Uma anamorfose do dia 7 de setembro de 1972 : a comemoração do Sesquicentenário da Independência do Brasil como uma encruzilhada histórica (Porto Alegre)

Abstract

No ano de 1972 o Brasil completou 150 anos de sua Independência. O país vivia um regime ditatorial há 8 anos, e estava sendo governado pelo general Emílio Garrastazu Médici. É nesse contexto que inúmeros eventos comemorativos foram organizados e realizados em todo o território nacional para rememorar a História da Independência do Brasil. Em Porto Alegre, o jornal Zero Hora divulgou a cobertura desses festejos de maneira intensa, com uma edição especial no dia 07 de setembro de 1972. Sendo assim, essa pesquisa pretende analisar quais elementos históricos são mobilizados e como são mobilizados para a comemoração do dia da Pátria no contexto do Sesquicentenário da Independência do Brasil. Pensando em problematizar o ufanismo associado a essa efeméride, um dos objetivos do trabalho é refletir sobre a utilização de datas históricas como forma de comemoração e propagação de ideais políticos. Dessa forma, para entender as diversas camadas de outros tempos históricos que constituíram o Sesquicentenário da Independência do Brasil, utilizo a proposta de elaboração da escrita de uma anamorfose, em que é proposto escrever uma narrativa histórica a partir de uma outra poética do tempo. Através de um pequeno recorte cronológico de um dia, se demonstra os variados níveis e formas de intercomunicação dos usos do passado, compreendendo que um dia é na verdade uma espécie de teia das continuidades do passado com o presente e futuro, formando uma encruzilhada histórica.

In 1972, Brazil celebrated the 150th anniversary of its independence. The country had been under a dictatorial regime for eight years and was being governed by General Emílio Garrastazu Médici. It was in this context that numerous commemorative events were organized and held throughout the country to commemorate the history of Brazil's independence. In Porto Alegre, the newspaper Zero Hora covered these celebrations intensively, with a special edition on September 7, 1972. Therefore, this research aims to analyse which historical elements are mobilized and how they are mobilized to commemorate Homeland Day in the context of the Sesquicentenary of Brazil's Independence. With a view to problematizing the ufanism associated with this ephemeris, one of the aims of the work is to reflect on the use of historical dates as a way of commemorating and propagating political ideals. Thus, in order to understand the various layers of other historical times that made up the Sesquicentenary of Brazilian Independence, I use the proposal of writing an anamorphosis, in which it is proposed to write a historical narrative from another poetics of time. Through a small chronological section of a day, I demonstrate the various levels and forms of intercommunication between the uses of the past, understanding that a day is actually a kind of web of continuities between the past and the present and future, forming a historical crossroads.