Um olhar bakhtiniano sobre a construção vocal de pessoas com diversidade de gênero
Visualizar/abrir
Data
2023Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Resumo
A voz possui variados aspectos entre sua materialidade fônica e a subjetividade do falante, ou seja, é um dos objetos da expressão comunicativa de que o sujeito se vale para enunciar. Mas como significar a voz? Eis o desafio lançado nessa reflexão. Fato é que a voz figura um objeto multifacetado e escorregadio, o qual não se esgota numa única área do conhecimento. Entretanto, há um ponto em comum a todas as áreas que se interessam pela voz: ela pertence ao homem em sua mais íntima singularidade ...
A voz possui variados aspectos entre sua materialidade fônica e a subjetividade do falante, ou seja, é um dos objetos da expressão comunicativa de que o sujeito se vale para enunciar. Mas como significar a voz? Eis o desafio lançado nessa reflexão. Fato é que a voz figura um objeto multifacetado e escorregadio, o qual não se esgota numa única área do conhecimento. Entretanto, há um ponto em comum a todas as áreas que se interessam pela voz: ela pertence ao homem em sua mais íntima singularidade. Pode ser entendida como um índice de presença do sujeito na enunciação. Sendo assim, para pessoas transgênero, a voz reflete uma das características de maior acusação do gênero em transição. É queixa frequente entre a população trans, tornando-se demanda da clínica fonoaudiológica. Para a linguística, há uma lacuna no que diz respeito aos estudos sobre a voz, assim como para a filosofia e outras áreas de conhecimento. Contudo, já existem ensaios traçando interessantes aproximações entre voz e linguagem. O presente trabalho tem como objetivo uma reflexão sobre a voz da pessoa transgênero como uma importante ferramenta de identificação do sujeito. Busca-se apoio teórico nas obras de Bakhtin e do Círculo, que trazem definições de voz que não abordam apenas a materialidade física do som, mas, principalmente, a debatem a partir da questão social da linguagem, ponto crucial para mobilizar a discussão sobre a voz da pessoa transgênero. O discurso destes sujeitos está sempre permeado pelas relações sociais que os cercam, impactando em sua corporalidade e em sua voz. Além disso, para traçar uma análise teórica que permita perceber os efeitos de sentido fornecidos pela voz, impactando na questão da identidade de gênero, serão expostas breves vinhetas clínicas de pessoas transgênero que foram acolhidas pela autora durante atendimento fonoaudiológico. A partir dessas reflexões, dialogando com as teorias bakhtinianas, poderá ser desenvolvido outro olhar sobre as questões da voz onde se observam as marcas que ela produz na linguagem, tornando-se parte da constituição do sujeito falante. ...
Abstract
The voice has varied aspects between its phonic materiality and the subjectivity of the speaker, that is, it is one of the objects of communicative expression that the subject uses to enunciate. But how to signify the voice? This is the challenge launched in this reflection. Perhaps for musicians it is the tone. The fact is that the voice is a multifaceted and slippery object, which is not exhausted in a single area of knowledge. However, there is a point in common to all areas that are interes ...
The voice has varied aspects between its phonic materiality and the subjectivity of the speaker, that is, it is one of the objects of communicative expression that the subject uses to enunciate. But how to signify the voice? This is the challenge launched in this reflection. Perhaps for musicians it is the tone. The fact is that the voice is a multifaceted and slippery object, which is not exhausted in a single area of knowledge. However, there is a point in common to all areas that are interested in the voice: it belongs to the human being in his most intimate singularity. It can be understood as an index of the presence of the subject in the enunciation. Thus, for transgender people, the voice reflects one of the most accusatory characteristics of gender transition. It is a frequent complaint among the trans population, becoming a demand of the speech therapy clinic. For linguistics, there is a gap with regard to studies on the voice, as well as for philosophy and other areas of knowledge. However, there are already essays outlining interesting approximations between voice and language. The present work aims to reflect on the voice of the transgender person as an important tool for the identification and subjectivity of the person. Theoretical support is sought in the works of Bakhtin and the Circle which, although they bring definitions of voice that move away from the physical materiality of sound, approach the social issue of language, a crucial point to mobilize the discussion about the voice of the transgender person. The discourse of these individuals is always permeated by the social relations that surround them, impacting their corporality and their voice. They will be addressed as notions of intonation, social voices, otherness, among others. Brief clinical vignettes of transgender people who were received by the author during speech therapy will be exposed to outline a theoretical analysis that allows us to perceive the effects of meaning provided by the subject's voice, impacting on the question of their gender identity. From these reflections, dialoguing with Bakhtinian theories, another perspective on voice issues can be developed, where the marks it produces in language can be observed, becoming part of the constitution of the speaking person. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
-
Linguística, Letras e Artes (2871)Letras (1767)
Este item está licenciado na Creative Commons License