Depois da perda : afetos, orientações e narrativas queer
Visualizar/abrir
Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Esta tese examina três afetos que podem decorrer de perdas não reconhecidas, com o objetivo de compreender o que, nesses contextos, eles fazem: a melancolia, a culpa e o ódio. Para isso, recorro a alguns textos literários de modo a refletir com eles sobre as direções que somos orientados quando lamentamos perdas que, de acordo com certos enquadramentos, não são reconhecidas como perdas. E ainda, o que acontece quando essas orientações desalinham, desafiam, perturbam e/ou rompem os limites desse ...
Esta tese examina três afetos que podem decorrer de perdas não reconhecidas, com o objetivo de compreender o que, nesses contextos, eles fazem: a melancolia, a culpa e o ódio. Para isso, recorro a alguns textos literários de modo a refletir com eles sobre as direções que somos orientados quando lamentamos perdas que, de acordo com certos enquadramentos, não são reconhecidas como perdas. E ainda, o que acontece quando essas orientações desalinham, desafiam, perturbam e/ou rompem os limites desses enquadramentos. A Introdução esboça algumas das premissas e noções centrais desta tese, elaborando sobre as relações entre luto, indignação política e estética. O capítulo 2 apresenta as bases teóricas desta tese, refletindo a respeito dos vínculos entre perda, luto, reconhecimento e afeto. O capítulo 3 examina como a melancolia orienta o conto “Além do ponto”, de Caio Fernando Abreu e os romances A palavra que resta, de Stênio Gardel e Aquele que é digno de ser amado, de Abdellah Taïa. O capítulo 4, com o auxilio de poemas de Frank Bidart, segue as direções em que a culpa orienta em contextos de HIV/aids. O capítulo 5 investiga o que o ódio faz em A single man, de Christopher Isherwood. Por fim, essa tese argumenta que afetos que são comumente desprezados, considerados paralisantes, que devem ser abandonados para seguirmos em frente com as nossas vidas, na verdade, orientam em direções inesperadas. Eles são capazes de nos desorientar e com isso, podem abrir vias para uma relação crítica com os termos que determinam o que é inteligível e o que não é, o que pode ser sentido e o que não pode, que perdas podem ser lamentadas e quais não podem, que vidas podem ser vividas e quais não podem. Em outras palavras, esses afetos possuem a potência de, por um lado, perturbar as linhas retas e as molduras que delineiam as formas de vida, desejos, práticas e perdas passíveis de luto. Por outro lado, possibilitam uma abertura para acolher e amparar os corpos, as perdas, os afetos, os lamentos, as celebrações e as orientações que são inapreensíveis e sem forma, promovendo suporte mútuo tanto para se articularem quanto espaços para suas opacidades. ...
Abstract
This thesis examines three affects which can result from unrecognized losses, with the aim to understand what, in these contexts, they do: melancholy, guilt and hate. For that, I resort to some literary texts in order to reflect with them about the directions which we are oriented when we grieve losses that, according to some frames, are not recognizable as losses. Also, what follows when these orientations misalign, challenge, disturb and/or break the limits of those frames. The Introduction o ...
This thesis examines three affects which can result from unrecognized losses, with the aim to understand what, in these contexts, they do: melancholy, guilt and hate. For that, I resort to some literary texts in order to reflect with them about the directions which we are oriented when we grieve losses that, according to some frames, are not recognizable as losses. Also, what follows when these orientations misalign, challenge, disturb and/or break the limits of those frames. The Introduction outlines some of the central premisses and notions of this thesis, elaborating on the relations between grief, political outrage and aesthetics. Chapter 2 presents the theoretical grounds of this thesis, reflecting on the nexus between loss, grieve, recognition and affect. Chapter 3 examines how melancholy orients the short story “Além do ponto”, by Caio Fernando Abreu and the novels A palavra que resta, by Stênio Gardel and Aquele que é digno de ser amado, by Abdellah Taïa. Chapter 4, with the help of poems by Frank Bidart, follows the directions in which guilt orients in HIV/AIDS contexts. Chapter 5 inquires what hate does in A single man, by Christopher Isherwood. Finally, this thesis argues that affects which are commonly disregarded, considered paralyzing, which must be abandoned so we can move on with our lives, in truth, orient in unexpected directions. They are capable of disorient us and therefore, they can open ways to a critic relation with the terms that determine what is intelligible and what is not, what can affect and what cannot, which losses can be grieved and which cannot, which lives are livable and which aren’t. In other words, these affects have the power to, on one hand, disturb the straight lines and the frames that delineate the forms of life, desires, practices and losses that are grievable. On the other hand, they allow an openness to harbor and sustain the bodies, losses, affects, laments, commemorations and orientations which are inapprehensible and formless, promoting mutual support both to articulate themselves and spaces for their opacities. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
-
Linguística, Letras e Artes (2892)Letras (1780)
Este item está licenciado na Creative Commons License