Perfil fisicofuncional e efeitos terapêuticos da eletroestimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) em mulheres com enxaqueca crônica
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Data
2024Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: A enxaqueca crônica é uma condição neurológica, incapacitante e que além de expor o indivíduo a experiência de intensa dor, gera alterações fisicofuncionais. Objetivos: A presente tese tem como objetivo avaliar o perfil fisicofuncional e os efeitos terapêuticos da Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) em mulheres com enxaqueca crônica. As características fisicofuncionais deste grupo de pacientes foram abordadas através da análise da distribuição térmica facial ...
Introdução: A enxaqueca crônica é uma condição neurológica, incapacitante e que além de expor o indivíduo a experiência de intensa dor, gera alterações fisicofuncionais. Objetivos: A presente tese tem como objetivo avaliar o perfil fisicofuncional e os efeitos terapêuticos da Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) em mulheres com enxaqueca crônica. As características fisicofuncionais deste grupo de pacientes foram abordadas através da análise da distribuição térmica facial, percepção de intensidade dolorosa, cinetose, pânico e agorafobia, qualidade de vida e estabilidade postural (Artigo 1 e Manuscrito 1). Os efeitos terapêuticos da ETCC foram abordados através de uma revisão sistemática que avaliou o impacto da técnica sobre o consumo farmacológico de mulheres com enxaqueca crônica e através da análise de dados do estudo piloto de um ensaio clínico que avaliou o impacto da ETCC sobre variáveis de dor e funcionalidade em mulheres com enxaqueca crônica (Manuscritos 2 e 3). Métodos: No Artigo 01 foi utilizando termografia infravermelha para análise da distribuição da temperatura facial de 24 mulheres com enxaqueca crônica. (39,2 ± 7,7 anos) No Manuscrito 01, 22 mulheres com enxaqueca crônica (39,5±7,7anos) foram avaliadas quanto a intensidade e percepção de dor (Escala Visual Analógica - VAS e McGill Pain Questionnaire), cinetose (Dizziness Handicap Inventory - DHI), pânico e agorafobia (Escala de Pânico e Agorafobia - PAS), estabilidade postural (Teste Clínico de Integração Sensorial e Equilíbrio modificado - mCTSIB e Teste Clínico de Integração Sensorial e Equilíbrio - DGI) e qualidade de vida (WHOQOL-BREF). No Manuscrito 02 foi seguido as diretrizes PRISMA, com revisando 07 ensaios clínicos randomizados que incluíram 288 participantes predominantemente do sexo feminino. O Manuscrito 03, contou 08 mulheres (41,6± 8,5 anos) com enxaqueca crônica que foram submetidas a um protocolo que consistiu em aplicar 10 sessões ETCC catódica em córtex motor primário, em hemisfério ipsilateral ao que apresentava diminuição da temperatura de região frontal identificado através de termografia infravermelha. As variáveis avaliadas antes da intervenção (avaliação), um dia (reavaliação 1) e 30 após o término da intervenção (reavaliação 2) foram: dor (Diário de Episódios de Dor de Cabeça e Enxaqueca e Avaliação de Percepção de Intensidade de Dor por Escala Visual Analógica da Dor - EVA), cinetose (Dizziness Handicap Inventory – DHI), pânico e agorafobia (Panic and Agoraphobia Scale - PAS), equilíbrio estático e dinâmico (Clinical Test of Sensory Integration and Balance modified - mCTSIB e Clinical Test of Sensory Integration and Balance - DGI) e qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Em todos os estudos o nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Mulheres com enxaqueca crônica com manifestação de dor unilateral à direita apresentam discrepância térmica frontotemporal (p=0,023). Também observamos que os casos de enxaqueca com dor do lado direito diferem-se termograficamente dos