Fauna oculta : trematódeos digenéticos de quirópteros da Amazônia Central

Abstract

O parasitismo é responsável por mediar diversos processos ecológicos em um ecossistema, visto que interferem nas populações de seus hospedeiros atuando como pressão seletiva sobre os mesmos. A ordem Chiroptera constitui um dos grupos de mamíferos mais diversos, compreendendo cerca de 22% das espécies de mamíferos conhecidos. No Brasil, a Amazônia concentra a maior riqueza de morcegos, com 146 espécies registradas. Nos últimos anos, alguns estudos se propuseram a analisar a helmintofauna de morcegos no Brasil, e apenas dois foram realizados no bioma amazônico. No entanto, poucas espécies de quirópteros foram avaliadas e praticamente não há informações sobre os ciclos de vida destes parasitos. Diante desta situação, este trabalho teve como objetivo identificar os trematódeos digenéticos em morcegos da Amazônia Central, avaliando os parâmetros ecológicos de infecção e comparando com a literatura publicada. Foram necropsiados 83 quirópteros das famílias Phyllostomidae, Emballonuridae e Vespertilionidae de diferentes hábitos alimentares e classificadas em cinco guildas alimentares . Os digenéticos coletados foram processados seguindo técnicas helmintológicas, quantificados e identificados. No total, 18,07% (15/83) dos quirópteros estavam parasitados por trematódeos digenéticos representados pelas espécies Anenterotrema liliputianum, Anenterotrema megacetabulum, Metadelphis sp.1, Metadelphis sp.2, Nudacotyle novicia, Parabascus limatulus e Urotrema scabridum. Anenterotrema megacetabulum apresentou os maiores valores dos parâmetros ecológicos, registrando 100% de prevalência, 705,5 de intensidade e abundância média e amplitude de até 1102 espécimes. Todas as guildas apresentaram no mínimo uma espécie de helminto. Em comparação com a literatura publicada, este trabalho apresentou a maior riqueza de digenéticos de morcegos do bioma amazônico.