Ganho de peso gestacional segundo as novas curvas brasileiras de peso gestacional e relação com retenção de peso pós - parto : estudo de coorte maternar

Abstract

Introdução: O ganho de peso gestacional (GPG) é um determinante crucial tanto para a retenção de peso materno pós-parto, quanto para a predisposição ao sobrepeso e à obesidade infantil. É essencial compreender os padrões de retenção de peso materno após o parto, a partir da nova recomendação brasileira de GPG, adotada pelo Ministério da Saúde em 2022. Objetivo: Descrever a retenção de peso pós-parto (RPPP) nos períodos de 12-24 meses e acima de 24 meses e avaliar a sua associação com o IMC pré-gestacional e com o GPG total, considerando as novas recomendações brasileiras para o GPG. Método: Foi realizada uma análise secundária de dados provenientes do estudo de coorte prospectivo "Maternar". A descrição da amostra foi realizada por meio de frequência relativa e absoluta, média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartílico. As associações entre as variáveis IMC pré-gestacional e GPG total com RPPP maior que 7 kg foram analisadas através do teste qui-quadrado de Pearson. Resultados: Ao todo, 61,8% das mulheres iniciaram a gestação com excesso de peso, sendo 37,6% classificadas com sobrepeso e 24,2% com obesidade. Apenas 38,3% apresentaram IMC pré-gestacional eutrófico. Ademais, 74,1% das gestantes excederam as recomendações de GPG total. A retenção de peso pós-parto mediana foi de 4 kg entre 12 e 24 meses, aumentando para 4,75 kg após 24 meses. A RPPP superior a 7 kg até 24 meses foi associada ao GPG total excessivo (p=0,032), mas não ao IMC pré-gestacional indicativo de excesso de peso (p=0,378). Conclusão: A retenção de peso pós-parto, estimada pelo novo padrão brasileiro de GPG, parece aumentar do parto até os 24 meses e apresentar associação com o GPG total excessivo. Este achado reforça a necessidade do rastreamento adequado de GPG no cuidado pré-natal a fim de possibilitar a realização de intervenções precoce focadas na promoção de mudanças no estilo de vida e prevenir o desenvolvimento de comorbidades associadas ao excesso de peso.

Background: Gestational weight gain (GWG) is a critical determinant of both postpartum maternal weight retention and the predisposition to childhood overweight and obesity. Understanding maternal postpartum weight retention patterns based on the new Brazilian GWG recommendations, adopted by the Ministry of Health in 2022, is essential. Objective: To describe postpartum weight retention (PPWR) at 12–24 months and beyond 24 months postpartum, and to evaluate its association with pre-pregnancy BMI and total GWG, considering the new Brazilian recommendations for GWG. Methods: A secondary data analysis was conducted using information from the prospective cohort study "Maternar." Sample characteristics were described using relative and absolute frequencies, mean and standard deviation, or median and interquartile range. Associations between pre-pregnancy BMI, total GWG, and PPWR greater than 7 kg were analyzed using Pearson's chi-square test. Results Results: Overall, 61.8% of women began pregnancy with excess weight, with 37.6% classified as overweight and 24.2% as obese. Only 38.3% had a pre-pregnancy BMI within the eutrophic range. Furthermore, 74.1% of pregnant women exceeded the recommended total GWG. The median postpartum weight retention was 4 kg between 12 and 24 months, increasing to 4.75 kg after 24 months. PPWR exceeding 7 kg by 24 months was associated with excessive total GWG (p=0.032) but not with a pre-pregnancy BMI indicative of excess weight (p = 0.378). Conclusion: Postpartum weight retention, as estimated by the new Brazilian GWG standard, appears to increase from childbirth to 24 months and is associated with excessive total GWG. This finding underscores the importance of adequate GWG monitoring during prenatal care to enable early interventions focused on promoting lifestyle changes and preventing comorbidities associated with excess weight.