“Te afirma, sor Márcio” : experiência negra, negritude, educação física e educação libertadora em uma autoetnografia crítica em uma escola da rede municipal de ensino de Porto Alegre

Abstract

Esta tese de doutorado tematiza a negritude e as suas relações com a Educação Física escolar, por meio da intersubjetividade das diferentes experiências negras que constituem a cultura escolar e o contexto particular de uma das escolas da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre/RS, escola esta, que sou professor de Educação Física desde 2014. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, caracteriza-se como uma autoetnografia crítica e teve como problematização do conhecimento: como se inscreve a experiência negra do professor de Educação Física na negritude da cultura particular e compartilhada de uma escola da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre? Esta autoetnografia crítica foi realizada entre fevereiro a dezembro de 2022. Esta autoetnografia crítica permitiu desvelar, por meio da história de vida do pesquisador, suas experiências vividas e compartilhadas no contexto cultural da escola, reflexividade para desenvolver o empreendimento intelectual, onto espistemológico, da negritude que foi base para pensar a construção de conhecimento acadêmico e de prática educativa. Ao longo da realização da autoetnografia crítica, os instrumentos de coleta de informação foram: participante observação, diálogos, análise de documentos, registros em diário de pesquisa e produção de registro em notas de áudio. A pesquisa foi realizada em dois turnos com as turmas que trabalho como professor de Educação Física. O marco teórico foi construído com dois autores de referência, Abdias Nascimento e Paulo Freire, com os quais dialoguei sobre a experiência negra, a conscientização, a educação libertadora e a descolonização. Após a revisão de literatura, a interpretação e a análise das informações, foram produzidas três seções que emergiram das experiências vividas, da própria revisão, das disciplinas do doutorado e das leituras realizadas: a experiência negra do professor Márcio, o corpo negro e a negritude e Educação Física. Nas tramas desveladas pela própria história, pelo corpo negro e suas experiências vividas e compartilhadas, chego à tese de que a ontoepisteme da negritude é produto da conscientização do corpo negro, logo, demarca um lugar na produção de conhecimento e no currículo escolar, no componente curricular Educação Física, que pode ser significado pela experiência existencial do corpo negro em processo de conscientização e libertação. Uma ontoepisteme da negritude me parece a confluência de todos esses movimentos, de pensar outro currículo, outros conhecimentos, outros saberes, outras práticas (corporais), outra escola, outra sociedade, outra academia e outra ciência não como determinismo, mas como possibilidade de libertação, descolonização, conscientização e afirmação da própria negritude.

This doctoral thesis addresses blackness and its relations with school Physical Education, through the intersubjectivity of different black experiences that constitute school culture and the particular context of one of the schools in the Municipal Education Network of Porto Alegre/RS, this school, that I have been a Physical Education teacher since 2014. This qualitative research is characterized as a critical self-ethnography and had as knowledge problematization: How is the Black experience of the Physical Education teacher inscribed in the blackness of the particular and shared culture of a school of the Municipal Education Network of Porto Alegre? This critical self-ethnography was carried out from February to December 2022. This critical self-ethnography allowed revealing, through the researcher's life story, his lived and shared experiences in the cultural context of the school, reflexivity to develop the intellectual enterprise, onto epistemological, of the blackness that was basis for thinking about the construction of academic knowledge and educational practice. Throughout the performance of the critical self-ethnography, the instruments for collecting information were: participant observation, dialogues, document analysis, records in a research diary and production of recordings in audio notes. The research was carried out in two shifts with the classes that I work with as a Physical Education teacher. The theoretical framework was built with two reference authors, Abdias Nascimento and Paulo Freire, with whom I dialogued about the black experience, awareness, liberating education and decolonization. After the literature review, interpretation and analysis of the information, three sections were produced that emerged from the lived experiences, from the review itself, from the doctoral disciplines and from the readings carried out: Professor Márcio's black experience, the black body and blackness and Physical Education. In the plots unveiled by history itself, by the black body and its lived and shared experiences, I arrive at the thesis that the onto-episteme of blackness is a product of the awareness of the black body, therefore, it demarcates a place in the production of knowledge and in the school curriculum, in the Physical Education curricular component, which can be signified by the existential experience of the black body in the process of awareness and liberation. An onto-episteme of blackness seems to me to be the confluence of all these movements, of thinking about another curriculum, other knowledge, other knowledge, other (body) practices, another school, another society, another academy and another science not as determinism, but as a possibility, of liberation, decolonization, awareness and affirmation of blackness itself.

Esta tesis doctoral aborda la negritud y sus relaciones con la Educación Física escolar, a través de la intersubjetividad de diferentes experiencias negras que constituyen la cultura escolar y el contexto particular de una de las escuelas de la Red Municipal de Educación de Porto Alegre/RS, esta escuela, que tengo Profesor de Educación Física desde 2014. Esta investigación cualitativa se caracteriza como una autoetnografía crítica y tuvo como problematización del conocimiento: ¿Cómo se inscribe la experiencia negra del profesor de Educación Física en la negritud de la cultura particular y compartida de una escuela? de la Red Municipal de Educación de Porto Alegre? Esta autoetnografía crítica se realizó de febrero a diciembre de 2022. Esta autoetnografía crítica permitió revelar, a través de la historia de vida del investigador, sus experiencias vividas y compartidas en el contexto cultural de la escuela, la reflexividad para desarrollar el emprendimiento intelectual, sobre epistemología. , de la negritud que fue base para pensar la construcción del conocimiento académico y la práctica educativa. A lo largo de la realización de la autoetnografía crítica, los instrumentos de recolección de información fueron: observación participante, diálogos, análisis de documentos, registros en un diario de investigación y producción de grabaciones en notas de áudio. La investigación se realizó en dos turnos con las clases con las que trabajo como docente de Educación Física. El marco teórico se construyó con dos autores de referencia, Abdias Nascimento y Paulo Freire, con quienes dialogé sobre la experiencia negra, la sensibilización, la educación liberadora y la descolonización. Luego de la revisión bibliográfica, la interpretación y el análisis de las informaciones, se produjeron tres secciones que surgieron de las experiencias vividas, de la propia revisión, de las disciplinas doctorales y de las lecturas realizadas: la experiencia negra del profesor Márcio, el cuerpo negro y la negritud y Educación Física. En las tramas develadas por la historia misma, por el cuerpo negro y sus experiencias vividas y compartidas, llego a la tesis de que la onto-episteme de la negritud es producto de la conciencia del cuerpo negro, por tanto, delimita un lugar en el producción de conocimientos y en el currículo escolar, en el componente curricular de Educación Física, que puede significarse por la experiencia existencial del cuerpo negro en el proceso de conciencia y liberación. Una onto-episteme de la negritud me parece ser la confluencia de todos estos movimientos, de pensar en otro currículum, otro conocimiento, otros conocimientos, otras prácticas (corporales), otra escuela, otra sociedad, otra academia y otra ciencia, no como determinismo. , sino como posibilidad, de liberación, descolonización, conciencia y afirmación de la negritud misma.