Atraso da poda hibernal em 'Chardonnay' e 'Pinot Noir' (Vitis vinifera L.) para evitar danos por geadas tardias : uma alternativa de manejo ou um risco

Abstract

Os espumantes são considerados produtos de excelência na vitivinicultura brasileira, sendo reconhecidos por diversas premiações internacionais. O clima frio da Serra Gaúcha conserva a acidez e preserva os aromas varietais das uvas, característica essencial para este tipo de bebida. Apesar do cenário favorável, as principais variedades para elaboração de espumantes (Chardonnay e Pinot Noir) são de brotação precoce e suscetíveis aos danos por geadas tardias na primavera. Dentre as possibilidades de manejo para minimizar danos, o atraso da poda hibernal vem sendo testado em diferentes regiões vitícolas do mundo. Os objetivos deste trabalho foram avaliar os impactos do atraso da poda hibernal sobre os componentes de rendimento nas variedades Chardonnay e Pinot Noir e os efeitos a nível fisiológico nas plantas. O atraso na poda não gerou impactos no percentual de brotação, porém, reduziu drasticamente a fertilidade e a produtividade das plantas. Na média de todos os ciclos avaliados, quando comparadas as datas de poda com a máxima (poda convencional) e mínima (poda tardia) produção, a “Chardonnay, apresentou uma redução média de 98,8 % na produção (Kg/planta), 96 % no número de cachos por planta, 84 % no peso médio de cachos e 86,3 % no número de bagas por cacho. Já na variedade Pinot Noir, houve redução de 97 % na produção, 79 % no número de cachos por planta, 88 % no peso médio de cachos e 67 % no número de bagas por cacho. O efeito negativo das podas tardias depende do vigor de crescimento apical que as condições locais podem impor, tendo como limite máximo o estádio fenológico de 2 ou 3 folhas separadas. A perda de fertilidade nas gemas basais está associada a morte/oxidação dos tecidos da gema primária e secundária, com o atraso na data de poda. A morte das gemas basais foi associada com a redução nos níveis de zeatina e aumentos nos níveis de auxina e ácido jasmônico.

Sparkling vvines are considered products of excellence in Brazilian winemaking and are recognized by several international awards. The cold climate of Serra Gaucha conserves the acidity and preserves the varietal aromas of the grapes, an essential characteristic for this type of wine. Despite this favorable scenario, the main varieties for sparkling Wines (Chardonnay and Pinot Noir) are of early sprouting and susceptible to damage by late frost in spring. Among the management possibilities to minimize damages, delaying winter pruning has been tested in different wine regions of the world. The aims of this work were evaluate the impacts of winter pruning delay on yield components in Chardonnay and Pinot Noir varieties and the physiological effects on plants. Pruníng delay did not have impact on the sprouting, however, drastically reduced fertility and productivity of the plants. ln average of all evaluated cycles, when comparing pruning dates with the maximum (conventional pruning) and minimum (pruning delay) production, 'Chardonnay' presented an average reduction of 988% in production (kg/plant), 96% in number of bunches per plant, 84% in average weight of bunches and 863% in number of berries per cluster. In Pinot Noir variety, there was a reduction of 97% in production, 79% in number of bunches per plant, 88% in average weight of bunches and 67% in number of berries per cluster. The negative effect of late pruning depends on the vigor of apical growth that local conditions can impose, with the maximum limit being the phenological stage of 2 or 3 separate leaves. The fertility loss in the basal buds is associated with death/oxidation of the tissues of the primary and secondary bud. Death of basal buds was associated with reduced levels of zeatin and increases in auxin and jasmonic acid levels.