O efeito da modulação da microbiota intestinal em casos de epilepsia : uma revisão bibliográfica

Abstract

A epilepsia é um dos distúrbios neurológicos mais comuns do mundo. Mesmo com uma ampla oferta de medicamentos disponíveis no mercado, aproximadamente 30% dos afetados não são beneficiados pelo tratamento farmacológico. Em animais, abordagens não-farmacológicas estão sendo testadas para reforçar o tratamento farmacológico e a dieta cetogênica. Neste trabalho de revisão, abordou-se o funcionamento do eixo intestino-cérebro e da sua modulação em casos de epilepsia. Através do que se sabe sobre a comunicação entre estas estruturas, o principal objetivo de alguns tratamentos é modular a microbiota intestinal de maneira a favorecer espécies bacterianas relacionadas à microbiota saudável. Estudos demonstram que a modulação da microbiota confere efeitos neuroprotetores quando associada à dieta cetogênica através do aumento dos gêneros bacterianos Firmicutes, Bacteroidetes e Bifidobacterium, do aumento do metabolismo do triptofano pela via da quinurenina, modulação de GABA e inibição de citocinas pró-inflamatórias. Além disso, foram abordadas e discutidas diferentes alternativas para serem incorporadas ao tratamento da epilepsia como: uso de antibióticos, suplementação com probióticos, transplante de microbiota fecal, entre outros. Concluímos então, que apesar de animadores, ainda são necessários novos estudos para melhor elucidar como a modulação da microbiota pode ser utilizada como ferramenta terapêutica na epilepsia.

Epilepsy is one of the most common neurological disorders in the world. Even with a wide range of drugs available on the market, approximately 30% of those affected do not benefit from pharmacological treatment. In animals, non-pharmacological approaches are being tested to reinforce pharmacological treatment and the ketogenic diet. In this review, the functioning of the gut-brain axis and its modulation in cases of epilepsy were addressed. Based on what is known about the communication between these structures, the main objective of some treatments is to modulate the intestinal microbiota in order to favor bacterial species related to the healthy microbiota. Studies show that modulation of the microbiota confers neuroprotective effects when associated with the ketogenic diet through the increase of the bacterial genera Firmicutes, Bacteroidetes and Bifidobacterium, the increase of tryptophan metabolism through the kynurenine pathway, GABA modulation and inhibition of pro-inflammatory cytokines. In addition, different alternatives to be incorporated into the treatment of epilepsy were approached and discussed, such as: use of antibiotics, supplementation with probiotics, fecal microbiota transplantation, among others. We therefore conclude that, despite being encouraging, further studies are still needed to better elucidate how microbiota modulation can be used as a therapeutic tool in epilepsy.