Operar por restrições : um estudo sobre o uso de restrições autoimpostas na obra de Bernard Tschumi e uma possível aproximação ao grupo literário OuLipo

Abstract

O presente trabalho explora a adoção de restrições autoimpostas no processo de projeto, com foco na análise da obra teórica e prática do arquiteto Bernard Tschumi, através dos “jogos textuais e gráficos” adotados pelo arquiteto em seus escritos iniciais – a partir de 1976 – até o seu trabalho mais conhecido – o projeto para o Parc de La Villette, de 1983. Para explicar a adoção de restrições como prática consciente, o estudo identifica o grupo literário francês OuLiPo como exemplo e precedente. Ao criar regras para trabalhar com as letras, sílabas, palavras ou parágrafos na construção de textos literários, o grupo atuava submetendo a escrita a uma série de jogos formais e compositivos. Independentemente das classificações estilísticas do arquiteto e do grupo literário, o processo operativo e as ferramentas adotadas por ambos contém similaridades, aspecto ainda pouco explorado. Como objetivo específico, o presente estudo visa encontrar esses paralelos através da análise e organização cronológica das publicações de Bernard Tschumi e identificação das citações ao grupo OuLiPo e outros teóricos da linguagem nos escritos do arquiteto. Além disso, a pesquisa especula sobre as regras estipuladas pelo arquiteto em seu processo de projeto através do redesenho de suas notações arquitetônicas. Metodologicamente, esta pesquisa se concentra em um recorte específico da vasta produção teórica e prática de Tschumi, destacando argumentos relevantes para este trabalho e isolando uma dimensão da produção do arquiteto que pode ser analisada sob a perspectiva de um processo operativo restritivo.

This study explores the adoption of self-imposed constraints in the design process, focusing on the analysis of the theoretical and practical work of architect Bernard Tschumi, through the “textual and graphic games” adopted by the architect in his early writings – from 1976 – up to his best-known work – the design for the Parc de La Villette, in 1983. To explain the adoption of constraints as a conscious practice, the study identifies the French literary group OuLiPo as an example and precedent. By creating rules for working with letters, syllables, words, or paragraphs in the construction of literary texts, the group subjected writing to a series of formal and compositional games. Regardless of the stylistic classifications of the architect and the literary group, the operative process and tools adopted by both contain similarities, an aspect still little explored. As a specific objective, this study aims to find these parallels through the analysis and chronological organization of Bernard Tschumi’s publications and the identification of references to the OuLiPo group and other language theorists in the architect’s writings. Additionally, the research speculates on the rules stipulated by the architect in his design process through the redesign of his architectural notations. Methodologically, this research focuses on a specific segment of Tschumi’s vast theoretical and practical production, highlighting relevant arguments for this work and isolating a dimension of the architect’s production that can be analyzed from the perspective of a restrictive operative process.