Liberalização e integração financeira no contexto da desigualdade de renda

Abstract

Este estudo tem como objetivo identificar os possíveis impactos da liberalização e da integração financeira externa na distribuição da renda. Para isso, é utilizada uma abordagem predominantemente qualitativa, com a combinação de uma revisão integrativa da literatura científica e evidências empíricas baseadas em dados de fontes institucionais, como o FMI, além de indicadores como o índice de Palma e o índice Kaopen. A análise abrange o período entre 1980 e 2023, com a segregação entre economias emergentes, avançadas e as distintas regiões. Os resultados indicam que a liberalização financeira exacerba as desigualdades, especialmente em países com instituições frágeis. Evidenciou-se que a maior abertura financeira está associada ao aumento da desigualdade de renda por meio de três canais principais: compartilhamento de riscos limitado, maior probabilidade de crises financeiras e aumento do Investimento Estrangeiro Direto, que tende a elevar a demanda por trabalhadores mais qualificados, o que amplia a disparidade salarial em relação aos menos qualificados. O estudo sintetiza a mudança da visão institucional do FMI em relação ao tema, bem como contribui para o entendimento das relações entre globalização financeira e desigualdade.

This study aims to analyze the potential impacts of financial liberalization and integration on income distribution. To this end, a predominantly qualitative approach is employed, combining an integrative review of scientific literature and empirical evidence based on data from institutional sources, such as the IMF, along with indicators like the Palma ratio and the Kaopen index. The analysis covers the period from 1980 to 2023, distinguishing between emerging and advanced economies as well as different regions. The results indicate that financial liberalization exacerbates inequalities, particularly in countries with weak institutions. It was found that greater financial openness is associated with increased income inequality through three main channels: limited risk-sharing, higher likelihood of financial crises, and increased Foreign Direct Investment, which tends to boost demand for higher-skilled workers, thereby widening the wage gap with lower-skilled workers. The study synthesizes the IMF's evolving institutional perspective on the subject and contributes to a better understanding of the relationship between financial globalization and inequality.