Potencial relação dos eosinófilos nos vilos duodenais com o Helicobacter pylori e com a dispepsia funcional : análises secundárias de ensaio clínico randomizado

Abstract

Base teórica e Objetivos: Os eosinófilos duodenais têm sido implicados como um potencial fator etiológico da dispepsia funcional, e sua associação com Helicobacter pylori é pouco compreendida. Este estudo tem como objetivo avaliar a potencial associação dos eosinófilos nos vilos duodenais com sintomas dispépticos, e avaliar a influência do tratamento do H. pylori nos eosinófilos dos vilos duodenais. Métodos: Um total de 32 pacientes dispépticos funcionais, de acordo com os critérios de Roma III, H. pylori positivos, foram aleatoriamente distribuídos em 2 grupos de tratamento: 16 receberam tratamento para H. pylori com antibióticos e 16 receberam placebos. Os pacientes foram submetidos a duas endoscopias gastrointestinais superiores com biópsias gástricas e duodenais, uma basal e outra 12 meses após o tratamento. A positividade para o H. pylori foi avaliada com teste de urease e histologia gástrica (Hematoxilina-eosina e Giemsa). Amostras duodenais foram coradas com Hematoxilina-eosina, e a contagem de eosinófilos nas vilosidades duodenais foi realizada em um campo de grande aumento (Eos/CGA). Um questionário validado (PADYQ) foi utilizado para avaliar a intensidade dos sintoma dispépticos antes do tratamento e ao final do acompanhamento. A variação dos eosinófilos nos vilos duodenais, antes e 12 meses após o tratamento, foi comparada entre os dois grupos de tratamento para o H. pylori e entre pacientes com e sem melhora dos sintomas dispépticos. A contagem dos eosinófilos duodenais também foi avaliada com relação a variáveis demográficas. Resultados: Do total de pacientes, 87,5% eram do sexo feminino e a idade média foi de 44,75 anos. No final do acompanhamento, não houve diferença significativa na variação dos eosinófilos nos vilos duodenais entre os dois grupos de tratamento para o H. pylori [Antibióticos: -1,56 (± 1,66) Eos/CGA vs Placebo: 1,13 (± 1,45) Eos/CGA, p = 0,232]. Também não houve diferença na variação dos eosinófilos nas vilosidades duodenais entre pacientes com e sem melhora dos sintomas dispepticos [com melhora dos sintomas: -2,38 (± 1,86) Eos/CGA vs sem melhora dos sintomas: -0,61 (± 1,33) Eos/CGA, p = 0,417]. Análise de regressão linear multivariada observou tendência indicando associação entre idade avançada e níveis mais altos de eosinófilos nos vilos duodenais (p = 0,086). Conclusão: Os resultados deste estudo demonstraram que o tratamento para H. pylori não teve impacto significativo nos eosinófilos dos vilos duodenais. E, melhora dos sintomas dispépticos não se correlacionou com alterações dos eosinófilos nos vilos duodenais.

Background and Aims: Duodenal eosinophils have been implicated as a potential factor on the etiology of functional dyspepsia, and their association with Helicobacter pylori is poorly understood. This study aims to evaluate the potential association of eosinophils infiltration in duodenum with dyspeptic symptoms and evaluated the influence H. pylori treatment in duodenal villi eosinophils. Methods: A total of 32 functional dyspeptic patients, according to the Rome III criteria, H. pylori positive, were randomly assigned to 2 treatment groups: 16 received H. pylori treatment with antibiotics and 16 received placebo. Patients underwent two upper gastrointestinal endoscopies with gastric and duodenal biopsies, one at baseline and another 12 months after treatment. H. pylori positivity was assessed with urease test and gastric histology (Hematoxylin-eosin and Giemsa). Duodenal samples were stained with Hematoxylin-eosin, and duodenal villi eosinophil count was performed in one high-power field (Eos/HPF). A validated questionnaire (PADYQ) was used to assess the severity of dyspeptic symptoms before treatment and at the end of follow-up. The variation in duodenal villi eosinophils before and 12 months after treatment was compared between the two H. pylori treatment groups and between patients with and without improvement in dyspeptic symptoms. Duodenal eosinophil counts were also assessed in relation to demographic variables. Results: Of the patients, 87.5% were female and the mean age was 44.75 years. At the end of the follow-up, there was no significant difference in the variation of eosinophils in the duodenal villi between the two H. pylori treatment groups [Antibiotics: -1.56 (± 1.66) Eos/HPF vs Placebo: 1.13 (± 1.45) Eos/HPF, p = 0.232]. Also, there were no difference in the variation of eosinophils in the duodenal villi between patients with and without improvement in dyspeptic symptoms [with symptom improvement: -2.38 (± 1.86) Eos/HPF vs without symptom improvement: -0.61 (± 1.33) Eos/HPF, p = 0.417]. Multivariate linear regression analysis 9 observed a trend indicating an association between advanced age and higher eosinophil levels in the duodenal villi (p = 0.086). Conclusion: The results of this study demonstrated that treatment for H. pylori had no significant impact on duodenal villi eosinophils. And the improvement of dyspeptic symptoms did not correlate with changes in eosinophils in the duodenal villi.