Racializando o pentecostalismo : experiências e vivências raciais/religiosas em duas igrejas nos extremos do Brasil
dc.contributor.advisor | Giumbelli, Emerson Alessandro | pt_BR |
dc.contributor.author | Rocha, Cleiton de Jesus | pt_BR |
dc.date.accessioned | 2021-09-22T04:23:43Z | pt_BR |
dc.date.issued | 2021 | pt_BR |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10183/230015 | pt_BR |
dc.description.abstract | Esta dissertação tem como objetivo responder como a dimensão da raça é materializada na cosmologia pentecostal, como a raça é operacionalizada no pentecostalismo, considerando a justificativa de que o pentecostalismo nas últimas décadas tem sido uma religiosidade pela qual as pessoas negras e brancos pobres têm optado como forma das suas socialidades religiosas. Para a coleta de dados, lancei mão do trabalho de campo e da etnografia, assim como de entrevistas semiestruturadas, das fotografias, das redes sociais e dos sites oficiais. O meu trabalho de campo deu-se na igreja Ministério Internacional aos Pés da Cruz – MIPC, que tem como influência o Ministério Internacional da Restauração – MIR de Rene de Araújo Terra Nova. A MIPC, localiza-se na cidade de Macapá, Amapá, em uma área de ressaca ou ponte no Bairro do Congós. Do mesmo modo, outra etapa do trabalho de campo foi realizada na Church Of God In Christ Igreja de Deus em Cristo – COGIC, que tem sua sede no Rio Grande do Sul, na cidade de Alvorada, que fica na grande região metropolitana de Porto Alegre. Acrescento que a igreja sede da COGIC se encontra nos Estados Unidos, se tem uma estrutura da COGIC em São Paulo do qual a COGIC do sul é subordinada. Parte da literatura sobre o tema da religião e relações étnicas-raciais perpassa o pensar ou considerar a dimensão do racismo dentro das igrejas, assim como a perspectiva do movimento negro de que o pentecostalismo acabaria por “alienar” a pessoa negra da sua negritude. A partir dessas considerações, esta pesquisa busca pensar pelo prisma de como os corpos racializados vivenciam e agenciam suas experiências raciais/religiosas, considerando suas formas criativas de lidar com sistemas de representação contraditórios. Assim, como resultado, é possível afirmar que brancos pobres, através do valor que a brancura tem na instituição das igrejas evangélicas, podem mesmo em contextos de pobreza exercer o poder racial através do monopólio do sagrado a partir dos seus próprios critérios. Também há dentro dessas duas igrejas investigadas uma divisão sexual e racial do trabalho religioso, fazendo com que as pessoas negras acabem por ocupar cargos secundários dentro das igrejas, mais especificamente centralizado nos ministérios de música. Por conseguinte, os corpos racializados dentro do pentecostalismo acabam por criar um campo de tradução racial pentecostal que busca relacionar suas experiências religiosas e raciais. Nesse processo de tradução, acaba por dar autonomia e criatividade aos sujeitos, buscando, de certa forma, contornar o aspecto do pentecostalismo que foi implementado no Brasil no início do século XX que tem a ideologia da supremacia branca e da colonialidade como parte das suas bases cosmológicas. Para evangélicos, o problema do racismo partiria de um desvio moral, de ordem espiritual, e não necessariamente política e histórica; logo, a questão da raça nesse modelo de pentecostalismo não é o problema, o problema é da ordem da salvação – salvar suas vidas e suas almas. A dimensão racial acabou por se materializar dentro das músicas, da divisão racial do trabalho religioso, da estrutura organizacional e da hermenêutica de como o pentecostalismo é traduzido em cada contexto em que é acionado. | pt_BR |
dc.description.abstract | Cette dissertation vise à répondre à la question de savoir comment la dimension de la race est matérialisée dans la cosmologie pentecôtiste, comment la race est opérationnalisée dans le pentecôtisme, en considérant la justification que le pentecôtisme dans les dernières décennies a été une religiosité que les pauvres noirs et blancs ont choisi comme une forme de leurs socialités religieuses. Pour la collecte des données, j'ai utilisé le travail de terrain et l'ethnographie, ainsi que des entretiens semi-structurés, des photographies, des réseaux sociaux et des sites web officiels. Mon travail de terrain a eu lieu dans l'église Ministério Internacional aos Pés da Cruz - MIPC, qui est influencée par le Ministério Internacional da Restauração - MIR de Rene de Araújo Terra Nova. Le MIPC est situé dans la ville de Macapá, Amapá, dans une zone de hangar ou de pont dans le quartier de Congós. De même, une autre étape du travail de terrain a été réalisée à l'Église de Dieu en Christ Church of God in Christ - COGIC, qui a son siège à Rio Grande do Sul, dans la ville d'Alvorada, qui se trouve dans la grande région métropolitaine de Porto Alegre. Une partie de la littérature sur le thème de la religion et des relations raciales et ethniques est imprégnée de la réflexion ou de la prise en compte de la dimension du racisme au sein des églises, ainsi que de la perspective du mouvement noir selon laquelle le pentecôtisme finirait par "aliéner" la personne noire de sa négritude. A partir de ces considérations, j'ai cherché dans cette recherche à passer par le prisme de la manière dont les corps racialisés vivent et agissent sur leurs expériences raciales/religieuses, en considérant leurs manières créatives de faire face à des systèmes de représentation contradictoires. Ainsi, dans les résultats, il est possible d'affirmer que les Blancs pauvres, à travers la valeur que la blancheur a dans l'institution des églises évangéliques, peuvent même dans des contextes de pauvreté exercer un pouvoir racial à travers le monopole du sacré à