Estudo ex vivo da profundidade troclear do fêmur de gatos domésticos : comparação entre ultrassom, radiografia, tomografia computadorizada e medidas obtidas com a articulação dissecada

Abstract

A luxação medial de patela em felinos é uma importante causa de claudicação do membro pélvico nesta espécie. Esta afecção pode ser dividida em quatro graus distintos, onde o grau I representa o grau mais leve, no qual a patela se desloca livremente entre o sulco troclear e a tróclea do fêmur, e o grau IV que representa a forma mais grave, onde a patela permanece luxada mesmo com a manipulação. Uma das principais causas dessa patologia em felinos é o arrasamento do sulco troclear, sendo necessária muitas vezes a correção cirúrgica. Neste estudo foi avaliada e estabelecida a profundidade do sulco troclear na radiografia tangencial craniocaudal, na tomografia computadorizada e no ultrassom com membro em flexão de 90º (distal à patela) e 45º (proximal à patela) e, além disso, correlacionando essas medidas com o sulco troclear dissecado. Para isso foram utilizados 27 membros de cadáveres de gatos domésticos adultos sem histórico prévio. O valor médio do sulco troclear obtido foi de 1,59mm na radiografia tangencial, 1,51mm na ultrassonografia com membro em flexão de 90º, 1,04mm na avaliação ultrassonográfica com membro em flexão de 45º e 1,63mm na avaliação tomográfica. Nessas avaliações obtivemos correlação estatística positiva no ultrassom 90º e da radiografia tangencial craniocaudal com o sulco troclear femoral dissecado com membro em flexão de 90º. Ainda observamos correlação estatística entre os exames de imagem com exceção do ultrassom com membro flexionado em 45º. Portanto concluímos que a avaliação ultrassonográfica com membro flexão de 90º com mensuração realizada distal a patela demonstrou ser o exame mais acurado para avaliação do sulco troclear femoral em felinos.

Medial patellar dislocation in felines is an important cause of pelvic limb lameness in this species. This condition can be divided into four distinct grades, where grade I represents the mildest grade, in which the patella moves freely between the trochlear groove and the trochlea of the femur, and grade IV represents the most severe form, where the patella remains dislocated despite manipulation. One of the main causes of this pathology in felines is the destruction of the trochlear groove, which often requires surgical correction. In this study, the depth of the trochlear groove was evaluated and established on craniocaudal tangential radiography, computed tomography and ultrasound with the limb flexed at 90º (distal to the patella) and 45º (proximal to the patella) and, in addition, correlating these measurements with the dissected trochlear groove. For this purpose, 27 limbs from cadavers of adult domestic cats with no previous history were used. The average value of the trochlear groove obtained was 1.59mm on tangential radiography, 1.51mm on ultrasound with the limb flexed at 90º, 1.04mm on the ultrasound assessment with the limb flexed at 45º and 1.63mm on the tomographic assessment. In these evaluations, we obtained a positive statistical correlation in the 90º ultrasound and craniocaudal tangential radiography with the femoral trochlear groove dissected with the limb in 90º flexion. We still observed a statistical correlation between imaging exams, with the exception of ultrasound with the limb flexed at 45º. Therefore, we conclude that ultrasound evaluation with the limb flexed at 90º with measurements performed distal to the patella proved to be the most accurate examination for evaluating the femoral trochlear groove in felines.