Perfil do paciente submetido a ventilação mecânica não invasiva após o transplante de medula óssea
Visualizar/abrir
Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Resumo
O Transplante de Medula Óssea (TMO) é um método de tratamento utilizado nas doenças hematológicas, oncohematológicas, imunológicas e hereditárias. Consiste na infusão, por via endovenosa, de células progenitoras do tecido hemotopoético com objetivo de reestabelecer a medula óssea doente. O paciente passa por regime de condicionamento com altas doses de quimioterapia e/ ou radioterapia. Na fase de aplasia, o paciente necessita da reposição dos componentes sanguíneos através da infusão de grandes ...
O Transplante de Medula Óssea (TMO) é um método de tratamento utilizado nas doenças hematológicas, oncohematológicas, imunológicas e hereditárias. Consiste na infusão, por via endovenosa, de células progenitoras do tecido hemotopoético com objetivo de reestabelecer a medula óssea doente. O paciente passa por regime de condicionamento com altas doses de quimioterapia e/ ou radioterapia. Na fase de aplasia, o paciente necessita da reposição dos componentes sanguíneos através da infusão de grandes volumes de hemoderivados. Além disso, a hidratação severa para minimizar a toxicidade dos quimioterápicos, a nutrição parenteral total e as terapias medicamentosas administradas por via intravenosa causam uma sobrecarga hídrica no paciente que, ainda, pode estar combinada a disfunção cardíaca e renal. Todos esses fatores contribuem para uma complicação respiratória comum ao receptor de medula óssea: o edema pulmonar. A ventilação mecânica não invasiva (VNI) por pressão positiva, em conjunto com terapias medicamentosas, é amplamente recomendada pela literatura como tratamento para o edema pulmonar cardiogênico e não cardiogênico pelo seu efeito fisiológico positivo no sistema cardiopulmonar. Entretanto, pouco se sabe sobre o uso dessa terapia no tratamento de pacientes que desenvolvem edema pulmonar após o transplante de medula óssea. Objetivo: Analisar o perfil dos pacientes que necessitaram de VNI após o transplante de medula óssea e sua associação com os desfechos clínicos, a taxa de internação em UTI, a necessidade de VNI e a mortalidade. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo com base em análise de prontuários nos últimos 5 anos. Resultados: Foram avaliados os prontuários de 53 pacientes entre os anos de 2018 e 2022. A maioria dos pacientes (52,8%) foram submetidos ao transplante autólogo. O modo de VNI mais utilizado foi o CPAP (67,9 %). A comparação entre as contagens de células sanguíneas no dia da infusão e o dia do início da VNI foi significativamente menor no início do uso da VNI (p< 0,001) nas três variáveis sanguíneas analisadas nesses pacientes. Dos 53 pacientes submetidos a VNI, 17 (32,1%) precisaram ser internados na UTI e destes, 14 (26,4%) necessitaram de VMI. A mortalidade hospitalar foi de 24,5%, sendo que, dos 14 pacientes que foram submetidos a VM, 13 foram a óbito na internação hospitalar. Conclusão: A fase do transplante foi diretamente relacionada às complicações pulmonares e a necessidade do uso de VNI. Não houve diferença significativa entre o tipo de transplante e a necessidade da terapia, entretanto o transplante alogênico apresentou maior relação com desfechos desfavoráveis nesses pacientes. O uso de VMI foi significativamente associado com a maior mortalidade. O uso de VNI pode estar relacionado a um melhor prognóstico nestes pacientes pós-TMO. ...
Abstract
Bone Marrow Transplant (BMT) is a treatment method used for hematological, oncohematological, immunological, and hereditary diseases. It consists of the infusion, through intravenous route, of progenitor cells from the hematopoietic tissue with the aim of restoring the diseased bone marrow. The patient undergoes a conditioning regimen with high doses of chemotherapy and/or radiotherapy. During the aplasia phase, the patient requires replacement of blood components through the infusion of large ...
Bone Marrow Transplant (BMT) is a treatment method used for hematological, oncohematological, immunological, and hereditary diseases. It consists of the infusion, through intravenous route, of progenitor cells from the hematopoietic tissue with the aim of restoring the diseased bone marrow. The patient undergoes a conditioning regimen with high doses of chemotherapy and/or radiotherapy. During the aplasia phase, the patient requires replacement of blood components through the infusion of large volumes of blood derivatives. In addition, severe hydration to minimize the toxicity of chemotherapy, total parenteral nutrition, and intravenous drug therapies cause fluid overload in the patient, which may also be combined with cardiac and renal dysfunction. All these factors contribute to a common respiratory complication in bone marrow recipients: pulmonary edema. Non-invasive positive pressure ventilation (NPPV), in conjunction with drug therapies, is widely recommended in the literature as a treatment for both cardiogenic and non-cardiogenic pulmonary edema due to its positive physiological effect on the cardiopulmonary system. However, little is known about the use of this therapy in the treatment of patients who develop pulmonary edema after bone marrow transplantation. Objective: To analyze the profile of patients who required NPPV after bone marrow transplantation and its association with clinical outcomes, ICU admission rate, need for NPPV, and mortality. Materials and methods: This is a retrospective cohort study based on medical record analysis over the past four years. Results: The medical records of 53 patients between the years 2018 and 2022 were evaluated. The majority of patients (52.8%) underwent autologous transplantation. The most commonly used mode of NPPV was CPAP (67.9%). The comparison between blood cell counts on the day of infusion and the day of NPPV initiation was significantly lower at the start of NPPV use (p<0.001) for the three blood variables analyzed in these patients. Of the 53 patients undergoing NPPV, 17 (32.1%) needed to be admitted to the ICU, and of these, 14 (26.4%) required invasive mechanical ventilation (IMV). Hospital mortality was 24.5%, with 13 out of the 14 patients who underwent IMV dying during hospitalization. Conclusion: The transplant phase was directly related to pulmonary complications and the need for NPPV use. There was no significant difference between the type of transplant and the need for therapy, however, allogeneic transplantation showed a higher association with unfavorable outcomes in these patients. The use of IMV was significantly associated with higher mortality. The use of NPPV may be related to a better prognosis. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Pneumológicas.
Coleções
-
Ciências da Saúde (9068)Pneumologia (500)
Este item está licenciado na Creative Commons License