Planejamento da gestação e ganho de peso gestacional : estudo de coorte maternar

Abstract

Introdução: O ganho de peso gestacional é influenciado por diversos fatores e, quando adequado, impacta positivamente a saúde materna e fetal. O Institute of Medicine, a fim de garantir um bom prognóstico gestacional, recomenda o ganho de peso conforme o IMC pré-gestacional, uma vez que o ganho inadequado está relacionado a eventos adversos. Em contrapartida, o planejamento da gestação, que abrange ações entre o casal para a concepção, permite que a mulher se prepare em tempo oportuno para a gravidez. Objetivo: Investigar a associação do planejamento da gestação com o ganho de peso gestacional. Métodos: Estudo de coorte realizado com puérperas atendidas em hospital terciário de referência da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, entre 2018 e 2019. Avaliou dados sociodemográficos, socioeconômicos, situação conjugal, estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso gestacional total e planejamento da gestação. Para a análise da associação do planejamento da gestação e ganho de peso gestacional total utilizou-se regressão de Poisson robusta, bruta e ajustada. Foram consideradas como possíveis fatores confundidores as variáveis que atingiram p<0,20 na análise bruta e para significância considerou-se p<0,05. Resultados: Avaliou-se 686 puérperas, 445 (64,9%) tinham idade entre 19 e 35 anos e 458 (66,76%) não planejaram a gestação. Houve predomínio de mulheres com sobrepeso e obesidade pré-gestacional (n= 367, 53,5%) e com ganho de peso gestacional inadequado (n= 481, 70,1%). Após análise ajustada para variáveis de confusão (IMC pré-gestacional e paridade), encontrou-se diferença significativa entre o planejamento da gestação e a adequação do ganho de peso gestacional total (RP 1,30; IC95% 1,01 – 1,68). Conclusões: O planejamento da gestação teve impacto positivo sobre o ganho de peso gestacional adequado. Espera-se, portanto, que o estudo possa contribuir no incentivo de novas pesquisas que avaliem a eficácia dos programas de planejamento familiar na atenção básica de saúde.

Introduction: Gestational weight gain is influenced by several factors, and, when appropriate, positively impacts maternal and fetal health. The Institute of Medicine, in order to ensure a good gestational prognosis, recommends weight gain according to pre-gestational BMI, since the inadequate gain is related to adverse events. In contrast, pregnancy planning, which includes actions between the couple for conception, allows women to prepare in time for pregnancy. Objective: To investigate the association between pregnancy planning and gestational weight gain. Methods: Cohort study conducted with mothers attended at a tertiary referral hospital in the city of Porto Alegre, Rio Grande do Sul, between 2018 and 2019. Evaluated sociodemographic, socioeconomic data, marital status, pre-gestational nutritional status, total gestational weight gain, and pregnancy planning. For the analysis of the association between pregnancy planning and total gestational weight gain, robust, crude and adjusted Poisson regression was used. Possible confounding factors were considered as variables that reached p <0.20 in the crude analysis and for significance considered p <0.05. Results: A total of 686 puerperal women were evaluated, 445 (64.9%) were between 19 and 35 years old and 458 (66.76%) did not plan pregnancy. There was a predominance of overweight and pre-gestational obesity women (n = 367, 53.5%) and with inadequate gestational weight gain (n = 481, 70.1%). After adjusted analysis for confounding variables (pre-gestational BMI and parity), a significant difference was found between pregnancy planning and adequacy of total gestational weight gain (PR 1.30; 95% CI 1.01 - 1.68). Conclusions: Pregnancy planning had a positive impact on adequate gestational weight gain. It is hoped, therefore, that the study may contribute to the encouragement of new research that evaluates the effectiveness of family planning programs in primary health care.