Enunciando paradoxos no cuidado : uma reflexão acerca do contexto laboral hospitalar

Abstract

Esta monografia aborda os paradoxos no cuidado no contexto laboral hospitalar, a partir de uma perspectiva crítica e cartográfica. Assim, discute sobre os efeitos acerca de diferentes narrativas político-afetivas presentes no ambiente hospitalar. No primeiro capítulo, propôs uma análise dos processos de subjetivação e das políticas culturais dos afetos que atravessam os profissionais da saúde. Desenvolve críticas sobre o “mito do super-herói do profissional da saúde” e a dinâmica de excelência e de alta produtividade vivenciados no ambiente laboral hospitalar. Com isso, problematiza como esses ideais produzem efeitos de normalização, disciplinamento, culpabilização e sofrimento nos trabalhadores. No segundo capítulo, relaciona a dimensão do erro e sua relação com o poder, com a identidade, a coletividade e com a experiência do pertencimento a partir de uma leitura do campo afetivo-narrativo presente no hospital. No terceiro capítulo, discorre sobre a potência do grupo-dispositivo como ferramenta de intervenção coletiva que busca tensionar e transformar as práticas cotidianas de trabalho. Também foram apresentadas algumas propostas teórico-metodológicas para tensionar e criar outras formas de relação, de pertencimento e de intervenção nesse campo, como os conceitos de Poética da Relação de Glissant, a Ética do Cuidado de Puig de la Bellacasa, a ideia de equívoco de alguns povos originários e experiência brincante de Noguera. Por fim, foi proposta a realização de oficinas temáticas com os trabalhadores, como aposta metodológica de criação de cuidado e de inter-relações extensivas baseadas na diversidade, na pluralidade e na humanização no ambiente laboral hospitalar.

This paper addresses the paradoxes of care in the hospital labor context from a critical and cartographic perspective. Thus, it discusses the effects of different political-affective narratives present in the hospital environment. In the first chapter, it proposes an analysis of the processes of subjectivation and the cultural politics of affects that cross healthcare professionals. It develops criticisms of the "myth of the superhero healthcare professional" and the dynamics of excellence and high productivity experienced in the hospital labor context. With this, it problematizes how these ideals produce effects of normalization, discipline, blame, and suffering in workers. In the second chapter, it relates the dimension of error and its relationship with power, identity, collectivity, and the experience of belonging from a reading of the affective-narrative field present in the hospital. In the third chapter, it discusses the power of the group-device as a tool for collective intervention that seeks to tension and transform everyday work practices. Some theoretical-methodological proposals were also presented to tension and create other forms of relationship, belonging, and intervention in this field, such as the concepts of Glissant's Poetics of Relation, Puig de la Bellacasa's Ethics of Care, the idea of equivocation of some indigenous peoples, and Noguera's playful experience. Finally, it was proposed to hold thematic workshops with workers, as a methodological bet on the creation of care and extensive interrelationships based on diversity, plurality, and humanization in the hospital labor context.