoperative, perioperative, functional and histopathological variables, using the nonparametric Mann Whitney, Chi-square (Chi2) and Fisher's exact tests. Analyses indicated statistically significant differences in ischemia time (p = .045) and in the decision for selective clamping (p = .013). This is the first clinical trial that compared patients undergoing NPAR with and without the use of REMIST, not only with the use of VR, and in a randomized manner. Thus, our results contribute to establishing the benefits that the use of REMIST adds to the preservation of renal function, without adding greater morbidity to patients undergoing partial nephrectomy.