Em terras moventes : comunhão de imagens na obra Terremoto Santo

Abstract

“Na religião, como na política, é preciso ter fé cênica”. Assim conclui o texto da etiqueta instalada na sala de exibição de Terremoto Santo, filme dirigido por Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. Esta tese busca inquirir de que forma o imaginário pentecostal disparado pelas cenas de Terremoto Santo, provoca um inevitável olhar em retrospectiva para minha herança cultural e meu histórico familiar, ligados à Assembleia de Deus. Minha análise desdobra-se, portanto, numa introspecção sociológica, que promove um inquietante retorno às origens, ao espaço íntimo e, ao mesmo tempo, num exame do corpo social coletivo integrado à tradição evangélica no Brasil. Na perspectiva deste estudo, esses aspectos encontram-se imbricados na concepção cinematográfica de Terremoto Santo. Este trabalho tem como objetivo investigar de que maneira a doutrina evangélica está sendo retratada (e imaginada) no cenário artístico contemporâneo. Busca também compreender o que isso nos diz sobre a lente com a qual o campo da arte elabora imageticamente a presença desses movimentos na sociedade brasileira. Tem-se assim, um paradoxo, uma vez que a prática iconográfica é, supostamente, interditada na liturgia evangélica.

“In religion, as in politics, it is necessary to have scenic faith.” Thus concludes the text on the label installed in the screening room of Terremoto Santo (Holy Tremor), a film directed by Bárbara Wagner and Benjamin de Burca. This thesis seeks to investigate how the pentecostal imagination triggered by the scenes of Holy Tremor provokes an inevitable retrospective look at my cultural heritage and my family history, linked to the Assembly of God. My analysis unfolds, therefore, in a sociological introspection, which promotes a disturbing return to the origins, to the intimate space and, at the same time, in an examination of the collective social body integrated into the evangelical tradition in Brazil. From the perspective of this study, these aspects are intertwined in the cinematographic conception of Holy Tremor. This work aims to investigate how evangelical doctrine is being portrayed (and imagined) in the contemporary artistic scene. It also seeks to understand what this reveals about the lens with which the field of art imagetically elaborates the presence of these movements in Brazilian society. There is thus a paradox, since iconographic practice is, supposedly, banned in the evangelical liturgy.