Taquari-RS e os Açorianos: a migração dos Ilhéus no século XVIII e a sua contribuição para o patrimônio cultural local

Abstract

As dificuldades de acesso à propriedade de terras cultiváveis no arquipélago dos Açores e a necessidade de ocupação das terras sulinas da América portuguesa levaram o Império Lusitano a promover o programa migratório no século XVIII. Neste processo, a migração açoriana deixou a sua contribuição étnico-cultural em grande parte do território brasileiro e na formação populacional de vários assentamentos no Rio Grande do Sul, inclusive o de Taquari. É o legado patrimonial da colonização açoriana em Taquari o objeto deste estudo. O patrimônio local não está plenamente identificado e existe necessidade de produzir conhecimento para ações de proteção e gestão patrimonial. Assim, o objetivo do trabalho foi verificar a contribuição da colonização por migrantes açorianos ao patrimônio cultural de Taquari. Para isso, a pesquisa fundamentou-se na seguinte base teórica: Migração e cultura (GOLGHER, 2004; IOTTI, 2001; SEYFERTH, 1986; BOURDIEU, 1997; RIBEIRO, 1995); identidade e território (POLLAK, 1992; RONCAYOLO, 1986; SERPA, 2017; SAQUET, 2007; HAESBAERT, 2011); patrimônio e memória (CHOAY, 2001; PRATS, 2005; CHUVA, 2009; GONÇALVES, 2007; NORA, 1993; LE GOFF, 1990; MOTTA, 2000); e conceitos relacionados. Foi adotada uma abordagem qualitativa com coleta de dados por observação em campo e visita a acervos locais a partir da nova história cultural (BURKE, 2005) e da etnometodologia (GARFINKEL, 1984). Os dados foram organizados em paralelo a coleta. Foram identificados, descritos criticamente e analisados elementos da paisagem cultural, do patrimônio urbano, dos bens culturais móveis e das referências culturais que abrangem o patrimônio imaterial de Taquari. Neste contexto, foram destacadas singularidades que outorgam valores culturais específicos à cidade. Como principais contribuições e perspectivas futuras ficam os subsídios para as políticas cult.

Difficulties in accessing farmland in the Azores archipelago and the need to occupy the southern lands of Portuguese America led the Lusitanian Empire to promote the migratory program in the 18th century. In this process, the Azorean migration left its ethnic-cultural contribution in a large part of the Brazilian territory and in the population formation of several settlements in Rio Grande do Sul, including Taquari. It is the heritage legacy of the Azorean colonization in Taquari that is the object of this study. Local heritage is not fully identified and there is a need to produce knowledge for heritage protection and management actions. Thus, the objective of this work was to verify the contribution of colonization by Azorean migrants to the cultural heritage of Taquari. For this, the research was based on the following theoretical basis: Migration and culture (GOLGHER, 2004; IOTTI, 2001; SEYFERTH, 1986; BOURDIEU, 1997; RIBEIRO, 1995); identity and territory (POLLAK, 1992; RONCAYOLO, 1986; SERPA, 2017; SAQUET, 2007; HAESBAERT, 2011); heritage and memory (CHOAY, 2001; PRATS, 2005; CHUVA, 2009; GONÇALVES, 2007; NORA, 1993; LE GOFF, 1990; MOTTA, 2000); and related concepts. A qualitative approach was adopted with data collection by field observation and visits to local collections based on the new cultural history (BURKE, 2005) and ethnomethodology (GARFINKEL, 1984). Data were organized in parallel to collection. Elements of the cultural landscape, urban heritage, movable cultural assets, and cultural references that comprise the intangible heritage of Taquari were identified, critically described, and analyzed. In this context, singularities that grant specific cultural values to the city were highlighted. As main contributions and future perspectives are the subsidies for cultural policies, especially for the inventory, protection, dissemination, and heritage education programs.