Formação do psicanalista em Lacan : estar à altura da função sujeito

Abstract

Dentro do tópico maior sobre a formação em psicanálise, nossa pesquisa buscou compreender a perspectiva apontada por Jacques Lacan de que o objetivo de seu ensino seria produzir analistas à altura da função chamada sujeito. Certos de que havia aí uma concepção interessante, e ainda pouco explorada, sobre a formação do analista, decidimos elevá-la ao estatuto de “um projeto lacaniano de formação de psicanalistas” que, apesar de não defendermos ser o único, levaria consigo seus efeitos se bem compreendido. A partir daí, dividimos nosso trabalho em duas grandes partes: a) na primeira procuramos apresentar o que viria a ser essa função sujeito, para isso decidimos nos guiar temporalmente pelo que o autor apresentava, naquele momento, a saber, entre 1966 e 1968, de articulações sobre o sujeito. Tal perspectiva nos levou a adentrar o campo da lógica matemática, em especial na teoria de Gottlob Frege, em busca de uma formalização lógica daquela função; b) na segunda parte, nos dedicamos a esboçar o que seria, portanto, estar à altura da função que havíamos delineado. Como suporte teórico, os seminários 14 e 15, principalmente no que diziam respeito ao uso feito por Lacan da estrutura matemática chamada Grupo de Klein, nos permitiram chegar ao que seria uma interpretação semântica consistente de tal projeto, articulando o fim da análise, concebido como a redução do sujeito suposto saber ao objeto a, ao passe, entendido como o retomar tal lugar de sujeito suposto saber, advertido de sua ferida no ser. Por fim, concluímos com breves apontamentos sobre a expectativa que encontramos no autor francês de que seu ensino, a partir da posição que ele (Lacan) próprio ali ocupava, fosse capaz de produzir essa operação, permitindo, àqueles que o ouviam, uma nova relação com o saber.

In the larger topic about formation in psychoanalysis, our research intended to understand the perspective pointed out by Jacques Lacan that the goal of his teaching would be to produce analysts at the height of the function called subject. Certain that there was an interesting and still barely explored conception about the formation of the analyst, we decided to elevate it to the status of "a Lacanian project of formation of psychoanalysts" that, although we do not claim to be the only one, would carry with it its effects if properly understood. From then on, we divided our work into two large parts: a) in the first part, we tried to present what would become this subject function, for which we decided to be temporally guided by what the author presented at that moment, between 1966 and 1968, of articulations about the subject. Such perspective led us to enter the field of mathematical logic, especially in Gottlob Frege's theory, in search of a logical formalization of that fonction; b) in the second part, we dedicated ourselves to sketch what it would be, therefore, to be at the height of the function that we had defined. As a theoretical support, seminars 14 and 15, especially with regard to Lacan's use of the mathematical structure called Klein's Group, allowed us to arrive at what would be a consistent semantic interpretation of such project, articulating the end of the analysis, conceived as the reduction of the subject supposed to know to the object a, to the pass, understood as the retaking of this position of subject supposed to know, warned of its wound in being. Finally, we conclude with some brief notes on the expectation we found in the french author that his teaching, from the position that he (Lacan) himself occupied there, was able to produce this operation, allowing those who listened to him, a new relation with knowledge.