Colonialidade, processos de branqueamento e a narrativa hegemônica nas instituições de Arte Contemporânea brasileiras : reflexões sobre as práticas curatoriais e a produção de identidades racializadas

Abstract

Como a produção de pessoas racializadas é ressignificada ao adentrar instituições? Quais as problemáticas das relações entre curadoria, artistas e instituições diante de um contexto de racialização? Na presente investigação busco refletir sobre processos de embranquecimento na consolidação de uma narrativa hegemônica de História da Arte. Através de estudos de caso em que mobilizo posicionamentos de artistas, curadores, historiadores e críticos de arte, reflito sobre a colonialidade em suas dimensões do ser, do saber e do poder. Questiono a interiorização do paradigma colonial; e a exterioridade desse paradigma quando manifesto na produção de conhecimento, como sustentáculos de uma estrutura de poder que oculta o sujeito beneficiado pela hegemonia institucional. Compreendendo que tais dimensões quando combinadas informam uma visão de mundo para a qual o sujeito é imprescindível, como ator e objeto de reprodução da modernidade/ colonialidade. Levando em conta os processos de apagamento de vozes dissonantes do campo institucional, e auxiliada pelas reflexões de Rita Segato, Nelson Maldonado-Torres, Aníbal Quijano; por textos curatoriais e pelas poéticas dos artistas Antonio Obá, Ayrson Heráclito, Priscila Rezende, Renata Felinto e muitas/os outras/os, busco pela narrativa autoetnográfica uma forma de contrapor pressupostos da epistemologia colonial no contexto da arte contemporânea brasileira.

How is the production of racialized individuals ressignified upon entering institutions? What are the issues in the relationships between curation, artists, and institutions in the face of a context of racialization? In the present investigation, I aim to reflect on processes of whitening in the consolidation of a hegemonic narrative of Art History. Through case studies where I engage the perspectives of artists, curators, historians, and art critics, I reflect on coloniality in its dimensions of being, knowing, and power. I question the internalization of the colonial paradigm and its externality when manifested in knowledge production, serving as pillars of a power structure that conceals the subject benefiting from institutional hegemony. Understanding that these dimensions, when combined, inform a worldview in which the subject is indispensable as both an actor and an object of the reproduction of modernity/coloniality. Taking into account the erasure of dissenting voices from the institutional field and drawing on the reflections of Rita Segato, Nelson Maldonado-Torres, Aníbal Quijano, curatorial texts, and the poetics of artists such as Antonio Obá, Ayrson Heráclito, Priscila Rezende, Renata Felinto, and many others, I seek, through autoethnographic narrative, a way to counter assumptions of colonial epistemology in the context of contemporary Brazilian art.