casos com dor bilateral, apresentando diferença média de temperatura de região temporal direita < 0,001°C em relação ao mesmo ponto termoanatômico à esquerda, da mesma forma que mulheres com enxaqueca crônica com dor bilateral se diferenciam daquelas com queixa de dor à direita, onde região frontal à direita apresenta temperatura <0,11 °C em relação à região frontal à esquerda. O perfil físico-funcional de mulheres com enxaqueca crônica é constituído por dor com intensidade de 6,6+1,7 em EVA, 13,5% apresentam alteração do equilíbrio com impacto na marcha e aumento do risco de quedas; escores baixos para queixas de cinetose e pânico e agorafobia, com mediana de 34 e de 04 pontos, respectivamente; a qualidade de vida apresenta piores escores nos domínios psicológico e físico (53,2+16,9 e 60,2+17, respectivamente). Os escores de dor pela EVA estão significativamente associados ao escore de qualidade de vida total pelo WHOQOL - BREF, e, em média, para um ponto a mais na EVA, há redução de 6,3 pontos no escore de qualidade de vida. Oitenta e cinco porcento dos estudos analisados na revisão sistemática defendem um efeito positivo da ETCC com redução no consumo de medicamentos utilizados para controle de enxaquecas e a heterogeneidade dos protocolos de aplicação não parece influenciar negativamente seu efeito. Dada a inconformidade dos protocolos quanto ao número de aplicações, sua frequência (diária, semanal, quinzenal ou mensal), ao intervalo de tempo entre as aplicações, nossos achados são inconclusivos na defesa de um protocolo específico de ETCC que preveja resposta de maior redução no consumo de medicamentos usados para controlar enxaquecas com ou sem aura. Os efeitos a curto prazo da ETCC demonstraram melhorias significativas em variáveis que compuseram o Diário da Dor (preenchidos por cada participante durante o mês precedente à cada avaliação) onde houve redução significativa da avaliação para a reavaliação 1 (24 h após o término das sessões), mantida na reavaliação 2 (30 dias após o término das sessões), no número de dias de dor em um mês (p<0,001), número de ataques de enxaquecas (p<0,001), tempo médio dos ataques (p<0,001), número de analgésicos consumidos (p<0,001), total de uso de medicação (p<0,001) e na intensidade média de dor a redução foi significativa da avaliação para reavaliação 1 (p=0,036) sendo que, na reavaliação 2 os valores ficaram semelhantes a níveis obtidos na avaliação (p>0,05). Também observamos redução significativa da avaliação para a reavaliação 1, mantida na reavaliação 2, nos escores EVA (p<0,001) (intensidade da dor) e mCTSIB (p=0,006). Para o escore DGI, houve aumento significativo da avaliação para a reavaliação 1, mantido na reavaliação 2 (p=0,004). Os escores de qualidade de vida não apresentaram diferença estatisticamente significativa ao longo do tempo, porém notou-se que maiores reduções dos escores da EVA da avaliação para a segunda reavaliação foram associadas a maiores aumentos do escore de qualidade de vida neste mesmo período (r=-0,809; p=0,028). Conclusão: A enxaqueca crônica é capaz de gerar alterações fisicofuncionais em mulheres e a ETCC tem efeitos associados a redução do consumo de medicamentos e sobre variáveis fisicofuncionais em um período de 30 dias após encerramento do protocolo. ...
Abstract
Introduction: Chronic migraine is a disabling neurological condition that, in addition to exposing the individual to the experience of intense pain, generates physical and functional changes. Objectives: This thesis aims to evaluate the physical-functional profile and therapeutic effects of Transcranial Direct Current Electrostimulation (tDCS) in women with chronic migraine. The physical-functional characteristics of this group of patients were addressed through the analysis of facial thermal d ...
