Efeitos da gastrectomia vertical e do bypass gástrico em Y de Roux na doença do refluxo gastroesofágico, medidos de forma objetiva por meio de endoscopia, manometria e phmetria esofágica : revisão sistemática e metanálise

Abstract

Introdução: O potencial surgimento ou agravamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) após a realização da Cirurgia Bariátrica e Metabólica é uma das principais preocupações do cirurgião. Este tema tornou-se um tópico central de debate da comunidade científica. Objetivo: O objetivo dessa Revisão Sistemática e Metanálise é avaliar os efeitos da Gastrectomia Vertical (GV) e do Bypass Gástrico em Y-de-Roux (GBYR) na anatomia da junção esofagogástrica, na exposição ácida do esôfago e na motilidade esofágica. Métodos: Uma revisão sistemática da literatura, sem restrição de idioma ou de data de inserção, foi realizada nos seguintes bancos de dados: PubMed, Embase, Lilacs, Scopus, Web of Science e Cochrane. Foram selecionados artigos reportando parâmetros objetivos em exames de monitorização do pH esofágico e/ou manometria esofágica e/ou endoscopia digestiva alta antes e depois da realização da cirurgia bariátrica (GV ou GBYR). Os dados foram sumarizados por metanálise, através do modelo de efeitos randômicos, e os resultados apresentados como diferença média ponderada e risco relativo. Os estudos foram divididos em grupos, de acordo com a presença ou ausência de DRGE na avaliação pré-operatória, e uma análise de subgrupo foi realizada. Resultados: Trinta e nove artigos, com um total de 2318 participantes, relataram dados objetivos dos testes antes e depois da GV. Para RYGB, dezessete estudos, compreendendo 665 pacientes, atenderam os critérios de inclusão. Comparado ao pré-operatório, ocorreu um aumento significativo no Tempo de Exposição Ácida (TEA) e no Escore de DeMeester (DMS) após a GV. Na manometria esofágica, observou-se uma diminuição na pressão de repouso e no comprimento total do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) no seguimento após a GV. A análise conjunta dos dados demonstrou um aumento significativo da prevalência de Esofagite Erosiva (EE) após a GV. Na avaliação dos estudos que incluíram apenas pacientes sem DRGE no pré-operatório, a GV também foi associada a um aumento da exposição ácida esofágica (TEA e DMS). Neste grupo, a incidência de EE foi de 27.6% e a incidência de Esôfago de Barrett (EB) foi de 5.72%. Após o BYGR, ocorreu uma diminuição no TEA e no DMS. Observou-se uma diminuição na prevalência de EE após o BGYR. Não ocorreu mudança significativa dos parâmetros da manometria quando comparado os valores de antes e depois da realização do BGYR. Conclusão: A gastrectomia vertical (GV) é associada com um aumento do refluxo ácido, maior risco de EE e de BE, e piora da função motora do esôfago e da junção esofagogástrica. Após Bypass Gástrico em Y de Roux (BGYR) ocorreu uma diminuição o tempo de exposição ácida esofágica e uma diminuição da prevalência de Esofagite Erosiva.

Background: The development or worsening in Gastroesophageal Reflux Disease (GERD) is a major concern after Metabolic and Bariatric Surgery. Objective: The aim of this systematic review and meta-analysis is to assess the effects of Sleeve Gastrectomy (SG) and Roux-en-Y Gastric Bypass (RYGB) in esophagogastric junction anatomy, esophageal acid exposure and esophageal motility. Methods: A systematic literature search was carried out in PubMed, Embase, Lilacs, Scopus, Web of Science and Cochrane databases without date and language restrictions. Eligible articles were studies reporting objective parameters in esophageal pH monitoring test and/or esophageal manometry and/or esophagogastroduodenoscopy before and after bariatric surgery (SG or RYGB). A preplanned subgroup analysis based on the presence of GERD in the preoperative assessment was performed. Results: Thirty-nine studies, with a total of 2318 subjects, reported data of instrumental evaluation before and after SG. For RYGB, seventeen articles, comprising 665 patients, met the inclusion criteria. Compared to the preoperative assessment, there was an increase in Acid Exposure Time (AET) and in DeMeester Score (DMS) after SG. The pooled results also showed a higher risk of Erosive Esophagitis (EE) following SG. Meta-analysis of studies reporting manometric changes, demonstrated a decrease in Lower Esophageal Sphincter (LES) resting pressure and in LES length after SG. In the subgroup of studies that included only patients without preoperative pathologic reflux, SG was associated with an increase in esophageal acid exposure (AET and DMS). In this group, the incidence of new-onset Erosive Esophagitis (EE) was 27.6% and the incidence of Barrett's Esophagus (BE) was 5.72%. After RYGB there was a decrease in Acid Exposure Time (AET) and in DeMeester Score (DMS). The overall prevalence of EE decreased after RYGB. RYGB did not significantly change the parameters of esophageal manometry. Conclusion: Sleeve Gastrectomy is associated with an increase in acid reflux, higher risk of EE and BE, and worsening in gastroesophageal motor function. RYGB was associated with improvement in esophageal acid exposure and with an improvement of EE.