Hortas escolares como ferramenta de educação alimentar e nutricional inclusiva para estudantes com deficiência visual : uma experiência de extensão

Abstract

A formação dos hábitos alimentares é estabelecida na primeira etapa da vida: a infância. Assim, se faz imprescindível a participação da família, mas também do ambiente escolar para estruturar as escolhas alimentares. Nesse sentido, atividades de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) podem ser uma estratégia útil de instrumento de trabalho para atingir esse objetivo. No contexto de uma educação inclusiva, é pertinente identificar meios eficazes de garantir a acessibilidade desse conhecimento para crianças que têm diagnosticada alguma deficiência. No que tange a deficiência visual, para aproximação do indivíduo do alimento, e estimulando a autonomia e independência das escolhas, há a necessidade de considerar ferramentas que incentivem os demais sentidos, sendo, portanto, a utilização de hortas escolares uma alternativa. Objetivo: Observar e descrever as repercussões das atividades de EAN, com a utilização de hortas, na relação com a alimentação de estudantes com algum grau de deficiência visual matriculados no Ensino Fundamental de uma escola particular de Porto Alegre, bem como a percepção do trabalho de educadores nesse contexto. Metodologia: O trabalho foi elaborado em dois eixos principais: a atividade com os escolares e a entrevista com a nutricionista e com o professor responsável pelo projeto pedagógico de uma escola de Ensino Fundamental particular do município de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Resultados: Ampliou-se o conceito de alimentação saudável, mesmo grande parte dos alunos reportando a inexperiência do contato com a cozinha; apesar de realizar as refeições com companhia, e sofrendo influência da mídia para as escolhas alimentares, como ultraprocessados e fast foods. Frutas, legumes e verduras não fazem parte da rotina habitual dos estudantes, assim como o arroz com feijão. Entretanto, ovos e carnes são consumidos diariamente por toda a população em estudo. A aproximação com os alimentos da horta destacou a neofobia característica da faixa etária e evidenciou o desconhecimento em relação a alguns alimentos, reforçando a importância do contato com a comida no ambiente escolar além do domicílio. Conclusão: Acredita-se na necessidade de estudos que se dediquem a compreender a relação com a alimentação do público deficiente visual. Uma vez que são escassas as informações a respeito da qualidade nutricional dessa população. Ainda, é importante ressaltar a demanda de desenvolver estratégias que proporcionem maior acessibilidade a um atendimento apropriado para esses indivíduos.

The formation of eating habits is established in the first stage of life: childhood. Thus, the participation of the family is essential, but also of the school environment to structure food choices. In this sense, Food and Nutrition Education (EAN) activities can be a useful working instrument strategy to achieve this objective. In the context of inclusive education, it is pertinent to identify effective means of guaranteeing the accessibility of this knowledge for children who have been diagnosed with a disability. Concerning visual impairment, to bring the individual closer to the food, and encourage autonomy and independence of choices, there is a need to consider tools that encourage the other senses (touch, smell, hearing, and taste), and therefore the use of school gardens as an alternative. Objective: To observe and describe the repercussions of EAN activities, with the use of vegetable gardens, about the food of students with some degree of visual impairment enrolled in Elementary Education at a private school in Porto Alegre, as well as the perception of the work of educators in this context. Methodology: The work was carried out along two main axes: the activity with the students and the interview with the nutritionist and the teacher responsible for the pedagogical project of a private Elementary School in the city of Porto Alegre, the capital of Rio Grande do Sul. Results: The concept of healthy eating was expanded, even though most students reported inexperience in contact with the kitchen; despite having meals with a company, and being influenced by the media for food choices, such as ultra-processed and fast foods. Fruits and vegetables are not part of the students' usual routine, as well as rice and beans. However, eggs and meat are consumed daily by the entire study population. Approaching food from the garden highlighted the neophobia characteristic of the age group. It showed a lack of knowledge about some foods, reinforcing the importance of contact with food in the school environment as well as at home. Conclusion: There is a need for studies dedicated to understanding the relationship with the diet of the visually impaired public since there is little information about the nutritional quality of this population. Furthermore, it is important to emphasize the demand to develop strategies that provide greater accessibility to appropriate care for these individuals.