Pneumonia associada à ventilação mecânica em pacientes com COVID-19 : características microbiológicas e clínicas.
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Data
2024Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
A pneumonia associada à ventilação mecânica representa a infecção nosocomial mais frequentemente adquirida na unidade de terapia intensiva, leva ao uso substancial de antibióticos e está associada com morbidade aumentada, ventilação prolongada, aumento dos custos e da mortalidade. Na Síndrome Respiratória Aguda Grave pelo Coronavírus 2, os pacientes frequentemente requerem ventilação mecânica invasiva por longos períodos e enfrentam um estado de imunossupressão relacionado à doença viral e seu ...
A pneumonia associada à ventilação mecânica representa a infecção nosocomial mais frequentemente adquirida na unidade de terapia intensiva, leva ao uso substancial de antibióticos e está associada com morbidade aumentada, ventilação prolongada, aumento dos custos e da mortalidade. Na Síndrome Respiratória Aguda Grave pelo Coronavírus 2, os pacientes frequentemente requerem ventilação mecânica invasiva por longos períodos e enfrentam um estado de imunossupressão relacionado à doença viral e seu tratamento. Esses fatores, são responsáveis por um alto risco de pneumonia associada à ventilação mecânica. Dada a importância do diagnóstico e tratamento precoce e adequado para o sucesso terapêutico, nosso estudo objetivou avaliar e descrever os patógenos relacionados ao desenvolvimento da pneumonia associada à ventilação mecânica no cenário do coronavírus, em comparação com pacientes sem doença viral. Secundariamente, objetivamos analisar características demográficas, clínicas, laboratoriais, radiológicas, desfechos e descrever as escolhas terapêuticas. Realizamos um estudo observacional, de coorte retrospectiva, monocêntrico. Analisamos uma amostra de conveniência, que incluiu registros do primeiro episódio de pneumonia associada à ventilação mecânica definida microbiologicamente, extraídos do banco de dados da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. A coleta de dados foi realizada por revisão de prontuários, os dados foram analisados e comparados grupos com e sem doença viral. Este estudo mostra que houve um número significativamente maior de episódios de pneumonia polimicrobiana nos pacientes com coronavírus (74% Covid vs. 54.5% Não Covid p 0,04). Não houve diferença quanto aos germes mais prevalentes entre os grupos, porém, pacientes sem coronavírus apresentaram mais episódios causados por Haemophilus sp (0.5% Covid vs. 9% Não Covid p 0,03). Os patógenos mais prevalentes em pacientes com coronavírus foram: Klebsiella sp. (24.5%), Staphylococcus aureus (23%), Serratia marcescens (20%) e Acinetobacter baumannii (19%). O estudo evidenciou alta prevalência de germes multirresistentes em ambos os grupos (50% Covid vs 45% Não Covid p 0,75). Os pacientes sem coronavírus apresentavam mais comorbidades. Os pacientes com doença viral apresentaram maior gravidade e hipoxemia no diagnóstico. Quanto ao perfil radiológico, verificou-se maior prevalência de consolidações bilaterais nos pacientes com coronavírus (75%, p <0,001), ao passo que, nos pacientes sem doença viral predominaram consolidações unilaterais (45% p <0,001) e maior ocorrência de derrame pleural (39% p <0,001). Os pacientes com pneumonia associada à ventilação mecânica e coronavírus tiveram maior mortalidade (68% Covid vs. 42% Não Covid, p 0,011) e menores taxas de alta hospitalar (21.5% Covid vs. 48% Não Covid, p 0,004). A presença de coronavírus foi um preditor independente de mortalidade. Concluímos que os pacientes com coronavírus podem apresentar mais episódios de pneumonia relacionada à ventilação mecânica polimicrobiana, e que há grande prevalência de germes multirresistentes em ambos os grupos, o que deve ser levado em consideração na formulação de protocolos de tratamento. Este estudo contribui no entendimento desta entidade no cenário da doença viral, evidenciando um padrão radiológico distinto, maior gravidade e piores desfechos, achados que podem auxiliar no diagnóstico e tratamento desta patologia. ...
Abstract
Ventilator-associated pneumonia is the most frequently acquired nosocomial infection in the intensive care unit, leading to substantial antibiotic use and being associated with increased morbidity, prolonged ventilation, higher costs, and mortality. In Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, patients often require invasive mechanical ventilation for long periods and face a state of immunosuppression related to the viral disease and its treatment. These factors contribute to a high risk ...
Ventilator-associated pneumonia is the most frequently acquired nosocomial infection in the intensive care unit, leading to substantial antibiotic use and being associated with increased morbidity, prolonged ventilation, higher costs, and mortality. In Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, patients often require invasive mechanical ventilation for long periods and face a state of immunosuppression related to the viral disease and its treatment. These factors contribute to a high risk of ventilator-associated pneumonia. Given the importance of early and appropriate diagnosis and treatment for therapeutic success, our study aims to evaluate and describe the pathogens related to the development of ventilator-associated pneumonia in the setting of coronavirus, compared to patients without viral disease. Secondarily, we objectively analyzed demographic, clinical, laboratory, radiological characteristics, stages, and therapeutic choices. We conducted an observational, retrospective, single-center cohort study. We analyzed a convenience sample, which included records of the first episode of microbiologically defined ventilator-associated pneumonia, extracted from the Hospital Infection Control Commission database from January 2020 to December 2021. Data collection was performed by review of medical records, the data were analyzed and compared to groups with and without viral disease. This study shows a significantly higher number of polymicrobial pneumonia episodes in coronavirus patients (74% Covid vs. 54.5% Non-Covid p 0.04). There was no difference in the most prevalent germs between the groups, however, non-coronavirus patients had more episodes caused by Haemophilus sp. (0.5% COVID vs. 9% non-COVID, p 0.03). The most prevalent pathogens in coronavírus patients were: Klebsiella sp. (24.5%), Staphylococcus aureus (23%), Serratia marcescens (20%) and Acinetobacter baumannii (19%). The study showed a high prevalence of multidrug-resistant germs in both groups (50% COVID vs. 45% non-COVID, p 0.75). Non-coronavirus patients had more comorbidities. Coronavirus patients had greater severity and hypoxemia at diagnosis. In terms of radiological profile, there was a higher prevalence of bilateral consolidations in coronavirus patients (75%, p < 0.001), while non-viral patients predominantly had unilateral consolidations (45%, p < 0.001) and a higher occurrence of pleural effusion (39%, p < 0.001). Patients with ventilator-associated pneumonia and coronavirus had higher mortality (68% COVID vs. 42% non-COVID, p 0.011) and lower hospital discharge rates (21.5% COVID vs. 48% non-COVID, p 0.004). The presence of coronavirus was an independent predictor of mortality. We conclude that patients with coronavirus may experience more episodes of polymicrobial ventilator-associated pneumonia and that there is a high prevalence of multidrug-resistant germs in both groups, which should be considered when formulating treatment protocols. This study contributes to the understanding of this entity in the context of viral disease, highlighting a distinct radiological pattern, greater severity, and detailed evolution, findings that may aid in the diagnosis and treatment of this condition. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Pneumológicas.
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