O cotidiano de crianças com câncer hospitalizadas e sua saúde mental : percepção dos familiares

Abstract

Objetivo: Descrever o cotidiano e a saúde mental de crianças com câncer hospitalizadas a partir da percepção de suas famílias. Método: Trata-se de um estudo qualitativo exploratório e descritivo, realizado na Unidade de Internação de Oncologia Pediátrica 3º Leste, que faz parte do Serviço de Enfermagem Pediátrica (SEPED) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Foram convidados a participar, 11 familiares de crianças com câncer internadas na referida unidade que atendiam aos critérios do estudo. As informações foram obtidas através de entrevista semiestruturada e foram analisadas de acordo com a Análise Temática, proposta por Minayo (2014), compreendendo as etapas de pré-análise, exploração do material e o tratamento e interpretação dos resultados obtidos, tendo gerado três categorias: “O cotidiano da criança durante a internação”, “A saúde mental da criança durante a internação” e “Facilitadores na internação para a criança”. Resultados: Das três categorias, emergiram sete subcategorias. Da categoria “O cotidiano da criança durante a internação” surgiram as subcategorias: “Rotina da internação” e “Contato com a equipe''. A partir da categoria “A saúde mental da criança durante a internação”, as seguintes subcategorias se sobressaíram: “Sentimentos e atitudes da criança”, “Entendimento da criança sobre a sua doença” e “Efeitos adversos da quimioterapia e excesso de procedimentos”. Já da categoria “Facilitadores da internação para a criança”, emergiram as subcategorias: “Contato com os pais” e “O uso da recreação pela criança”. Considerações finais: O presente estudo poderá contribuir com o atendimento integral e humanizado desses pacientes, podendo desestigmatizar a assistência em oncologia pediátrica e ver a criança para além da sua doença. É preciso compreender que por trás do enfrentamento do câncer e de crianças por vezes descritas como “manhosas”, “choronas”, “raivosas” e “difíceis”, existe um indivíduo com sentimentos, vontades, medos e desejos, que tem total potencial de, conforme sua faixa etária, ter seu sofrimento mental compreendido e acolhido, tornando-se sujeito ativo do seu cuidado e podendo fornecer ao profissional da saúde subsídio para transmitir-lhe conforto e bem-estar, mesmo que no enfrentamento do que é, possivelmente, o maior desafio de suas vidas.

Objective: Describe the daily life and mental health of hospitalized children with cancer from their families perspective. Methods: This is an exploratory and descriptive qualitative study, carried out at the Pediatric Oncology Inpacient Unit 3º East, that belongs to the Pediatric Nursing Service (SEPED) of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Eleven family members of chcildren with cancer admited to the present hospital unit who met the study criteria were invited to participate. The informations were achieved through semi-structured interviews and analyzes according to the Thematic Analysis suggested by Minayo (2014), including three steps: pre-analysis, exploration of the material and processing and interpretation of the results, generating three categories: “The daily life of the child during hospitalization”, “The child's mental health during hospitalization" and "Facilitators in hospitalization for the child". Results: From the three categories, seven subcategories emerged, from the category “The child's daily life during hospitalization” the subcategories emerged were: “Inpatient routine” and “Contact with the staff''. From the category "Child's mental health during hospitalization", the following subcategories stood out: "Child's feelings and attitudes", "Child's understanding of their illness" and "Adverse effects of chemotherapy and excess of procedures". From the category “Facilitators of hospitalization for the child”, the subcategories emerged were: “Contact with the parents” and “The use of recreation by the child”. Conclusions: The present study will contribute to the integral and humanized care of these patients, being able to destigmatize the care in pediatric oncology and see the child beyond their disease. It is necessary to understand that behind the fight against cancer and behind children often described as “sneaky”, “whiny”, “angry” and “tough”, there is an individual with feelings, desires, fears and wishes, who have full potential to, according to their ages, have their mental suffering understood and embraced, becoming an protagonist of their care and being able to provide to the health professionals knowledge to give them comfort and well-being, even when facing what is possibly the biggest challenge of their lives.