Roda de Capoeira do Chafariz da Redenção: inclusão social e valorização da cultura negra

Abstract

O trabalho visa a compreender o significado da Roda de Capoeira do Chafariz, realizada há 20 anos, desde 2003, no Parque da Redenção, aos domingos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, como elemento de inclusão social, valorização da cultura popular e impulsionador de direitos humanos. Abordar-se-ão, inicialmente, os conceitos de patrimônio, principalmente o cultural, atinente a bens culturais de distintas coletividades que sejam reconhecidos por elas e registrados, como a Capoeira, em 2008, pelo IPHAN e, em 2014, pela UNESCO. Após, abordamse os direitos à cultura e ao patrimônio cultural, previstos na Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988. Ao interseccionar esses direitos ao debate sobre a branquitude e o racismo estrutural, a partir de autoras (es) negras (os), ingresso na temática da memória vinculada à Capoeira. Proponho, então, em face de entrevistas, elementos relevantes para construção de aspectos da memória dessa luta e de suas Rodas. Prossigo ao falar sobre a origem da Capoeira, sua história de repressão e evolução até os dias atuais, destacando alguns de seus elementos constituintes, bem como as referências Mestres Pastinha e Bimba. Após, trato do foco central: Roda do Chafariz. A partir de 18 entrevistas com capoeiristas, concluo que ela é (1) expressão potente de inclusão social pela diversidade e pluralidade do público presente em território negro aberto a todes, gratuito, acolhedor; (2) expressão da valorização da cultura popular por ser referência de Roda de Capoeira Angola aberta de Porto Alegre e do RS, assim como é frequentada e reconhecida por Mestres e Mestras do estado e do Brasil, além de ser construída semanalmente por uma coletividade potente de capoeiristas locais, que, sob a orientação do seu guardião, o Contramestre Jean Sarará, buscam a salvaguardar.

This work aims to understand the meaning of the Roda de Capoeira do Chafariz, held for 20 years, since 2003, in Parque da Redenção, on Sundays, in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil, as an element of inclusion, appreciation of popular culture and promoter of human rights. Initially, the concepts of heritage will be addressed, mainly cultural, related to cultural assets of different collectivities that are recognized and registered by them, such as Capoeira, in 2008, by IPHAN and, in 2014, by UNESCO. Then, the rights to culture and cultural heritage, provided for in the Federal Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988, are discussed. By intersecting these rights to the debate on whiteness and structural racism, from black authors, entry into the theme of memory linked to Capoeira. I propose, then, before interviews, relevant elements for the construction of aspects of the memory of this struggle and its Rodas. I continue to talk about the origin of Capoeira, its history of repression and evolution until the present day, highlighting some of its constituent elements, as well as the references to Mestres Pastinha and Bimba. Afterwards, I deal with the central focus: Roda do Chafariz. From 18 interviews with capoeiristas, I conclude that it is (1) a powerful expression of social inclusion through the diversity and plurality of the public present in black territory open to all, free, welcoming; (2) an expression of the appreciation of popular culture as it is a reference for the Roda de Capoeira Angola open in Porto Alegre and RS, as well as being frequented and recognized by Mestres and Mestras from the state and Brazil, in addition to being built weekly by a powerful community of local capoeiristas, who, under the guidance of their guardian, Contramestre Jean Sarará, seek to safeguard it.