O Comitê de Santa Fé e a doutrina norte-americana para a América Latina

Abstract

Este trabalho discute a aplicação de propostas de política externa formuladas por um grupo de influência conservador para serem executadas pelos Estados Unidos na América Latina. Este grupo, denominado Comitê de Santa Fé, elaborou na década de 1980 uma série de propostas e análises de conjunturas a serem apresentadas para o então presidente republicano Ronald Reagan. Suas propostas, quando executadas, marcaram a atuação internacional dos Estados Unidos e um novo modelo de estabilização de sua hegemonia na região. As propostas envolvem uma série de medidas militares e securitárias denominadas conflitos de baixa intensidade, bem como o uso de organismos e regimes internacionais de caráter financeiro e econômico para garantir o controle dos Estados Unidos sobre os países latino-americanos. Tal atuação norte-americana se alinha ao padrão histórico de conduta do país em exercer um domínio imperialista de caráter civilizatório com origens no ethos da sociedade norte-americana de excepcionalismo e universalismo. A metodologia utilizada foi de revisão de bibliografia para tratar das questões históricas de imperialismo, do Comitê de Santa Fé — mesmo que havendo pouca literatura sobre o assunto — e para a diplomacia dos Estados Unidos e, também, de análise de conteúdo qualitativo e quantitativo dos documentos redigidos pelo Comitê de Santa Fé. Como conclusão, o trabalho expõe que a doutrina Reagan traz um caráter de urgência na luta dos Estados Unidos contra o comunismo e a União Soviética, se servindo do sistema econômico neoliberal, para além das tradicionais práticas militares, como sustentador de uma etapa contemporânea do imperialismo.

This monograph discusses the application of foreign policy proposals formulated by a conservative influence group to be implemented by the United States in Latin America. This group, called the Santa Fé Committee, prepared in the 1980s a series of proposals and analyzes to be presented to the Republican president Ronald Reagan. Their proposals, when implemented, marked the international performance of the United States and a new model for stabilizing its hegemony in the region. The proposals involve a series of military and security measures called low-intensity conflicts, as well as the use of international organizations and regimes of a financial and economic nature to guarantee United States control over Latin American countries. Such North American action aligns with the country's historical pattern of conduct in exercising imperialist rule of a civilizing nature with origins in the North American society's ethos of exceptionalism and universalism. The methodology used was a bibliography review to address historical issues of imperialism, the Santa Fe Committee — even though there is little literature on the subject — and United States diplomacy, and also an analysis of the qualitative and quantitative content of the documents written by the Santa Fé Committee. In conclusion, the work exposes that the Reagan doctrine brings an urgency to the United States' fight against communism and the Soviet Union, using the neoliberal economic system, in addition to traditional military practices, as a supporter of a contemporary stage of imperialism.