Psychotria leiocarpa Cham. & Schlecht. : propagação por sementes e efeito da qualidade de luz na produção do alcalóide N-B-D-Glicopiranosilvicosamida

Abstract

Psychotria leiocarpa Cham. & Schlecht, é nativa do Brasil, Argentina e Paraguai e tem ampla distribuição no Rio Grande do Sul. Esta espécie produz um alcalóide indólico monoterpênico majoritário em folhas denominado N, B-D-glicopiranosilvincosamida (GPV). O extrato alcaloídico do P. leiocarpa apresenta atividade analgésica inespecífica. As plantas produzem uma ampla variedade de compostos orgânicos que não participam diretamente do seu crescimento e desenvolvimento, os chamados metabólitos secundários. Os metabólitos secundários desempenham um importante papel ecológico, auxiliando na adaptação da planta ao seu ambiente. Os alcalóides compõem uma classe de metabólitos secundários que desempenham funções variadas na planta, incluindo proteção contra patógenos, proteção contra radiação UV, reserva de nitrogênio e ação alelopática. O presente trabalho buscou otimizar protocolos de propagação via germinação de sementes de P. leiocarpa, visando a obtenção de material vegetal cataliticamente ativo para posteriores estudos de regulação de GPV. Além disso, também visou elucidar os efeitos de diferentes qualidades de luz no acúmulo de GPV, no intuito de identificar o provável sistema fotorreceptor envolvido na regulação de acúmulo deste composto. Os resultados indicaram que a germinação da espécie é relativamente lenta e irregular, sendo a semeadura logo após a coleta ou após 24 horas de armazenamento sob baixas temperaturas (10 $ 2°C) bons protocolos de propagação por sementes, atingindo percentagens totais de germinação de cerca de 80% em três meses. O uso de filtros para enriquecimento de radiação visível na faixa do azul, vermelho e vermelho-extremo incidente sobre as plântulas aumentaram significativamente os teores deste alcalóide em relação à incidência de luz branca de mesma intensidade, sem afetar o crescimento das plântulas em peso seco ou o teor de hexoses e proteínas nas folhas. É sugerido um papel regulatório para luz na biossíntese de GPV, possivelmente envolvendo mais de uma classe de fotorreceptores atuando em conjunto.