Introduction: Chronic migraine is a disabling neurological condition that, in addition to exposing the individual to the experience of intense pain, generates physical and functional changes. Objectives: This thesis aims to evaluate the physical-functional profile and therapeutic effects of Transcranial Direct Current Electrostimulation (tDCS) in women with chronic migraine. The physical-functional characteristics of this group of patients were addressed through the analysis of facial thermal distribution, pain intensity perception, motion sickness, panic and agoraphobia, quality of life and postural stability (Articles 1 and 2). The therapeutic effects of tDCS were addressed through a systematic review that evaluated the impact of the technique on the pharmacological consumption of women with chronic migraine and through the analysis of data from the pilot study of a clinical trial that evaluated the impact of tDCS on pain variables and functionality in women with chronic migraine (Articles 3 and 4). Methods: In Article 01, infrared thermography was used to analyze the facial temperature distribution of 24 women with chronic migraine. (39.2 ± 7.7 years) In Article 02, 22 women with chronic migraine (39.5 ± 7.7 years) were evaluated regarding pain intensity and perception (Visual Analogue Scale - VAS and McGill Pain Questionnaire), motion sickness (Dizziness Handicap Inventory - DHI), panic and agoraphobia (Panic and Agoraphobia Scale - PAS), postural stability (modified Clinical Test of Sensory Integration and Balance - mCTSIB and Clinical Test of Sensory Integration and Balance - DGI) and quality of life (WHOQOL-BREF). In Article 03, the PRISMA guidelines were followed, reviewing 07 randomized clinical trials that included 288 predominantly female participants. Article 04 included 08 women (41.6 ± 8.5 years) with chronic migraine who were subjected to a protocol that consisted of applying 10 sessions of cathodal tDCS to the primary motor cortex, in the hemisphere ipsilateral to the one with a decrease in temperature in the region. front identified through infrared thermography. The variables assessed before the intervention (assessment), one day (reassessment 1) and 30 days after the end of the intervention (reassessment 2) were: pain (Diary of Headache and Migraine Episodes and Assessment of Pain Intensity Perception by Visual Analogue Scale of Pain - VAS), motion sickness (Dizziness Handicap Inventory – DHI), panic and agoraphobia (Panic and Agoraphobia Scale - PAS), static and dynamic balance (Clinical Test of Sensory Integration and Balance modified - mCTSIB and Clinical Test of Sensory Integration and Balance - DGI) and quality of life (WHOQOL-BREF). In all studies, the significance level adopted was 5% (p<0.05). Results: Women with chronic migraine with unilateral pain on the right presented frontotemporal thermal discrepancy (p=0.023). We also observed that cases of migraine with pain on the right side differ thermographically from cases with bilateral pain, presenting an average difference in temperature of the right temporal region < 0.001°C in relation to the same thermoanatomical point on the left, in the same way as women with Chronic migraines with bilateral pain differ from those complaining of pain on the right, where the frontal region on the right presents a temperature <0.11 °C in relation to the frontal region on the left. The physical-functional profile of women with chronic migraine consists of pain with an intensity of 6.6+1.7 on VAS, 13.5% have changes in balance with an impact on gait and an increased risk of falls; low scores for complaints of motion sickness and panic and agoraphobia, with a median of 34 and 04 points, respectively; quality of life presents worse scores in the psychological and physical domains (53.2+16.9 and 60.2+17, respectively). VAS pain scores are significantly associated with the total quality of life score by WHOQOL - BREF, and, on average, for one additional point on the VAS, there is a reduction of 6.3 points in the quality of life score. Eighty-five percent of the studies analyzed in the systematic review support a positive effect of tDCS with a reduction in the consumption of medications used to control migraines and the heterogeneity of application protocols does not seem to negatively influence its effect. Given the nonconformity of the protocols regarding the number of applications, their frequency (daily, weekly, fortnightly or monthly), the time interval between applications, our findings are inconclusive in defending a specific tDCS protocol that provides a greater reduction in response. consumption of medications used to control migraines with or without aura. The short-term effects of tDCS demonstrated significant improvements in variables that made up the Pain Diary (filled out by each participant during the month preceding each assessment) where there was a significant reduction in the assessment for reassessment 1 (24 h after the end of the sessions) , maintained in reassessment 2 (30 days after the end of the sessions), in the number of days of pain in a month (p<0.001), number of migraine attacks (p<0.001), average time of attacks (p<0.001) , number of analgesics consumed (p<0.001), total medication use (p<0.001) and average pain intensity, the reduction was significant from assessment to reassessment 1 (p=0.036) and, reassessment 2, the values remained similar to levels obtained in the assessment (p>0.05). We also observed a significant reduction in the assessment for reassessment 1, maintained in reassessment 2, in the VAS (p<0.001) (pain intensity) and mCTSIB (p=0.006) scores. For the DGI score, there was a significant increase in the assessment for reassessment 1, maintained in reassessment 2 (p=0.004). Quality of life scores did not show a statistically significant difference over time, however it was noted that greater reductions in VAS scores from the assessment to the second reassessment were associated with greater increases in the quality of life score in the same period (r= -0.809; p=0.028). Conclusion: Chronic migraine is capable of generating physical-functional changes in women and tDCS has effects associated with reducing medication consumption and on physical-functional variables within a period of 30 days after ending the protocol. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Ciências Básicas da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Neurociências.
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