partir de leurs propres critères. Il existe également au sein de ces deux églises une division sexuelle et raciale du travail religieux, ce qui fait que les noirs finissent par occuper des positions secondaires au sein des églises, plus particulièrement centralisées dans les ministères de la musique. Par conséquent, les corps racialisés au sein du pentecôtisme finissent par créer un champ de traduction racial pentecôtiste qui cherche à mettre en relation leurs expériences religieuses et raciales. Dans ce processus de traduction, il finit par donner de l'autonomie et de la créativité, en cherchant, d'une certaine manière, à contourner l'aspect du pentecôtisme mis en oeuvre au Brésil au début du XXe siècle qui a l'idéologie de la suprématie blanche et de la colonialité comme faisant partie de ses bases cosmologiques. La dimension raciale s'est finalement matérialisée dans les chants, la division raciale du travail religieux, la structure organisationnelle et l'herméneutique de la traduction du pentecôtisme dans chaque contexte où il est mis en oeuvre. Enfin, le problème du racisme partirait chez les évangéliques d'une déviation morale, d'ordre spirituel, et pas nécessairement politique et historique, donc, la question de la race dans ce modèle de pentecôtisme n'est pas le problème, le problème est de l'ordre du salut - sauver leurs vies et leurs âmes. | fr |
dc.description.abstract | This dissertation aims to answer how the dimension of race is materialized in pentecostal cosmology, how race is operationalized in Pentecostalism, considering the justification that Pentecostalism in recent decades has been a religious practice that black people and poor whites have chosen as a form of their religious socialities. For data collection, I used fieldwork and ethnography and semi-structured interviews, photographs, social networks, and official websites. My fieldwork took place at the church Ministério Internacional aos Pés da Cruz – MIPC (At the Foot of the Cross International Ministry), which is influenced by Rene de Araújo Terra Nova’s Ministério Internacional da Restauração - MIR (International Ministry of Restoration). MIPC is based in Macapá, Amapá, in a storm surge or ponte (bridge) area in the neighborhood Bairro do Congós. Likewise, the other stage of the fieldwork was carried out at Church Of God In Christ – COGIC, headquartered in Rio Grande do Sul, in the city of Alvorada, in the metropolitan region of Porto Alegre. Part of the literature on the theme of religion and ethnic-racial relations comprehends thinking or considering the dimension of racism within churches and the black activism perspective that Pentecostalism would eventually “alienate” black people from their blackness. Based on these considerations, in this research, I sought to go through the prism of how racialized bodies undergo and manage their racial/religious experiences, considering their creative ways of dealing with contradictory representation systems. Thus, in results, it is possible to affirm that, through the value of whiteness in the institution of the evangelical churches, poor whites can, even in contexts of poverty, exercise racial power through the monopoly of the sacred based on their own criteria. Within the two analyzed churches, there is also a sexual and racial division of religious labor, causing black people to hold secondary positions within churches, more specifically centralized in music ministries. Consequently, racialized bodies within Pentecostalism create a pentecostal racial translation field that seeks to relate their religious and racial experiences. In this process of translation, it ends up granting autonomy and creativity, seeking, in a way, to bypass the aspect of Pentecostalism implemented in Brazil at the beginning of the twentieth century, that has the ideology of white supremacy and coloniality as part of its cosmological bases. The racial dimension is eventually materialized within the songs, the racial division of religious labor, the organizational structure, and the hermeneutics of how Pentecostalism is translated into each context of practice. Finally, for evangelicals, racism comes from a moral deviation, of a spiritual and not necessarily political and historical order. Therefore, the issue of race in this model of Pentecostalism is not the problem; the problem is of the order of salvation – saving their lives and their souls. | en |
dc.format.mimetype | application/pdf | pt_BR |
dc.language.iso | por | pt_BR |
dc.rights | Open Access | en |
dc.subject | Pentecostalismo | pt_BR |
dc.subject | Le Pentecôtisme | fr |
dc.subject | Negritude | pt_BR |
dc.subject | La Négritude | fr |
dc.subject | Branquitude | pt_BR |
dc.subject | La Bancheur | fr |
dc.subject | Colonialité | fr |
dc.subject | Colonialidade | pt_BR |
dc.subject | Racismo | pt_BR |
dc.subject | Le Racisme | fr |
dc.subject | Antropologia social | pt_BR |
dc.subject | Pentecostalism | en |
dc.subject | Blackness | en |
dc.subject | Pentecostalism | en |
dc.subject | Blackness | en |
dc.subject | Whiteness | en |
dc.subject | Coloniality | en |
dc.subject | Racism | en |
dc.title | Racializando o pentecostalismo : experiências e vivências raciais/religiosas em duas igrejas nos extremos do Brasil | pt_BR |
dc.type | Dissertação | pt_BR |
dc.identifier.nrb | 001130926 | pt_BR |
dc.degree.grantor | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | pt_BR |
dc.degree.department | Instituto de Filosofia e Ciências Humanas | pt_BR |
dc.degree.program | Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social | pt_BR |
dc.degree.local | Porto Alegre, BR-RS | pt_BR |
dc.degree.date | 2021 | pt_BR |
dc.degree.level | mestrado | pt_BR |
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