Os custos do câncer de fígado no período 2012-2022 pela perspectiva do Sistema Único de Saúde Brasileiro

Abstract

O câncer de fígado se tornou um desafio significativo para a saúde pública em âmbito global, com aumento nas taxas de incidência e mortalidade mesmo em países onde a doença era considerada de um baixo risco anteriormente. Este estudo tem como objetivo estimar os custos econômicos associados ao câncer de fígado no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro no período de 2012 a 2022, explorando tanto os custos médicos diretos, que incluem hospitalizações e procedimentos, quanto os custos indiretos resultantes de mortalidade prematura. O estudo adota uma metodologia top-down, usando dados públicos do DATASUS e da Agência Nacional de Saúde Suplementar, complementados por estatísticas demográficas e econômicas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os custos diretos foram estimados usando dados de reembolso do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), que cobre gastos com hospitalizações e transplantes de fígado. Os custos indiretos, representando perdas de produtividade devido à mortalidade prematura, foram calculados usando o método do capital humano, que iguala os custos indiretos aos fluxos de renda futura descontados a valor presente. Os resultados indicam que o câncer de fígado impõe uma elevada carga ao SUS, com custos totais excedendo R$ 600 milhões por ano no período abordado. O estudo também concluiu que os custos indiretos constituem a maior parcela desses custos, totalizando quase R$ 400 milhões, o que deve-se principalmente devido às altas taxas de mortalidade associadas à doença. Ao mapear o impacto econômico gerado pela doença, esta pesquisa fornece uma base crítica para futuras pesquisas e tomadas de decisão, ressaltando a importância de entender os impactos econômicos do câncer de fígado para desenvolver estratégias eficazes de prevenção, otimizar a alocação de recursos e orientar a política de saúde pública, além de servir como incentivo para o desenvolvimento de futuras análises farmacoeconômicas e pesquisas sobre a dinâmica de custo-benefício dos tratamentos para o câncer de fígado no Brasil.

Liver cancer has become a significant public health challenge worldwide, with increasing incidence and mortality rates, even in countries where the disease was previously considered low-risk. This study aims to estimate the economic costs associated with liver cancer in Brazil's Unified Health System (SUS) over the 2012–2022 period, exploring both direct medical costs, such as hospitalizations and procedures, and indirect costs resulting from premature mortality. The study adopts a top-down methodology, using publicly available data from DATASUS and the National Supplementary Health Agency, complemented by demographic and economic statistics from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). Direct costs were estimated using reimbursement data from the Hospital Information System (SIH), which covers expenditures on hospitalizations and liver transplants. Indirect costs, representing productivity losses due to premature mortality, were calculated using the human capital method, which estimates these losses by discounting future income to present value. The results indicate that liver cancer imposes a high burden on the SUS, with total costs exceeding R$600 million per year in the covered period. The study also concluded that indirect costs account for the largest share of these costs, totalizing almost R$400 million, which is mainly due to the high mortality rates associated with the disease. By mapping the economic impact generated by the disease, this research provides a basic critique for future research and decision-making, highlighting the importance of understanding the economic impacts of liver cancer to develop prevention strategies, improve resource allocation and guide public health policy, in addition to serving as an incentive for the development of future pharmacoeconomic analyses and research on the cost-benefit dynamics of liver cancer treatments in Brazil.