Relação da perda dentária e da reabilitação bucal com o consumo de alimentos ultraprocessados : estudo transversal na população idosa norte americana

Abstract

O consumo de alimentos ultraprocessados está associado ao desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo as doenças bucais. Embora a perda dentária interfira na escolha de alimentos e na capacidade de mastigação, a relação entre a saúde bucal e o consumo de alimentos ultraprocessados é desconhecida. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação da perda dentária e a reabilitação bucal com o consumo de alimentos ultraprocessados em idosos. Foi realizada uma análise transversal dos dados de 4.125 idosos (≥60 anos) que participaram do National Health and Nutrition Survey (NHANES) 2011-2016. Os dados de saúde bucal foram obtidos por meio de exame bucal e os participantes foram categorizados de acordo com o número de pares de dentes em oclusão e tipo de reabilitação protética. Os dados dietéticos foram coletados através de dois recordatórios de 24 horas, e os alimentos foram categorizados de acordo com a classificação NOVA. A associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e as condições bucais foi obtida por meio de regressões lineares múltiplas. Apresentar de 0 a 7 pares de dentes em oclusão (3,6%, IC 95%: 1,6 a 5,5), foi associado a maior consumo de alimentos ultraprocessados e menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados (-3.5%, IC 95%: -5,2 a -1.9) quando comparados a ter 12 ou mais pares oclusais. Perda dentária não reabilitada (5,5%, IC 95%: 3,7 a 7,2) ou uso de prótese total removível (7,7%, IC 95%: 5,6 a 9,8) foi associado a maior consumo de alimentos ultraprocessados, 5.5% (IC 95%: 3.7 a 7.2) e 7.7% (IC 95%: 5.6 a 9.8) respectivamente, e menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados quando comparados a ausência de perdas dentárias, -2.7% (IC 95%: -4.5 a -0.8) e -4.6% (IC 95%: -6.5 a -2.8) respectivamente. A associação permaneceu mesmo após o ajuste para fatores de confusão. Manter os dentes naturais em oclusão pode ter repercussões importantes na manutenção de uma alimentação saudável.

The consumption of ultra-processed foods (UPF) is associated with the development of chronic diseases, including oral diseases. Although tooth loss interferes with food choice and chewing ability, the relationship between oral health and UPF consumption is unknown. The objective of this study was to evaluate the relationship of tooth loss and oral rehabilitation with the consumption of UPF among older adults. We performed a cross-sectional analysis of data from 4125 older adults (≥60 years) who participated in the 2011-2016 National Health and Nutrition Survey (NHANES). Oral health data were obtained through oral examination, and participants were categorized according to the number of pairs of teeth in occlusion and the type of prosthetic rehabilitation. Dietary data were collected by two 24-h recalls, and foods were categorized according to the NOVA classification. The association between UPF consumption and oral conditions was obtained through multiple linear regressions. Having 0-7 pairs of teeth in occlusion were associated with higher UPF consumption (3.6%, 95% CI: 1.6 to 5.5) and lower consumption of in natura/minimally processed foods (-3.5%, 95% CI: -5,2 to -1.9) when compared to having 12 or more occlusal pairs. Unrehabilitated tooth loss or use of complete removable denture were associated with higher UPF consumption, 5.5% (95% CI: 3.7 to 7.2) and 7.7% (95% CI: 5.6 to 9.8) respectively, and lower consumption of in natura/minimally processed foods when compared to no tooth loss, -2.7% (95% CI: -4.5 to -0.8) and -4.6% (95% CI: -6.5 to -2.8) respectively. The association remained even after adjusting for confounders. Maintaining natural teeth in occlusion can have important repercussions on the maintenance of a healthy diet.