O ser ou o parecer surrealista

Abstract

Partindo da constatação de que a palavra “surrealismo” é comumente empregada em acepções confusas, contraditórias ou suspeitas, o artigo se propõe a esclarecer os princípios essenciais do movimento. Inicia citando um trecho do Manifesto de 1924, no qual André Breton já distinguia o espírito e a letra do surrealismo. Depois, se debruça sobre duas perguntas: quem pode se dizer surrealista? O que é sersurrealista?, para, então, elucidar a distinção entre o ser e o parecer surrealista. Após, estuda quais são os limites históricos do movimento surrealista e aponta os valores eternos com os quais o surrealismo se identifica: o amor, a liberdade, a poesia. Sintetizando, o artigo mostra que adefinição rigorosa da letra do surrealismo permite precisar seu espírito com ainda mais liberdade, bem como localizar historicamente o movimento surrealista. À guisa de conclusão, o autor encerra com alguns comentários pessoais sobre o surrealismo, nos quais ele se situa como militante do movimento, de 1964 a 1969, como escritor e como defensor do espírito surrealista.

Starting from the observation that the word "surrealism" is commonly used inconfusing, contradictory or suspicious meanings, this article sets out to clarify the essential principles of the movement. It begins by quoting a passage from the 1924 Manifesto, in which André Breton already distinguished the spirit and the letter of surrealism. It then looks at two questions: who can call himself a surrealist? And what does it mean to be surrealist?, in order to then elucidate the distinction between being a surrealist and appearing to be surrealist. Next, it studies the historical limits of the surrealist movement and points out the eternal values with which surrealism identifies itself: love, freedom and poetry. In summary, the article shows that a rigorous definition of the letter ofsurrealism allows us to specify its spirit even more freely, as well as to locate the surrealist movement historically. By way of conclusion, the author closes with some personal comments on surrealism, in which he situates himself as a militant of the movement, from 1964 to 1969, as a writer and as a defender of the surrealist spirit.