Avaliação cognitiva em adultos com TDAH em um estudo de seguimento de oito anos

Abstract

Muitos estudos têm caracterizado o perfil clínico de indivíduos que foram diagnosticados com TDAH na vida adulta; porém, poucos trabalhos longitudinais incluíram variáveis neuropsicológicas. Estudos que possibilitem a identificação de aspectos cognitivos envolvidos na evolução do TDAH podem auxiliar na melhor compreensão da progressão desse transtorno ao longo da vida adulta. Dentro desse contexto, o objetivo desta tese foi avaliar possíveis mudanças no perfil cognitivo de adultos com TDAH ao longo da vida bem como os preditores cognitivos de persistência e remissão do transtorno no contexto de um estudo longitudinal de uma amostra clínica de adultos com TDAH. Os indivíduos foram avaliados no momento em que buscavam avaliação (após estabilização de comorbidades psiquiátricas) e 8,5 anos depois. A bateria de avaliação cognitiva utilizada na linha de base e etapa de seguimento foi composta pelos subtestes Vocabulário e Cubos do WAIS-R, Teste Stroop de Cores e Palavras e o Teste de Classificação de Cartas Wisconsin (WCST). Não foram encontradas associações significativas entre as variáveis avaliadas no baseline referentes aos grupos de TDAH remitente e persistente, sugerindo que o perfil neuropsicológico de pacientes com TDAH não está relacionado à sua posterior possibilidade de remissão. Os resultados dessa tese apontam para um desempenho cognitivo relativamente estável ou de uma melhoria sutil durante a idade adulta média, com um aumento significativo no seguimento dos escores tanto do subteste cubos (t = 3.52; p = 0.001) como também do vocabulário (t = 7.51; p < 0.001) do WAIS-R. Assim, a trajetória cognitiva observada na presente amostra clínica de adultos com TDAH não parece indicar um declínio mais acentuado do que na população geral. Esse dado pode ser uma informação relevante e em certa medida tranquilizadora para os pacientes e seus familiares. É possível que a complexidade e os múltiplos fatores envolvidos no desempenho cognitivo também explique a ausência de associação dos mesmos com a persistência ou remissão do TDAH. A presente Tese com certeza não encerra o debate sobre a trajetória cognitiva dos adultos com TDAH. Mais estudos são necessários para confirmar ou melhor detalhar os resultados aqui apresentados. Faz-se necessário que estudos de base populacional comparem a evolução cognitiva em indivíduos adultos com TDAH tratados com aqueles que não receberam nenhum tipo de intervenção.

Many studies have characterized the clinical profile of individuals who were diagnosed with ADHD in adult life; however, few longitudinal studies included neuropsychological variables. Studies that allow the identification of cognitive aspects involved in the evolution of ADHD may help to better understand the progression of ADHD throughout adult life. Within this context, the aim of this thesis was to evaluate possible changes in the cognitive profile of adults with ADHD throughout their lives in the context of a longitudinal study of a clinical sample. Neuropsychological predictors of persistence and remission of the diagnosis were also evaluated. Adult subjects with ADHD were assessed at the time they sought evaluation (after stabilization of psychiatric comorbidities) and 8.5 years later. The cognitive assessment battery used at the baseline and follow-up stage was composed of the WAIS-R Vocabulary and Block Design subtests, Stroop Color and Word Test and the Wisconsin Card Classification Test (WCST). No significant associations were found between baseline assessments of the remission and persistent ADHD groups, suggesting that the neuropsychological profile of ADHD patients is not related to their posterior possibility of remission.The results of this thesis point to a relatively stable cognitive performance or a subtle improvement during middle adulthood, where both the WAIS-R block design (t = 3.52; p = 0.001) and vocabulary scores (t = 7.51; p < 0.001) increased significantly at the follow-up evaluation. Thus, the cognitive trajectory observed in the present clinical sample of adults with ADHD does not seem to indicate a more pronounced decline than in the general population. This information can be relevant and somewhat reassuring information for patients and their families. It is possible that the complexity and multiple factors involved in cognitive performance also explain the absence of association with the persistence or remission of ADHD. This Thesis certainly does not complete the debate on the cognitive evolution of adults with ADHD. Further studies are needed to confirm or further clarify the results presented here. Population based studies should compare the cognitive trajectories in individuals treated with those who did not receive any type of intervention.